segunda-feira, 30 de maio de 2022

A ESCOLA PODE FAZER A DIFERENÇA

 Numa peça do Público divulga-se o trabalho muito interessante desenvolvido na  Escola Luís António Verney em Lisboa. No âmbito do combate ao insucesso e abandono tornou-se uma escola de ensino artístico especializado na área de música e dança e tem agora os seus primeiros finalistas.

Não conheço a realidade abordada, conheço outras e sei que é possível. A escola e os professores, não sendo a solução para os todos os males do mundo, podem e fazem a diferença e tornam-se uma dimensão essencial na construção de projectos de vida positivos para os seus alunos. Algumas notas de natureza global.

A escola, no seu sentido genérico, não tem responsabilidade directa por décadas de políticas urbanísticas, sociais, educativas, económicas que produzem exclusão e pobreza.

A escola, no sentido genérico, não tem responsabilidade directa na manutenção de estereótipos, preconceitos ou representações sociais sobre pessoas ou grupos.

No entanto, é também pela escola que passam as consequências deste cenário e as alterações positivas que desejamos que aconteçam e importa reconhecer que a escola continua a enfrentar dificuldades enormes e acrescidas.

Ainda assim, não sendo por milagre, não sendo por acaso, não sendo por mistério, com recursos e visão a escola, cada escola, pode e deve procurar fazer a diferença e contrariar os riscos e as dificuldades que aguardam (sobretudo) as crianças nascidas no lado menos confortável da vida, mas que também podem envolver qualquer criança de qualquer família.

Apesar de todas as dificuldades são possíveis as boas práticas que merecem divulgação e reconhecimento.

Do meu ponto de vista, tantas vezes aqui afirmado, a questão central será a valorização da escola pública. Esta valorização deverá assentar em quatro eixos fundamentais, a qualidade considerando resultados, desburocratização de processos, autonomia e gestão optimizada de recursos, segundo eixo, a promoção de um projecto sólido de promoção de qualidade para todos, a melhor forma de combater os mecanismos de exclusão e a desigualdade de entrada, terceiro eixo, diferenciação de metodologias, diferenciação progressiva e não prematura dos percursos de educação e formação para responder à diversidade dos alunos e, quarto eixo, dispositivos de apoio oportunos, suficientes e competentes às dificuldades de alunos e professores.

Este entendimento, do meu ponto de vista, não carece de uma cansativa retórica em torna da inovação e, muito menos, da revolução sempre anunciada nas nossas escolas com novos paradigmas alimentada por uma nuvem de iniciativas e projectos que muitas vezes não têm grande potencial de mudança e alimentam pequenas ou grandes agendas.

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