sexta-feira, 8 de outubro de 2021

UM OLHAR POR DENTRO DA ESCOLA

 O texto de Paulo Prudêncio no Público, “A escola, os certificados e o monstro burocrático” merece leitura atenta. Talvez se possa considerar uma reflexão sobre um outro lado da escola quase que unicamente acessível aos profissionais que nela diariamente prestam funções, o peso do excesso de burocracia. Tal excesso é esbanjador de esforços, empenho e competências dos professores sem ganhos significativos para a qualidade dos processos educativos escolares.

A sua leitura fez recordar-me de como em múltiplos contactos e conversas com professores são recorrentes as referências à burocracia que continua a inquinar o trabalho de toda a gente. O recurso exaustivo às novas tecnologias, através de múltiplas plataformas parece ter-se integrado no problema e não representa um contributo sólido para agilização de processos e eficiência

Já há algum tempo aqui escrevi como seria desejável que o trabalho a desenvolver, os conteúdos envolvidos, os dispositivos em utilização, a organização de tempos e rotinas, etc., tivessem como preocupação a simplificação. Professores, técnicos. alunos e famílias ganhariam. Esta simplificação deveria incluir a avaliação e registos. Seria positivo que, tanto quanto possível, se aliviasse a pressão “grelhadora” a que habitualmente escolas e professores estão sujeitos.

Não é por registar, muito, registar tudo, aliás, nunca se regista tudo pelo que não vale a pena insistir, que o trabalho melhora e o desperdício é grande.

Como é evidente, este apelo à simplificação não tem a ver com menos rigor, qualidade, intencionalidade educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e recursos, alunos, professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme que todos têm que realizar e estão a realizar.

Sempre que falo desta questão recordo-me do Mestre João dos Santos, quando dizia, cito de memória pelo privilégio de ainda o ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de forma simples, é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos produtivo e muito mais desgastante.

Talvez valesse a pena tentarmos esta via de mais simplificação. As circunstâncias já são suficientemente complicadas.

1 comentário:

Babel & Caim disse...

REINO DE BABEL – O KEBAB DOCENTE

https://babelcaim.blogspot.com/2021/10/reino-de-babel-o-kebab-docente.html