segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

POBREZA E PARTIDOCRACIA

Ainda que com uma ponta de demagogia acho que vale a pena relacionar duas notícias da imprensa de hoje.
A primeira, relembra-nos que segundo o Eurostat e dados de 2008, o risco de pobreza em Portugal é de 18%, correspondendo a cerca de 2 milhões de portugueses, superior à média europeia. Se considerarmos diferentes escalões etários, o risco de pobreza em Portugal sobe cinco pontos percentuais, 23% no caso das crianças e adolescentes até aos 17 anos e para 22 % no caso dos idosos. Curiosamente entre a população empregada o risco ainda é de 12%, o que evidencia o nível baixo dos salários em Portugal e a necessidade de aumento do salário mínimo.
A outra notícia informa-nos que o Tribunal Constitucional entende que PSD, PS e CDS-PP utilizaram para fins partidários uma verba superior a 5 milhões de € providenciada pelos contribuintes para o orçamento dos grupos parlamentares regionais.
Do meu ponto de vista as duas notícias relacionam-se na medida em que ambas traduzem algo que recorrentemente refiro, a necessidade de elevação dos padrões éticos que regula a nossa vida política e económica.
A pobreza é, também, consequência de modelos económicos e políticos que secundarizam as pessoas, as tornam vulneráveis e as maiores sofredoras do endeusamento do mercado. Continuo a entender que em economia e política é fundamental uma dimensão ética e moral. Quando tal não acontece temos exemplos como o da notícia, a partidocracia e os seus interesses a sobreporem-se a padrões éticos essenciais.
A questão mais inquietante é que tudo isto se passa sem um sobressalto.

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