quarta-feira, 25 de março de 2015

PROFESSORES, OS CDT - Culpados Disto Tudo

A Fenprof manifesta a sua preocupação com os custos da sinistra PACC que durante esta semana conhece uma nova etapa, a parte específica do exame. Não considero que seja particularmente relevante o custo, em euros, deste pulverizado dispositivo de avaliação dos professores, aliás, um pouco mais e teríamos uma escola, uma prova, um examinador,  uma vítima. Não é por acaso, evidentemente.
Estou bastante mais preocupado com os custos não tangíveis desta encenação de mau gosto da responsabilidade de Nuno Crato ainda que a ideia da sinistra PACC não tenha sido sua. Ao que parece, os autores estarão arrependidos e quando chegarem ao Governo prometem mudanças. Bem podem estar,  a coisa é mesmo má.
Na verdade, o impacto no clima das escolas, o impacto na vida de muita gente que já exerce a profissão de professor com avaliação bem sucedida, o impacto na imagem dos professores, a humilhação desnecessária e insustentável, entre outros aspectos, têm custos dificilmente calculáveis, mas certamente mais significativos que os euros gastos nesta fantochada.
No entanto, como jogada política, no seu nível mais enviesado não é mal lembrado.
Os professores, sempre esse bando de contestatários e incompetentes, aparecem com resistentes à avaliação, incompetentes que nem escrever sabem, inimigos do rigor e da excelência que só os exames promovem, ou seja, são os inimigos da educação.
De fininho, como diz o meu amigo Cajó, talvez se note menos a catastrófica situação do arranque do ano lectivo, o despedimento brutal de professores não porque não sejam necessários mas porque é preciso cortar.
Também se notará menos, achará Nuno Crato e o seu inner circle, a falta de funcionários, o número de alunos por turmas que em algumas escolas dificultará o sucesso do trabalho de alunos e professores, a falta de dispositivos de apoio às dificuldades, a instituição de uma examocracia que transforma o ensino na preparação para exames assente num modelo burocratizado, excessivo e inoperacional de metas curriculares.
Também se notará menos a amargura porque passam os alunos com necessidades educativas especiais, as suas famílias, técnicos e professores.
Também se notará menos o desinvestimento brutal na educação e escola pública, a ameaça à já insuficiente autonomia das escolas.
Também se notará menos o caminho de municipalização e o envolvimento dos interesses privados.
Também se notará menos o desânimo em que boa parte da classe docente parece viver.
Também se notará menos o número de alunos que está a ser empurrados para vias alternativas, impostas precocemente com oferta diminuta e desajustada mas que tornam as estatísticas do sucesso mais simpáticas.
Também se notará menos o brutal ataque à investigação científica e o desinvestimento no ensino superior.
Também se notará menos ...
Os CDT, os Culpados Disto Tudo são ... claro, os professores.
Não Senhor Ministro, a história não o absolverá, por mais que Guilherme Valente, Ramiro Marques, José Manuel Fernandes, entre outros, o beatifiquem.

2 comentários:

Anónimo disse...

Os professores são o melhor do ensino em Portugal,sem qualquer duvida...

Zé Morgado disse...

apesar do MEC.