Peço desculpa pela insistência, mas existem demasiadas situações de sofrimento vividas por crianças e adolescentes. O calendário das consciências determina para hoje o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Esta questão é seguramente umas das que mais frequentemente aqui abordo, mas os dados conhecidos no que respeita ao bullying e mais recentemente a variante cyberbullying que nem sequer correspondem ao universo de ocorrências, mostram a necessidade de uma séria reflexão e intervenção nos contextos educativos que chegue a todos os alunos e que promova a qualidade das relações interpessoais, a empatia, solidariedade e inteligência emocional, etc.
Uma das características do
fenómeno, nas suas diferentes formas, incluindo o cyberbullying, é justamente o
medo e a ameaça de represálias a vítimas e assistentes que, evidentemente,
inibem a queixa pelo que ainda mais se justifica a atenção proactiva e preventiva
de adultos, pais, professores, técnicos ou funcionários.
Neste contexto e dada a gravidade
e frequência com que ocorrem estes episódios, é imprescindível que lhes
dediquemos atenção ajustada a sinais dados por crianças e adolescentes, nem
sobrevalorizando, nem tudo é bullying, o que promove insegurança e ansiedade,
nem desvalorizando, o que pode negligenciar riscos e sofrimento.
Este cenário determinaria, só por
si, um empenhado investimento em recursos e dispositivos que procurassem
minimizar o volume de incidências, algumas das quais de gravidade severa.
Lamentavelmente, parte importante
das entidades e iniciativas de apoio e suporte é exterior às escolas e ilustra
a falta de resposta estruturada e global do sistema educativo, para além das
insuficiências de recursos e na formação de técnicos e de professores sobre
esta complexa questão, desde logo para o seu reconhecimento e identificação.
Recentemente a ministra da Juventude e Modernização anunciou a criação de um
Grupo de Trabalho para combater o bullying escolar. O Grupo apresentará os
primeiros resultados(?!) em Dezembro.
A existência de dispositivos de
apoio sediados nas escolas, com recursos qualificados e suficientes,
designadamente no que respeita aos assistentes operacionais com funções de
supervisão dos espaços escolares, é uma tarefa urgente.
Depois das ocorrências torna-se
sempre mais fácil dizer qualquer coisa, mas é necessário. Muitas crianças e
adolescentes evidenciam no seu dia-a-dia sinais de mal-estar e sofrimento a
que, por vezes, não damos ou não conseguimos dar atenção, seja em casa, ou na
escola.
Estes sinais não devem ser
ignorados ou desvalorizados. O resultado pode ser trágico.
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