quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A LER "QUE ESCOLA, E EM QUE DEMOCRACIA, NA SOCIEDADE QUE AÍ VEM"

 

Parece-me estimulante a leitura do texto de Paulo Prudêncio no Público, “Que escola, e em que democracia, na sociedade que aí vem”.

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Portanto, quando se pensa no futuro da democracia, e do bem público e comum numa sociedade mais justa e igualitária, defende-se o espaço gregário onde é imperativa a escola como instituição nuclear e estruturante dos princípios fundadores que consolidam a razão e a ciência. Digamos que é um espaço de segurança democrática dependente da nossa vontade. E como a escola portuguesa está consensualmente asfixiada num doentio emaranhado depois de quase duas décadas de políticas comuns de contracção, e radicalmente antagónicas nos conceitos, urge um reinício assente, desde logo, na simplificação organizacional.

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Esta ideia de simplificação parece-me estimulante e inovadora e creio dever assentar numa verdadeira autonomia de escolas e professores. Por coincidência, já tenho abordado esta ideia aqui no Atenta Inquietude e retomo umas notas.

De uma forma geral, o trabalho a desenvolver nas escolas, em toda a escolaridade obrigatória, mas sobretudo nos primeiros anos e incluindo a educação pre-éscolar, deveria ter como orientação de base a simplificação.   

Seria desejável que o trabalho a desenvolver, os conteúdos envolvidos, os dispositivos em utilização, a organização de tempos e rotinas, etc., tivessem como preocupação a simplificação, professores alunos e famílias ganhariam. Esta simplificação deve incluir a avaliação e registos. Seria positivo que, tanto quanto possível, se aliviasse a pressão “grelhadora” “projectista” a que habitualmente escolas e professores estão sujeitos.

Como é evidente, este apelo à simplificação não tem a ver com menos rigor, "facilitismo", menos qualidade, intencionalidade educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e recursos, alunos, professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme que todos têm que realizar e estão a realizar.

Sempre que falo desta questão recordo-me do Mestre João dos Santos, a quem tarda uma homenagem com significado nacional,  quando dizia, cito de memória pelo privilégio de ainda o ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de forma simples, é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos produtivo e muito mais desgastante.

Talvez valesse a pena tentarmos esta via de mais simplificação. As circunstâncias deste tempo já são suficientemente complicadas.

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