segunda-feira, 6 de setembro de 2010

QUANTO CUSTA EDUCAR UM FILHO?

A Pública, a revista do Público, deste Domingo apresentava-se como um "Especial regresso à escola" e a capa colocava exactamente a questão que titula este texto, "Quanto custa educar um filho?"
A revista apresentou alguns trabalhos interessantes, de diferentes autores, sobre a questão da escola, da educação e sobre esta particular etapa do início do ano lectivo.
Um dos trabalhos que me pareceu mais pertinente abordou uma questão a que sou particularmente sensível, os custos de uma escolaridade que a constituição estabelece como tendencialmente gratuita. Foram abordados casos de diferentes famílias que testemunharam a dificuldade de suportarem os encargos com a vida escolar dos filhos e os verdadeiros jogos de equilíbrio a que se vêem obrigadas.
Mais à frente na revista surge a habitual secção de moda, também informada pelo tema miúdos e adolescentes. Por curiosidade, comecei a prestar atenção às nove páginas com miúdos e adolescentes vestidos à "moda" ou, como afirmava a revista, "Eles sabem o que querem vestir". Da atenção passei à perplexidade que me fez fazer contas, apenas para as duas primeiras páginas, para amostra. Eis o resultado global por "modelo", a Rita usava 139.8 €, a Matilde vestiu-se por 294, o Mário por 222.9, o Ricardo por 503, o Nuno por 240, a Ana por 789 (sem os sapatos cujo preço é sob consulta) e a Laura usava 225.35 €. Os restantes modelos eram, não fiz mais contas, dentro dos mesmos valores. Deve acrescentar-se que as roupas mostradas têm um ar muito informal, ou seja, são roupas do quotidiano.
Gostava de vos dizer com alguma clareza o que me deixou desconfortável mas nem para mim é claro. A revista dedica a capa e um dos trabalhos centrais do "Especial regresso à escola" às dificuldades das famílias para garantirem a escolaridade dos filhos e inclui uma secção de moda para crianças e adolescentes que "sabem o que querem vestir" em que alguns carregam centenas de euros em roupa informal. Há qualquer coisa que não bate certo.
Acho que sou eu. Estou a ficar um velho rezingão.

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