quarta-feira, 25 de julho de 2007

PROPAGANDA, TRABALHO INFANTIL E HIPOCRISIA POLÍTICA

Nas sociedades actuais haverá algum governo que não tenha uma preocupação forte com a gestão da sua imagem, com o marketing da sua acção? Certamente que não e só ingenuidade ou ignorância farão alguém acreditar que quem estiver no poder resistirá à tentação de utilizar a seu favor tudo o que as ciências da comunicação política têm produzido relativamente à eficácia da mensagem.

Serve esta introdução para me referir a um dos mais recentes exercícios de hipocrisia política. Soube-se que o Governo encenou no CCB a apresentação do Plano Tecnológico da Educação (ia a chamar-lhe choque mas evito, pois a pobre da educação já não suporta mais choques) montando uma sala de aula “hi-tech”. Como é sabido no CCB não existe uma escola, nesta altura os meninos estão de férias e mal parecia os governantes fazerem-se acompanhar dos menores das respectivas famílias, lembrem-se do efeito devastador da presença do Dinis Carrilho na campanha do pai Carrilho. Não restava pois outra alternativa senão angariar umas criancinhas que representassem um papel que lhes não será estranho, o de alunos. Cumprindo-se a legislação protectora da criança, este seria mais um daqueles episódios discutidos no domínio da subjectividade de opinião. Mas não, a Dona Seabra, a Zita, e o Dr. Melo, o Nuno, saltaram em defesa das pobres crianças exploradas e abusadas no delinquente exercício de propaganda do governo. Trata-se da mais descarada hipocrisia. Não me lembro das generosas vozes se levantarem publicamente e de forma consistente sobre o escândalo criminoso que atinge muitas crianças em Portugal, essas sim, vítimas do trabalho infantil, por vezes retiradas à escola para aumentar o rendimento familiar. Muitas destas situações passam-se no distrito representado politicamente pelo Dr. Melo. A Dona Zita talvez não saiba se "foi assim", mas foi e ainda é.

E depois admiram-se dos 62% de abstenção.

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