quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

A SALTO

(Foto de Sofy Sá)
Agora chegaram a Portugal. Pelo acaso do clima e correntes ou pela acção criminosa de alguma rede traficante, 23 marroquinos descobrem o caminho marítimo para Portugal numa estranha reviravolta da história.
Num mundo cada vez mais assimétrico e com um inaceitável fosso entre os mais ricos e desenvolvidos e todos os outros, não será de estranhar a tentativa de fuga a um destino marcado. Os portugueses têm a noção exacta do que isto é. Centenas de milhar dos nossos compatriotas também deram o salto na busca do futuro, Também clandestinamente, também vítimas de traficantes criminosos, também arriscando a vida e a expulsão à chegada, também enfrentando, por vezes, comunidades hostis e discriminatórias. Insistiram e resistiram. Acabaram por se tornar imprescindíveis ao desenvolvimento dos países de acolhimento e as suas remessas têm sido um fortíssimo contributo para a nossa economia.
Estranho pois algumas reacções que parecem esquecer a história. Torna-se necessária uma política de emigração para a UE que contemple, naturalmente, questões de economia e segurança mas também direitos humanos e solidariedade. Ou a cimeira EU – África não passará de um evento social destinado a aquietar consciências europeias e a legitimar governos africanos cleptocratas e ditadores.

2 comentários:

Anónimo disse...

A emigração transoceânica começou antes da 2ª guerra mundial e foi até a década de 50.Os portugueses preferiam América Latina especialmente Brasil e Venezuela.Os insulares tinham como destino América do Norte.
Com o crescimento económico e as tarefas de reconstrução do pós-guerra começam a dirigir-se para a Europa, principalmente França e Alemanha. Era uma emigração pouco qualificada mas muito humilde, pacata, simples, submissa e extremamente laboriosa.É certo que foram também vítimas de traficantes criminosos, correram o risco da expulsão (alguns não só o risco) enfrentaram comunidades hostis e discriminatórias. Tem toda a razão!!! Concordo também consigo quando diz que torna-se premente uma política de emigração para a U E que contemple questões de economia, direitos humanos e solidariedade. Enquanto isso não acontece a emigração de que somos o destino é essencialmente de países Africanos, Asiáticos e leste da Europa, com todas as inconveniências que isso acarreta. Alguns exemplos: ENTREPOSTO de TERRORISMO - MAFIAS - MENDICIDADE.Não é transversal mas perigosamente frequente. Por isso não me incomoda muito o cuidado demonstrado pelas autoridades na recepção dos clandestinos. A diferença entre os emigrantes portugueses e os estrangeiros chegados actualmente a Portugal, mesmo considerando a diferença temporal, é abissal. Considero eu!

Anónimo disse...

O anónimo é engano.

Chama-se Oliveira.

As minhas desculpas.