quarta-feira, 9 de junho de 2010

A MENINA COM TRÊS FAMÍLIAS

E pronto, o Tribunal decidiu. Ao fim de vários anos de disputa, a “pequena Esmeralda”, também conhecida pela “menina de Torres Novas” ficou a saber que tem várias famílias, é bonito, tantas crianças sem nenhuma e esta terá três, o pai Baltazar Nunes, também conhecido por “pai biológico”, a mãe Aidida Porto, também conhecida por “mãe biológica” e o casal Luís Gomes e Adelina Lagarto, também conhecido como “os pais afectivos”.
Chama-se então a isto a regulação do poder paternal. Não tenho nenhuma certeza, antes pelo contrário, se se poderá considerar regulação do interesse “criançal” embora, como é frequente, tudo seja decidido em nome do “supremo interesse da criança”, seja lá isso que for.
Este processo arrastou-se anos e não sabemos que consequências poderá ter tido para a pequena Esmeralda. No entanto, seria absolutamente imprescindível que processos desta natureza fossem céleres de forma a produzir o mínimo de alterações nas circunstâncias de vida dos miúdos.
Este processo também me pareceu paradigmático sobre a forma como boa parte da comunicação social trata este tipo de questões, ou seja, dirigida para a faceta ou facetas que mais “vendem” e menos para a forma como a matéria se pode tratar acautelando os interesses e bem-estar da criança. Lembro-me, por exemplo, de jornalistas a correrem atrás do carro ou das pessoas que transportavam a menina nas suas imensas deambulações processuais.
Também me parece de referir a facilidade excessiva com que imensos especialistas, não especialistas e outros opinadores tomaram partido e defendiam decisões como se tudo se resumisse a uma “simples” matéria de opinião.
Pode ser que a miúda passe a ter uma vida mais tranquila ainda que “espalhada” por três famílias. E que nós tenhamos aprendido alguma coisa.

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