terça-feira, 25 de janeiro de 2011

COM A IDADE PASSA, ÀS VEZES NÃO

O Público de hoje faz uma referência a mais um estudo que procura identificar preditores do desenvolvimento ou funcionamento das pessoas. Estes estudos, sendo importantes, induzem, por vezes o estabelecimento apressado nas comunidades de relações de causa efeito impossíveis de sustentar.
Neste caso , a investigação vem estabelecer a tendência de que crianças, entre os três e cinco anos, que mostram dificuldades de autocontrolo venham a ser adolescentes e adultos com problemas de saúde, como pressão arterial elevada, obesidade, problemas de respiração ou doenças sexualmente transmitidas. Mostrarão também mais tendência para os consumos, tabaco, álcool e drogas, assumirão mais facilmente a situação de pais solteiros, mais dificuldade em gerir dinheiro e mais provavelmente terão um registo criminal aos 32 anos.
Do meu ponto de vista a divulgação deste tipo de estudos deve obedecer a algumas cautelas e merecer discussão porque, como dizia, não é possível estabelecer relações de causa efeito. Importa também não esquecer que as crianças passam por um trajecto de desenvolvimento e processo educativo que, obviamente, contribuirão fortemente para aquilo que no futuro possam vir a mostrar, ou seja, é possível, contrariar a "tendência" que o estudo estabelece.
Quando o estudo se refere ao auto-controlo dos miúdos pequenos e não considerando casos de natureza clínica temos, sobretudo, questões ligadas aos estilos educativos e à sua qualidade. Assim sendo, se conseguirmos estar atentos e providenciar apoio, orientação e trabalho educativo adequados os miúdos não estarão condenados a ser jovens e adultos problemáticos.
Finalmente, este tipo de estudos têm a vantagem de sublinhar a necessidade de estar atentos desde sempre aos comportamentos do miúdos e não adoptar a atitude "facilista" de que "é pequeno", "com a idade passa". Às vezes não.

Sem comentários: