sexta-feira, 23 de agosto de 2019

NÃO, NÃO SE TRATA DE IDEOLOGIA DE GÉNERO, TRATA-SE DE UM GÉNERO DE IDEOLOGIAS


Embora não seja surpreendente é ainda assim impressionante a forma como tem sido abordado o quadro legal da transposição das normas que enquadram a educação para a identidade e expressão de género no ensino público e privado.
Recordo que um grupo de 85 deputados do PSD, do CDS e um do PS requereu ao Tribunal Constitucional a fiscalização sucessiva daquelas normas.
Nestas normas estabelece-se que deve ser garantida “a adoção de medidas no sistema educativo, em todos os níveis de ensino e ciclos de estudo, que promovam o exercício do direito à autodeterminação da identidade de género e expressão de género e do direito à proteção das características sexuais das pessoas”.
Definir que tanto quanto possível as escolas possam assegurar e este direito, por exemplo na utilização de instalações sanitárias é, justamente. o que deve ser feito e o que o normativo estabelece.
Parece claro que a generalidade das vozes que se ouvem anunciando o inferno o fazem ao abrigo do preconceito e da intolerância e também da ignorância arrogante.
Acompanhando os tempos recorrem ao habitual arsenal de desonestidade intelectual, manipulação da informação com afirmações sobre o que não está na lei, bombardeamento tóxico com ruído, com afirmações de uma despudorada falta de verdade, etc.
Também parece evidente que esta gente não conhece o mundo real que existe para lá do ecrã que interpõem entre os seus valores, preconceitos e crenças e a realidade e o sofrimento de muita gente desde muito nova.  
Mas o sofrimento das pessoas que não suas “iguais” é questão que não lhes assiste, deveriam ser “normais”.
Existem múltiplos estudos, por cá e lá por fora, que mostram com muita consistência que a problemática da identidade e orientação sexual está associada de forma significativa à vitimização em matéria, por exemplo, de bullying ou falta de apoio por parte de colegas. Aliás, e a propósito de conhecimento da realidade, não será por acaso que escolas e pais apoiam o conjunto de orientações.
Na verdade, uma preocupação com o minimizar riscos de crianças e adolescentes nestes contextos é uma questão de direitos e de natureza civilizacional no contexto das políticas e processos educativos.
O problema não está na agora tão afirmada “ideologia de género”, seja lá isso o que for, está num género de ideologias que não quer entender a realidade e as pessoas, sobretudo as pessoas que sofrem.

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