quinta-feira, 15 de outubro de 2020

DA SÉRIE "METE-ME ESPÉCIE"

 

A intenção do Governo de tornar obrigatória a utilização da aplicação StayAway Covid, ainda que em contextos identificados, entra directamente para a secção “Mete-me espécie”.

A aplicação não corre em boa parte dos equipamentos ainda em utilização por nós. Apesar de a proposta definir universos de utilização e numa perspectiva de generalização importa não esquecer que, por estranho que pareça, existem portugueses sem telemóvel, sobretudo idosos, os mais expostos no quadro de saúde que atravessamos.

O telemóvel não é de uso e porte obrigatório pelo que a medida perde a eficácia que lhe antecipam, mas que não se percebe, ou melhor, eu não percebo.

Acresce e é incontornável a reflexão sobre a ameaça que constitui a direitos individuais constitucionalmente garantidos e pelo que se vai lendo e ouvindo dificilmente passará na análise da sua conformidade constitucional.

Preocupa-me a apresentação desta medida pois, certamente estarei errado, sugere algum “desespero”. Recordo a afirmação de António Costa de que “sentiu a necessidade de dar um abanão”.

Questões desta gravidade não se gerem a partir de abanões que, do meu ponto de vista, fragilizam quem “abana”.

São situações extremamente difíceis, como muitas zonas de incerteza, extraordinariamente exigentes em recursos, flexibilidade e adaptação dos processos de tomada de decisão na gestão do difícil equilíbrio entre a protecção em termos de saúde que muita gente terá afectada pela Covid-19 ou pelos seus efeitos colaterais e a protecção de alguma saúde económica cuja deterioração pode ser trágica, mais trágica.

A StayWay Covid é, por assim dizer mais, algo mais do género daquele inicial “Vai ficar tudo bem”. A realidade é que com a APP a Covid-19 não fica longe e, não, não vai acabar tudo bem.

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