sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

VAIS APRENDER NA TUA PRÓPRIA PELE

Acho que hoje foi o primeiro dia verdadeiramente frio deste Inverno. O hábito e o feriado levaram-me a um corrida matinal pelo Parque da Paz, espaço enorme aqui na minha zona, cuidado e arborizado, onde se passa um bom bocado, mas no caso de hoje com um frio que mesmo a correr estava bravo.
No fim da corrida fiquei a realizar uns alongamentos numa zona onde evoluía um grupo curioso, dois adultos, uns quatro ou cinco adolescentes, rapazes e raparigas e dois gaiatos mais pequenos, sete ou oito anos. O grupo mais novo estava completamente equipado à ciclista, mas a sério, com equipamento completo e os dois adultos, fui percebendo pelas conversas que não podia deixar de ouvir, eram pais de dois dos ciclistas. Os adultos assumiam o papel que muitos pais em Portugal gostam de desempenhar, o de treinadores, qualquer que seja a modalidade. Davam instruções, propunham exercícios, espalhavam pinos, tiravam tempo, etc.
A certa altura, bem perto do sítio onde acabava o meu treino matinal, um dos miúdos mais pequenos interrompeu a viagem na bicicleta e a chorar diz para o "treinador-pai", "Pai, tenho as mãos geladas" e mostrava as mãozitas equipadas com aquelas luvas de ciclista sem dedos.
O "treinador-pai" ciente das dificuldades e sacrifícios que a construção de um atleta implicam, respondeu qualquer coisa como, "Eu avisei-te, disse-te para trazeres as outras luvas, mas tu és teimoso, agora vais aprender na tua própria pele, tens que aguentar". E o gaiato voltou aos pedais.
Eu que ainda mantinha as minhas luvas calçadas bem que percebia o frio que o miúdo sentiria com as mãos imóveis no guiador da bicicleta, mas o "treinador-pai" deu a receita, é preciso sofrer para progredir e aprender a não ser teimoso.
Gostei particularmente do realismo da expressão "vais aprender na tua própria pele". É com esta capacidade de sacrifício que se constroem os grandes atletas que na verdade, muitos dos miúdos acabam por ser face aos obstáculos e provas de várias modalidades que a vida e, por vezes, os adultos, lhes vão colocando.
Aguenta-te rapaz, vais aprender na tua própria pele e nada de chorares.

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