A experiência diária e, como agora
se diz, a evidência mostram de forma cada vez mais clara como o excesso de tempo que crianças e adolescentes (mas não só) passam “trancados” em ecrãs têm
impacto negativo no seu bem-estar e saúde mental, no desenvolvimento de competências
e capacidades cognitivas, sociais e emocionais e, naturalmente, na
aprendizagem.
Em muitos sistemas educativos e
também por cá, vão surgindo iniciativas, sobretudo nos espaços escolares, no sentido
de minimizar esse tempo incluindo a redução da utilização dos recursos digitais
na aprendizagem, sobretudo em particular com os mais pequenos.
Certamente mais difícil será a
mudança nos contextos familiares e comunitários. O próprio comportamento dos
adultos não parece favorável a esse trajecto de mudança.
Muitas vezes aqui tenho abordado
esta questão tal como a abordei em muitas conversas com pais e encarregados de
educação e é clara a dificuldade de mudança dos comportamentos, independentemente
dos discursos de concordância com a preocupação ou a expressão de dificuldades.
Não sou apologista de estratégias
essencialmente proibicionistas, mas sim do incremento de comportamentos de
auto-regulação ajustados às diferentes idades.
No entanto, com alguma frequência
se alimenta o equívoco de que não proibir significa a ausência de regras e
limites.
Como tantas vezes digo, as regras
e os limites são bens de primeira necessidade no bem-estar global e no
desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.
É o bem-estar dos mais novos e a
qualidade global dos processos educativos que estão em jogo.
É uma questão demasiado
importante.
1 comentário:
“Proibição: ato autêntico que protege a criança dos perigos, para ela ainda desconhecidos. (…) Não há nada pior para uma criança do que o facto de não ter limites. A ausência de limites assemelha-se a maus-tratos”
“a proibição, que não deve ser confundida com punição, é essencial na educação (não há educação sem proibição), na escola e na vida em sociedade”
Delaroche, P. (1996). Aprender a dizer não. (M. M. Laura, & J. M. Silva, Trads.) Paris: Éditions Albin Michel.
“As crianças e jovens têm uma percepção do risco diferente dos adultos, com tendência a minimizá-lo. O papel do adulto responsável será o de alertar sem estigma, o de criar proximidade sem receio de definir limites”.
Sampaio, D. (2009). Porque Sim. Editorial Caminho. Lisboa (2ª Edição).
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