quinta-feira, 23 de setembro de 2010

AS ESPECIAIS DIFICULDADES DAS NECESSIDADES ESPECIAIS

O Público de hoje faz-se eco das preocupações da Fenprof com o facto de em várias escolas não estar a ser cumprida a determinação legal de que nenhuma turma pode ter integrados mais de dois alunos com necessidades educativas especiais e de que essas turmas não podem ter um efectivo superior a 20.
Tal situação é de há muito recorrente no nosso sistema educativo e foi formalmente agravada pois com a aplicação no insustentável Decreto-Lei 3 de 2008 relativo à Educação Especial, verificou-se um trágico afunilamento dos alunos identificados como tendo necessidades especiais e elegíveis para apoios no âmbito do ensino especial. Em consequência, muitos alunos, apesar de experimentarem reconhecidas dificuldades e necessidades de apoio, acabam, frequentemente, por ficar sem o apoio necessário e adequado.
Este cenário leva a que na prática muitas turmas tenham na sua constituição vários alunos com dificuldades identificadas mas como nem todas são "contabilizadas", apenas as elegíveis, acabam por receber mais alunos excedendo os 20 definidos por lei. Acresce a esta situação a falta, também reconhecida, de professores e técnicos (hoje a imprensa faz-se eco de que ainda não foram colocados muitos dos psicólogos que estavam nas escolas no ano lectivo passado) com formação e disponibilidade para providenciarem os apoios considerados adequados ao bem-estar educativo dos miúdos com mais dificuldades.
Lamentavelmente já não me surpreendo com a situação, entristece-me e revolta-me a ligeireza e negligência com que estes miúdos são tratados por quem gere o sistema e passa o tempo a promover uma retórica demagógica e enganosa sobre sucesso, qualidade e desenvolvimento educativo para todos.

4 comentários:

Dulce Bregas disse...

Olá!
Na turma do meu filho da pré-escolar há 20 alunos,isto porque para além dele com diagnóstico de autismo há uma criança com uma doença crónica.MAS pelo meio há também um menino com quase 7 anos com um atraso,sem diagnóstico,e entrou agora outro hiperactivo sem diagnóstico também...pois se o tivesse a Educadora recusaria mais uma criança com NEE.
São 4 adultas,estando sempre presentes 3 enquanto a outra almoça.Não é perfeito,mas eu já acho bom...pelo que se vê por aí!
Beijinhos.

maria disse...

A situação é cada vez mais complicada,até porque cada dia aparecem mais casos de NEE.Mas a chamada escola inclusa não me parece que tenha de incluir currículos iguais para esses meninos. Nem que permaneçam na turma em todas as disciplinas,como por exemplo matemática. Sei que isto é politicamente incorrecto, mas é o que penso. Em certas aulas os alunos em questão deveriam ter outras formas de estimulação. É irrealista julgar que enquanto os outros aprendem a resolver equações, esses meninos podem estar a contar bolinhas de plástico.É desperdiçar o tempo deles,quando podiam aprender coisas mais úteis para a aquisição de autonomia. E quanto à ideia das psicólogas nas salas de aula, bem...

maria disse...

E depois, permito-me duvidar de certos diagnósticos, como por exemplo o do hiperactivo. Certos meninos são mimados,egocêntricos e mal educados. depois aparecem com o rótulo de hiperactivo e pais e professores vão mantendo a permissividade que os vai tornar ainda mais insuportáveis e com maiores dificuldades em viver em sociedade.

Zé Morgado disse...

Cara Maria,
Todos, ao mesmo tempo, a fazer a mesma coisa, da mesma maneira, durante o mesmo tempo, com a mesma atitude, com a mesma capacidade, com a mesma competência, isto existe numa sala de aula?
Psicólogas na sala de aula???!!! É espaço de alunos e professores.
Leia sff um post antigo sobre os "dismiúdos" a propósito dos diagnósticos. Apareça sempre