quinta-feira, 19 de setembro de 2013

EMPOBRECIMENTO, O CAMINHO PARA A SALVAÇÃO

Segundo a OCDE, os custos do trabalho em Portugal continuaram a baixar entre Abril e Junho, o que confirma dados conhecidos no início do mês da consultora Mercer que registavam que os salários médios em Portugal baixaram pelo segundo ano consecutivo.
Conjugando esta informação com dados INE, vai ficando claro o trajecto de proletarização e empobrecimento que as políticas em curso e em perspectiva impõem à economia e ao mercado de trabalho.
Em Portugal, cerca de 690 000 pessoas, 15% da população empregada, trabalham 48 horas ou mais por semana, o critério internacional para "trabalho excessivo". Este número tem vindo a aumentar mas, provavelmente para compensar, o salário médio líquido da economia tem vindo a baixar o que é coerente com o empobrecimento e proletarização desejados, mais trabalho e menos salário. Veja-se a decisão de aumentar a carga horária dos funcionários da administração pública e o processo em curso de despedimento mascarado.
Acresce a esta situação o elevadíssimo nível de desemprego, sobretudo desemprego jovem de longa duração sendo que também deve ser considerado impacto da altíssima carga fiscal nos rendimentos familiares finais.
De notar ainda que desde o início da intervenção da Troika que nos governa o emprego apenas cresceu no patamar com salários até 310 €, um assombro.
É difícil de entender a persistência numa estratégia de empobrecimento como salvação para as dificuldades num país em que perto de três milhões de pessoas, quase um terço da população está risco de pobreza. Este é o resultado de uma persistência cega e surda no “custe o que custar", no cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e dos objectivos de uma política "over troika", atingindo claramente o limite do suportável e afectando gravemente as condições de vida de milhões. Estamos a falar de pessoas, não de políticas, ou melhor estamos a falar do efeito das políticas na vida das pessoas. E estamos no “bom caminho”?
Ter como preocupação quase exclusiva o abaixamento dos custos do trabalho através do aumento da carga horária e do abaixamento de salários não parece ser a forma mais eficaz de combater o desemprego, promover desenvolvimento e criação de riqueza.
Parece razoavelmente claro que a proletarização da economia não poderá ser a base para o desenvolvimento económico, mas sim o investimento e a disponibilização de crédito a custos razoáveis, sobretudo para as pequenas e médias empresas que de forma mais ágil criam emprego e emprego qualificado que não pode ter a indignidade dos salários que conhecemos.
O que precisamos é de coragem e visão sem subserviência ao ditado dos mercados e dos seus agentes para definir modelos económicos, sociais e políticos destinados a pessoas e não a mercados ou a grupos minoritários de interesses.

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