terça-feira, 28 de setembro de 2010

EQUIDADE E OPORTUNIDADES, NOVAS E VELHAS

No seu estilo materno-voluntarista a Ministra Isabel Alçada vem tapar o Sol com a peneira. As pessoas que conhecem minimamente o desenvolvimento do Programa Novas Oportunidades nos últimos anos sabem que, apesar do empenho e esforço da maioria dos técnicos dos Centros Novas Oportunidades, a pressão para a certificação não permite afirmar, como a senhora Ministra faz, que à certificação, por exemplo no que respeita ao 12º, correspondem qualificações do mesmo nível. Esta questão mais do que conhecida e reconhecida, ganhou dimensão com entrada na Universidade de um jovem com 20 em apenas um exame, sendo que cerca de 530 entraram no superior através do mesmo processo.
Às questões levantadas por esta situação, o Comissário Capucha, presidente da Agência Nacional para a Qualificação, responsável pelas Novas Oportunidades, consegue até afirmar, no Público, que não pode acontecer que “as portas [do ensino superior] se voltem a fechar por culpa de uma certa ortodoxia”, e critica os “puristas” que querem o ensino superior só para alguns, ou seja, diz o senhor, “Se há coisa mais pura é o puro (!!) preconceito elitista, obsoleto e até ineficiente do que é o ensino superior”. O Comissário Capucha, se fosse competente e sério intelectualmente, saberia muito bem que a questão não é esta. As portas do superior devem estar abertas a percurso diferenciados, e estão, por exemplo, abertas aos alunos com mais de 23 anos com trajectos de vida diferentes. A questão não tem nada a ver com elitismo ou preconceito, tem a ver com qualificação e equidade.
E o que está em discussão queira a Senhora Ministra ou não, queira o Comissário Capucha ou não, é a qualificação que as pessoas possuem e se a certificação que exibem corresponde, de facto, a qualificação. Num outro plano deve também ser considerada a questão da equidade de oportunidades o que, lamento, não tem a ver com igualdade de percursos que podem, e devem ser diferentes.

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