terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

DEVAGAR, DEVAGARINHO

Devagar, devagarinho, fomos atingindo a normalidade democrática, a maturidade cívica do povo português, a robustez da nossa democracia, etc. Estas são algumas das expressões que os aparelhos dos partidos debitam sempre que há eleições, nas quais, como é hábito em Portugal, ganham todos.
A partir de agora está certificada toda esta apreciação. Pela primeira vez desde 1974 foi condenado um cidadão, João Serpa de sua graça, por manifestação ilegal. O episódio, a manifestação de alguns trabalhadores da Pereira da Costa decorreu de forma espontânea e comprovadamente sem incidentes. Acresce que a manifestação tinha a ver com a tragédia dos salários atrasados e não com o escândalo dos salários adiantados como na situação do Dr. Teixeira Pinto ex-BCP. Parece ainda importante referir que alguns especialistas, caso do Professor Jorge Miranda, contestam a constitucionalidade da lei. Pois o cidadão, de acordo com a imprensa, foi a julgamento sem notificação do processo que corria e, como tal, teve defensor oficioso com a eficácia reconhecida nestes casos. O homem foi condenado a 75 dias de prisão. Fez-se assim justiça. A propósito de justiça, foi arquivado o processo de agressão física violenta a um vereador, Ricardo Bexiga, apesar de haver quem confessasse a autoria moral do crime e encomenda do trabalho aos agressores, também identificados. Bom, a democracia também não é perfeita e não se pode ter tudo de uma vez. Como diz o bastonário dos advogados, a justiça enquanto não consegue ser também forte com os fortes, vai sendo forte com os fracos.

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