quarta-feira, 3 de novembro de 2021

DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

 Está a decorrer em Glasgow a 26.ª Cimeira do Clima da ONU (COP26) com a maioria dos países representada, mas com a ausência das lideranças da China e da Rússia, justamente dois dos maiores responsáveis pela situação que o planeta atravessa.

Como provavelmente acontecerá, apesar da retórica dos discursos insistir na defesa da qualidade da vida no planeta, os avanços serão curtos e assim se cumprirá o “desenvolvimento”, dizem. As sucessivas cimeiras fazem parte de uma espécie de liturgia com avanços aquém do necessário e inadiáveis.

Como é evidente, o clima actual em que o mundo está mergulhado é profundamente preocupante e sob várias perspectivas.

Com uma ligação estreita às alterações climáticas consideremos o clima de guerra e pobreza que se instalou em diversas zonas do planeta e que se torna, por exemplo, responsável pela maior crise de refugiados que a Europa está a sofrer depois das guerras mundiais com um cortejo de tragédias que estão mesmo à nossa beira e se espalham por diversas latitudes.

Também numa outra escala muitos de nós sentimos como o clima não está bem, são recorrentes as queixas sobre alterações no clima, nos climas, e também aqui sabemos que a responsabilidade é dos homens, ou melhor, da irresponsabilidade dos homens

Só para referir algumas áreas, veja-se o que tem sido de há anos para cá o clima de funcionamento de boa parte das escolas portuguesas. Está longe de ser o mais favorável ao bom andamento do trabalho de professores, alunos e pais.

O clima na saúde ainda a braços com a evolução da pandemia também não atravessa melhores dias com queixas e dificuldades de natureza variada.

O clima político é de uma turbulência que impressiona o que acaba por criar turbulência na economia e nos mercados. Como é sabido, os mercados são muito sensíveis à turbulência, ficam nervosos e assim. Depois … sobra para os suspeitos do costume, nós.

Todo este cenário tem implicações severas no clima das famílias com níveis de desemprego devastadores e com dificuldades sociais gravíssimas.

Também creio que não damos a devida atenção a um fenómeno de natureza contrária, o arrefecimento global na relação entre as pessoas. Parece razoavelmente claro que as relações interpessoais, estão mais frias, mais distantes apesar dos milhares de “amigos” nas redes sociais. Cada vez mais parecemos condomínios de uma pessoa só.

Finalmente, importa considerar, evidentemente, as potenciais consequências do aquecimento global. Uma das dificuldades que, na verdade, a Terra só se torna mesmo preocupação quando se zanga e de vez em quando a Terra zanga-se com efeitos devastadores. E está a zangar-se com cada vez maior frequência.

Imagino que a Terra vá ficando cansada da irresponsabilidade delinquente da gente que a povoa, sobretudo dos que lideram. Depois de tanta asneira insistem nos maus-tratos e não se entendem sobre a forma de mudar de rumo.

Dão-lhe cabo das entranhas, alteram-lhe o clima, mudam paisagens, esgotam-na, deixam-na estéril e sem sustento. Não vai aguentar.

A minha avó Leonor, mulher de sabedoria, costumava dizer que não era bom a gente meter-se com a Terra, com a natureza, e maltratá-la. A natureza vai ser sempre maior que a gente e não aceita que mandem nela.

Quando acorda zanga-se e quando se zanga os efeitos são devastadores. Apesar destes avisos, cada vez mais frequentes, não parece que a levem a sério.

Esta gente não aprende mesmo, já não espero que o fizessem em nome deles, os seus interesses imediatos não deixam. Mas podiam fazê-lo em nome dos filhos, dos filhos dos filhos, dos filhos dos filhos dos filhos, 

São demasiadas complicações no clima para ter alguma esperança sólida na COP 26.

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