segunda-feira, 10 de março de 2014

CORRER ATRÁS DE UM FUTURO QUE NÃO MORA AQUI

(Público, 10/03/14)
Na verdade a emigração parece estar a constituir-se como via quase exclusiva para aceder a um futuro onde caiba um projecto de vida positivo e viável, algo que por cá não é fácil vislumbrar.
Aliás, alguns inquéritos junto de estudantes universitários mostram como muitos admitem emigrar em busca de melhores condições de realização pessoal e profissional apesar de muitos afirmarem que pretendem voltar.
Somos um país de emigrantes de há séculos pelo que este movimento de partida, só por si, não será de estranhar. No entanto, creio que é preocupante constatarmos que durante muitos anos a emigração se realizava na busca de melhores condições de vida, a agora a emigração realiza-se à procura da própria vida, muita gente, sobretudo jovens não tem condições de vida, tem nada e parte à procura, não de melhor, mas de qualquer coisa. Este vazio que aqui se sente é angustiante, sobretudo para quem está começar, se sente qualificado e com o desejo de construção de um projecto de vida viável e bem sucedido.
De todo este cenário, resulta o retrato de um país pobre, envelhecido, onde poucos querem fazer nascer crianças, donde muitas pessoas, sobretudo jovens, partem, fogem, à procura de uma vida que aqui lhes parece inacessível.
E o futuro? O futuro não mora aqui.

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