O IAVE divulgou os resultados das provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º ano realizadas em 2024. Sem surpresa, mas com preocupação, os resultados continuam globalmente a baixar existindo domínios em algumas disciplinas com níveis em que os alunos demostram fortes dificuldades.
Mais uma vez é de reflectir na
discrepância de avaliações externas, provas de aferição, exames finais ou
estudos internacionais que expressam resultados significativamente diferentes dos
dados da avaliação interna traduzidos nos chamados percursos de sucesso, o
completar de um ciclo nos anos previstos para esse ciclo.
Sabemos, e é bom que assim seja,
que neste ano as provas de aferição serão realizadas no fim do ciclo e com
modelo diferentes ainda que, lamentavelmente, em suporte digital. No entanto, é
preciso mais.
Se atentarmos nos indicadores dos
percursos de sucesso e como aqui já tenho referido, poderemos interpretar a
transição de ano como sucesso na aprendizagem de competências e conhecimentos que,
estranhamente não se traduzem em resultados da avaliação externa ou teremos de
considerar que ter sucesso é a “a passagem de ano” na velha fórmula de
“transita, mas não progride”? Conhecem-se relatos de escolas em que se verifica
alguma “pressão” para a “transição” colocando isto de forma leve.
Importa sublinhar com muita
clareza que levantar esta questão não significa a defesa da retenção como
ferramenta de sucesso e qualidade. Não é, ainda há pouco aqui abordei a
questão, sabemos que o “chumbo”, só por si, não gera sucesso e qualidade.
Nenhuma dúvida sobre isto.
E volto a insistir. A qualidade
promove-se, é certo e deve sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e regular das
aprendizagens e com regulação externa, sim, naturalmente, mas também com a
avaliação justa e competente do trabalho dos professores e das escolas, com a
definição de currículos adequados, com a estruturação de dispositivos de apoio
a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas
educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos
adequados e reais de autonomia, organização e funcionamento desburocratizado
das escolas, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc.
É o que acontece, genericamente,
nos países com mais baixas taxas de retenção escolar e que significam
conhecimentos e competências adquiridas.
É o que ainda não conseguimos
fazer acontecer de forma consistente, generalizada e sustentada em Portugal,
apesar da imensidade de projectos, iniciativas, inovação, actividades, ondas de
capacitação, que, demasiadas vezes, chegam do exterior às escolas. Podem ser
interessantes, mas … não são mágicas, por mais que num exercício de
"wishful thinking" os queiramos entender e vender como tal.
Não poderá ser este o caminho.
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