quarta-feira, 14 de julho de 2010

OS RESULTADOS DOS EXAMES, AS QUESTÕES DO COSTUME

De há muito tempo que o alarido instalado sobre os exames nacionais e os seus resultados acaba por esbater a urgência da correcta análise e significado dos resultados. O Ministério deveria divulgar a totalidade dos resultados, de forma diferenciada, e não apenas as notas globais sob pena de se inviabilizar a definição do que poderíamos chamar de "perfil de insucesso", ou seja, em que aspectos objectivamente os alunos evidenciam menor competência. Só o conhecimento destes dados permitiria a estruturação de medidas adequadas às dificuldades encontradas.
No caso da Matemática no 9º ano subiram significativamente as negativas, passaram de 34.2% em 08/09 para 48.7% este ano, 09/10. As justificações destas oscilações bem como da subida de dos resultados positivos de há dois anos centram-se sobretudo na maior ou menor dificuldade dos exames. De um lado, as associações científicas e profissionais a sustentarem a excessiva facilidade e, do outro, o ME a defender a sua adequação. Desta discussão, creio, pouco de positivo decorrerá, as agendas que as informam são pouco compatíveis.
Parece também poder concluir-se que o Plano de Acção para a Matemática não está a produzir os efeitos desejados o que também deveria ser, obviamente, objecto de análise e avaliação.
Neste quadro e com o clima instalado parece-me fundamental que, como disse acima, fossem divulgados os resultados dos exames por questão para que se pudessem estudar e estabelecer com rigor e conhecimento o perfil de dificuldades genéricas dos alunos o que, assim, sustentaria o desenvolvimento de programas ou dispositivos de apoio essas dificuldades. Por outro lado, parece-me também desejável que, tal como se passa em alguns países e diferentes especialistas defendem, os exames fossem elaborados por uma estrutura exterior ao Ministério da Educação.
Se não caminharmos neste sentido, creio que no próximo ano cá nos encontraremos com os discursos do costume.

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