domingo, 6 de junho de 2010

O PODER DA PARTIDOCRACIA

Fernando Nobre afirma desde que assumiu a candidatura presidencial, que a sua marca distintiva dos outros candidatos é o não fazer parte do sistema, entenda-se da partidocracia instalada no país nas últimas décadas. Do ponto de vista formal assim é, mas em termos pragmáticos esta circunstância que o Dr. Fernando Nobre e muita gente, eu por exemplo, vêem como uma potencial vantagem será, não temos grandes dúvidas, o seu maior obstáculo.
O sistema político de que fala Fernando Nobre alimenta-se e sobrevive impedindo, legal e informalmente, a emergência de intervenção cívica significativa fora da tutela dos aparelhos partidários, veja-se o sobressalto causado pela candidatura de Manuel Alegre nas últimas eleições e como agora já está devidamente enquadrado pelos aparelhos partidários, para já do PS e do BE e, caso participe na segunda volta, contará ainda com o PC.
Não quer isto dizer que não veja sentido e potencial político na candidatura de Fernando Nobre que, enquanto presidente da AMI é, seguramente, uma das figuras mais estimadas e apreciadas pelos portugueses que o conhecem, mas que enquanto cidadão candidato à presidência levanta uma nuvem significativa de anticorpos. Pelo contrário, creio que esta candidatura pode, sobretudo considerando a fase difícil que atravessamos, contribuir decisivamente para que se possam abanar os pilares da partidocracia, para que os cidadãos cansados duma luta política que coloca os interesses partidários acima do bem comum possam afirmar uma vontade e um empenho de mudança que, a desencadear-se, já dará sentido, um enorme sentido à candidatura de Fernando Nobre.
Quanto à cadeira presidencial do Palácio de Belém, meu caro Fernando Nobre, ela não está ao seu alcance.

2 comentários:

Manuel Vilar de Macedo disse...

Enquanto houver muita gente a pensar da mesma maneira que você, Portugal nunca mudará. Foi para contrariar esse fatalismo, essa passividade acomodada, que Fernando Nobre se candidatou. Você devia era fazer como eu: ir para a rua recolher assinaturas e contribuir para a candidatura. É possível que Fernando Nobre não ganhe as eleições - mas por que não tentar? Estaremos condenados a escolher eternamente entre dois males e a perpetuar a partidocracia?
Lembre-se do que diziam de Obama, que era impossível um negro chegar a presidente dos USA!...

Zé Morgado disse...

Meu caro MVM,
Eu não disse o que andava, ou não, a fazer em prole da candidatura de Fernando Nobre. Apenas referi que o poder da partidocracia, como lhe chamei, não permitirá que Fernando Nobre chegue Belém e como também terá tido oportunidade de ler, referi que só a sua candidatura é um passo no sentido certo.
Um dia destes até somos capazes de nos cruzarmos.