domingo, 2 de fevereiro de 2025

TEMPOS VELHOS, TEMPOS NOVOS

 No dia 29 de Janeiro os Srs. Algoritmos do FB recordaram-me um texto “Tempos velhos, Tempo novos”, que no mesmo dia, mas em 2020, coloquei a propósito de se assinalar nessa data a passagem dos 75 anos da libertação de Auschwitz, que, inevitavelmente nos lembram tempos de terror, tempos de holocausto.

Curiosos, reli o que então escrevi e fiquei ainda mais inquieto, estamos em 2025 e tudo me parece actual. Escrevi assim.

Os tempos passados de Auschwitz não podem fazer esquecer estes tempos, sobretudo, numa época em que a intolerância, o racismo, o atropelo a direitos de minorias, a violência, o ódio, a exclusão, parem estar a crescer, estão muito perto de cada um de nós.

Acho que muitos de nós chegámos a acreditar que algumas páginas da história estariam viradas de vez e seriam história. Muitos de nós sentimo-nos perplexos porque são … o presente.

Sabemos que os comportamentos e discursos fortemente ligados à camada mais funda do nosso sistema de valores, crenças e convicções são de mudança demorada. Esta circunstância, torna ainda mais necessária a existência de dispositivos ao nível da formação e educação de crianças e jovens e de uma abordagem séria e persistente nos meios de comunicação social que assentem na promoção da tolerância e respeito pela diferença pelos direitos humanos.

Se olharmos para a mediocridade da generalidade das lideranças actuais mais evidente se torna que só uma aposta muito forte na educação, escolar e familiar, pode promover mudanças sustentadas neste quadro de valores.

É uma aposta que urge e tão importante como os conhecimentos curriculares.

 

Estou com os netos aqui no monte numa tarde de chuva, a semestralização da sua vida escolar assim o proporciona, tenho o neto grande, o Simão, aqui ao lado a jogar xadrez no computador enquanto não vamos para a oficina fazer projectos e é justamente isso que me inquieta. Que projectos estarão à espera do Simão e do Tomás? Tempos mesmo novos tomando “novas qualidades” como falava Camões ou tempos que na substância serão velhos no que é essencial, o bem-estar das pessoas, de todas as pessoas e na linha de Lampedusa, “é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma”.