quinta-feira, 21 de setembro de 2023

A SONDAGEM

 A imprensa de hoje divulga os dados de uma sondagem sobre o processo de reivindicação dos professores. A maioria dos inquiridos num trabalho da Aximage para DN, JN e TSF, 65% considera que o Governo "não fez o suficiente para se aproximar das reivindicações dos professores", 28% consideraram que sim. Também 45% dos inquiridos concorda com a realização das greves convocadas para o início do ano lectivo.

Estes dados parecem confirmar dois aspectos, a generalidade das pessoas compreende e solidariza-se com os problemas pelos quais os professores lutam por soluções. Por outro lado, mostram também alguma falência da estratégia de comunicação do ME no sentido de “diabolizar” os docentes junto da opinião pública com argumentação diversa e nem sempre de forma eticamente aceitável.

Se considerarmos também o resultado de uma sondagem realizada em Fevereiro, os dados agora conhecidos parecem-me ainda mais significativos.

 Em Fevereiro, 65% dos inquiridos concordava com as greves realizadas pelos professores desde Novembro (18% não concordava) assim como a maioria, 63%, concordava com a recuperação integral do tempo de serviço dos professores de forma faseada, 38%, ou imediata, 25%.

Parece continuar a verificar-se que a “simpatia que há na opinião pública em relação à causa dos professores”, citando o Presidente da República, ainda se mantém o que pode significar um entendimento que muitas vezes refiro, de que muitos dos problemas dos professores são também problemas nossos na medida em que afectam a qualidade da educação e do trabalho da escola.

Os dados indiciam também e mais uma vez que a célebre e notável afirmação, “Perdi os professores, mas ganhei os pais e a população”, proferida em 2006 pela então Ministra Maria de Lurdes Rodrigues também num contexto de contestação da classe docente, não poderá ser retomada pela actual tutela do ME e das Finanças. Espero que daqui a uns anos não venham também a afirmar, “Não sei como chegámos aqui assim. Não sei e não quero saber”. Seria demasiado grave.

Também me parece que mais uma vez os dados tornam urgente e imprescindível o estabelecimento de um entendimento e tomada de decisões que há muito tempo deveriam ter sido assumidas e consideradas como prioridade.

Sabemos que a inexistência de um acordo que seja isso mesmo, um acordo, terá certamente custos que, muito provavelmente, serão superiores mesmo que de forma não tangível aos custos de um acordo.

Como já afirmei repetidamente é isto que me parece dever estar em equação na definição de políticas públicas.

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