terça-feira, 25 de dezembro de 2012

UM CONTO DE NATAL PEQUENINO E UM BOCADO SEM JEITO, POR ASSIM DIZER

De acordo com a tradição naquela família, ao fim da noite de Natal chegava o momento mais aguardado, a abertura dos presentes que estavam empilhados em grande número ao pé da árvore de Natal.
Como também era habitual e devido à impaciência da espera, os mais novos eram sempre os primeiros.
Assim, o Francisco, com a autoridade dos seus oito anos, começou ansiosamente a desembrulhar os muitos presentes que lhe estavam destinados. A cada um a euforia aumentava. Ficou delirante com o telemóvel e a consola nova que os pais lhe ofereceram e não fosse a vontade de conhecer o resto das prendas, já não largaria os novos companheiros o resto da noite.
Recebeu ainda um portátil mais pequeno e mais recente do que já tinha, uma série de videojogos já adaptados à nova consola e uns fones de última geração.
O Francisco estava verdadeiramente nas nuvens ou, por assim dizer, completamente submerso pelo espírito natalício.
Por fim, apenas restava por abrir o presente do Avô Velho, um embrulho pequeno e discreto. O Francisco, com a agitação ao alto, abriu-o e mostrou um caderninho de capa dura e bege que tinha escrito na capa com a letra certinha e redonda do Avô Velho "As minhas histórias". O Francisco deitou-lhe um olhar rápido e pousou-o num canto onde ficou o resto da noite.
Quando toda a gente se foi deitar o Avô Velho ficou mais um pouco na sala, releu duas ou três das suas histórias e percebeu que já não era deste mundo.
Devagarinho, para não acordar ninguém, enfiou-se pela chaminé e partiu.

1 comentário:

as profs disse...

Excelente! Fez-me lembrar uma conversa ouvida no Media Markt. Um papá reclamava indignado porque o seu menino tinha ficado com o Natal estragado porque o CD para a consola não funcionava. Que desconsolo!