domingo, 1 de abril de 2012

QUANDO INTEGRAR RIMA COM MALTRATAR

A realidade encarrega-se de recolocar na agenda algumas questões que merecem, sempre, alguma reflexão. Desta vez foi em Coimbra. Ao que se noticia no Público duas alunas caloiras foram agredidas no âmbito das actividades de praxe. A gravidade das agressões realizadas pelos "doutores", terá justificado tratamento hospitalar. As actividades de praxe estão suspensas por decisão do Conselho de Veteranos da Universidade e o processo está em averiguação.
Algumas notas requentadas sobre esta matéria. Não sei se em resultado de alguns episódios lamentáveis, até com consequências graves do ponto de vista físico o que levou alguns estabelecimentos a "desencorajar" ou mesmo proibir as praxes, se em resultado das escolhas dos próprios estudantes ou em resultado dos esforços do MATA (Movimento Anti-Tradição Académica), creio que as “actividades” de praxe estarão, de uma forma geral, a ficar mais brandas do que era habitual, apesar de episódios mais complicados como o que hoje se noticia.
Não sei se este abrandamento se deve a decisões assumidas pelos estudantes no seu conjunto e não fruto de ameaças ou determinações da tutela ou da direcção das diferentes escolas, estamos a falar de gente crescida e, espera-se, auto-determinada.
Devo confessar que no universo das praxes académicas pouca coisa me pode surpreender e é um meio que conheço relativamente bem. De forma aparentemente tranquila coexistem genuínas intenções de convivialidade, tradição e vida académica com boçalidade, humilhação e violência sobre o outro, no caso o caloiro. Este caso de Coimbra é apenas mais um exemplo.
Apesar dos discursos dos seus defensores, continuo a não conseguir entender como é que, a título de exemplo, humilhar rima com integrar, insultar rima com ajudar, boçalidade rima com universidade, abusar rima com brincar, ofender rima com acolher, violência rima com inteligência ou coacção rima com tradição.
Talvez este discurso seja de um desintegrado, isolado, descurriculado, dessocializado e taciturno tipo que não acedeu ao privilégio e experiência sem igual de ser praxado ou praxar. Desculpem. De novo e sempre.

4 comentários:

L.Maria disse...

Não é de agora este problema nas praxes. Coimbra é somente mais um exemplo do que tem vindo a acontecer. Por acaso fui praxada, mas passei um despercebida e sem ser umas pinturas na face e uns jogos populares, que até foram divertidos, não houve mais nada. No ano em que era o meu curso a praxar tive que me insurgir contra os meus colegas uma vez que achei que estavam a humilhar os caloiros, não me foi dado ouvidos e tive como opção ausentar-me. Fiquei com muito amigos, os caloiros praxados ;).
As praxes deveriam ser vistas como parte de uma comunidade estudantil que recebe novos alunos e os ajuda a integrarem-se, não sei onde esta máxima se perdeu.Os caloiros também se esquecem que o "não" também existe e que ser caloiro não é estar abaixo de cão, como os "Doutores" gostam de afirmar, e não é fazer tudo o que estes ordenam. A praxe transformou-se numa parvoíce sem jeito e em algo que se teme.

Ofelia Cabaço disse...

A ideia que dá atualmente as "praxes" são atitudes de complexados sem preparação alguma para a convivência alegre e a aceitação de novos membros para uma "familia". São pessoas imaturas que, infelizmente, e eu sei do que falo, no futuro vão ser arrogantes e inconsequentes. Vão sempre achar-se os maiores e a tendência é para a humilhação dos que se destacam,e tudo por despeito e inveja. Brinacr é muito divertido, mas brincar civilizadamente. Quanto a mim, professor tem como quase sempre toda a razão. Vivemos num mundo de aprendizagem e métodos civilizados, não em território selvático. Por tudo isso é que, muitos, digo muitos e cada vez mais, individuos depois de formados, são de uma desumanidade IMPRESSIONNTE!!!!! coisas que a razão desconhece dentro da sua razoabilidade, muitos deles apregoam que ajudam os outros e que implicitamente se acham o máximo. NUNCA PASSAM DESPERCEBIDOS, e isso para esta gente é o que importa....... Um abraço professor, continue!

Ofelia Cabaço disse...

A ideia que dá atualmente as "praxes" são atitudes de complexados sem preparação alguma para a convivência alegre e a aceitação de novos membros para uma "familia". São pessoas imaturas que, infelizmente, e eu sei do que falo, no futuro vão ser arrogantes e inconsequentes. Vão sempre achar-se os maiores e a tendência é para a humilhação dos que se destacam,e tudo por despeito e inveja. Brinacr é muito divertido, mas brincar civilizadamente. Quanto a mim, professor tem como quase sempre toda a razão. Vivemos num mundo de aprendizagem e métodos civilizados, não em território selvático. Por tudo isso é que, muitos, digo muitos e cada vez mais, individuos depois de formados, são de uma desumanidade IMPRESSIONNTE!!!!! coisas que a razão desconhece dentro da sua razoabilidade, muitos deles apregoam que ajudam os outros e que implicitamente se acham o máximo. NUNCA PASSAM DESPERCEBIDOS, e isso para esta gente é o que importa....... Um abraço professor, continue!

Anónimo disse...

De facto há muito tempo que também não entendo a analogia "integrar-praxar".

Anti Praxe
http://anti-praxe.blogs.sapo.pt/