quinta-feira, 27 de junho de 2019

AVALIAÇÃO E INCLUSÃO


Estamos em plena época de encerramento das avaliações finais dos alunos sendo que muitos ainda estão envolvidos no período de exames. A avaliação de desempenho é sempre uma matéria complexa pelo que também na educação escolar tal se verifica.
São sempre mais as dúvidas que as certezas sobre o que avaliar, o que medir, com que critérios, com que normas, com que grau de diferenciação, com que dispositivos, etc.
Quando consideramos a diversidade dos alunos incluindo os que têm necessidades especiais, insisto no recurso a esta terminologia, a situação torna-se ainda mais complexa e exigente.
O novo quadro legal em matéria de educação inclusiva tem como visão, bem como já tenho escrito, considerar a todos os alunos e não os que por algum tipo de justificação se consideravam ter alunos com necessidades educativas especiais embora seja de não esquecer num excesso de voluntarismo que as dificuldades severas que alguns alunos sentem são … específicas e devem ser consideradas como tal, não podendo ser “normalizado” o olhar sobre eles sob pena de conduzir à exclusão mesmo colocados nas salas com os seus colegas.
Este entendimento, do meu ponto de vista, torna o processo de avaliação ainda mais complexo, pois o enquadramento dos alunos nas várias tipologias de medidas (também uma forma de categorização continua presente) em diferentes alíneas envolvendo diversos desenhos curriculares e de objectivos torna ainda mais complexo o processo de avaliação e classificação.
É claro para todos, boa vontade minha, que avaliar não é apenas medir mas também é medir e classificar pois as decisões em matéria de progressão e intervenção decorrem de todo o processo de avaliação nas suas múltiplas funções. Como também será óbvio as dificuldades e as eventuais consequências da avaliação não se resolvem ou minimizam "empurrando" os alunos, qualquer aluno, para a frente de uma forma "ligeira", por assim dizer. Ninguém ganha com isto a não ser as estatísticas que ... não passam disso mesmo, números, embora possam sustentar discursos ou ideias à escolha e com diferentes sentidos.
Os testemunhos conhecidos em vários espaços e de diferentes formas sobre o que vai acontecendo pelas escolas nesta matéria ilustram com muita clareza a enorme sombra de dúvidas sobre o processo que mostram todos os intervenientes, professores do ensino regular, docentes de educação especial, técnicos e pais que estão genuinamente empenhados em que todo corra o melhor possível.
Às dúvidas, muitas, surgem respostas que com frequência começam por “eu acho …”, “nós decidimos …”, “na minha escola”, “no meu grupo …”, "não fazemos assim", "a direcção da escola decidiu ..., etc.
Eu sei que todos os processos de mudança estão sujeitos a dúvidas e sobressaltos. Também sei, como tantas vezes disse, que era necessário alterar o quadro anterior. Também sei que o actual quadro legislativo é conceptualmente e em termos de visão melhor que o anterior.
No entanto, continuo a entender que o processo de mudança ganharia se fosse desenvolvido assente num processo de transição regulada e apoiada nas escolas e agrupamentos.
Já tenho escrito que nem sempre se consegue “fazer as coisas certas e fazer certas as coisas”. Também não adianta torcer a realidade e proclamar que os caminhos da inclusão estão a ser feitos sem sobressaltos e que as abordagens que suscitam reservas ou críticas não têm cabimento ou devem ser desvalorizadas.
Como se diz na frase atribuída a Bismarck “A política é a arte do possível” também na educação se passa o mesmo, é a arte do possível. Felizmente, a esmagadora maioria dos profissionais da educação tornam-na diariamente possível.
Os alunos e as famílias agradecem e sentem-se melhor … quando corre bem

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