terça-feira, 28 de julho de 2020

EQUIDADE


É consensual que apesar do esforço gigantesco de professores e escolas realizado na resposta de emergência E@D e do apoio da iniciativa #EstudoEmCasa através da RTP foram muitos os alunos cujo processo educativo ficou comprometido assim como se acentuaram as desigualdades.
Este processo decorre de múltiplas variáveis, literacia familiar (digital e global), condições sociodemográficas, recursos informáticos, acesso à net, necessidades específicas dos alunos, etc.
O ME já anunciou que as primeiras cinco semanas do próximo ano lectivo serão destinadas à recuperação e (ou) consolidação das aprendizagens não realizadas. Como já disse, estranho a definição temporal pois deveriam ser as escolas e os professoras a avaliar necessidades, mas compreendo a intenção.
A propósito de recuperação no DN encontra-se uma peça curiosa. Os centros de explicação, que por regra estariam encerrados em Agosto, estão a sentir grande procura e pressão para que estejam em funcionamento durante as férias escolares.
Nada de estranho, vivemos numa sociedade em que cada problema é uma oportunidade de negócio.
A questão é que o acesso a esta “ajuda” tem custos que para muitas famílias são incomportáveis e a situação que se vive tem também impactos muito significativos no rendimento dos agregados familiares.
Neste cenário, mais uma vez e como sempre, as desigualdades são alimentadas, quem tem meios recuperará e consolidará aprendizagens, quem não … esperará pelas cinco semaninhas iniciais do próximo ano lectivo e dos recursos anunciados.
Acredito que, tal como a partir de Março aconteceu, professores e escolas vão, de uma forma geral “dar o litro” pelos miúdos.
Mas também acredito que só a escola pública de qualidade garante equidade e igualdade de oportunidades. Para isso precisa de recursos humanos, espaços e equipamentos.
Aqui não se pode falhar, é o futuro que está em causa.

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