segunda-feira, 6 de junho de 2022

OS BONS ALUNOS TAMBÉM SÃO VULNERÁVEIS

 Em tempo de exames são recorrentes as abordagens na imprensa às implicações e dificuldades que a época traz para alunos e famílias.

Começarão a aparecer as referências e “dicas” sobre a forma de lidar com os exames e de ultrapassar esta fase o melhor possível. Creio que a generalidade dos trabalhos tem como destinatários privilegiados os alunos médios ou com menor rendimento e esquecem os bons alunos porque … são bons alunos.

Não há exames sem ansiedade, aquela pontinha de ansiedade que nos fará estar mais atentos e concentrados e que, por outro lado, não pode ser excessiva de forma a inibir o nosso rendimento. No entanto, para além da natural ansiedade existe a pressão cujas fontes e natureza podem variar. Os bons alunos são, naturalmente, aqueles que melhor correspondem, com mais ou menos esforço, às expectativas que, designadamente os pais, mas também os professores, constroem e decorrem frequentemente de contextos altamente competitivos em que apenas a excelência é bem aceite.

De uma forma geral, quanto mais desenvolvidas são as comunidades e mais escolarizadas as famílias, maior a pressão para a excelência e, em muitos casos, a pressão para que se construa determinado percurso, por exemplo, é um clássico, a entrada em medicina nas universidades portuguesas, que, para complicar, se decide, por vezes, na décima.

A questão é a forma individual como cada adolescente ou jovem lida com esta pressão, por vezes excessiva, e que decorre mais da família e do contexto do que da situação de exame propriamente dita. São conhecidas situações em que a pressão ficou insuportável levando a processos de fragilização da saúde mental e, em alguns casos a comportamentos autodestrutivos. Sabe-se que este tipo de comportamentos é mais frequente em comunidades de países mais desenvolvidos, porque mais competitivos, mas também se verificam muitos casos entre nós.

Como sempre, é fundamental que se esteja atento e não facilitar, os bons alunos também são vulneráveis e podem sofrer.

Sem comentários: