terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

PARTIU MARIA TERESA HORTA

 É inevitável a referência, partiu Maria Teresa Horta, uma personalidade incontornável das últimas décadas da vida cultural, cívica e política.

Será certamente uma umas figuras que, recordando Camões, se vão da lei da morte libertando.

Numa referência pessoal, lembro o privilégio de em 2011 ter integrado o Conselho de Ética do ISPA – Instituto Universitário de que também fazia parte Maria Teresa Horta.

Em 2023 o ISPA - Instituto Universitário atribuíu também o título de Doutora Honoris Causa a Maria Teresa Horta.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA

 No Público de ontem encontra-se uma peça que aborda uma realidade desconhecida para muitos, a sexualidade das pessoas com deficiência, em particular no que respeita às mulheres. É, na verdade uma realidade distante para muitos de nós e extraordinariamente complexa para alguns outros, a sexualidade na vida das pessoas com deficiência. Recordo-me que em 1977, quando comecei a munha vida profissional numa instituição que acolhia crianças, jovens e adultos com deficiência mental ou multideficiência, esta linguagem já não se usa, claro, a sexualidade constituir uma inquietação para todos, técnicos, pais e, naturalmente as pessoas envolvidas.

Julgo ser fundamental a visibilidade e abordagem alargada destas matérias, trata-se de uma questão muito importante, respeitante a direitos, qualidade de vida e bem-estar de muitos milhares de pessoas .

É ainda importante desfazer um enorme equívoco que parece informar algumas afirmações e, sobretudo, as omissões, sexualidade na deficiência, a sexualidade na vida das pessoas com deficiência, não é a mesma coisa que deficiência na sexualidade. A experiência e alguns estudos dizem-me que este equívoco está também presente em discursos e atitudes de famílias e técnicos para além da comunidade em geral.

Aliás, na peça do Público esta questão é muito bem abordada e aprofundada

É ainda necessário divulgar o conhecimento e a reflexão sobre estas matérias apesar da sua enorme complexidade, que, aliás, as pessoas mais próximas dos problemas, pais, técnicos e as próprias pessoas, reconhecem como, aliás, o trabalho de hoje mostra.

É certo que para muitos de nós os problemas que afectam as minorias são … problemas minoritários pelo que não nos afectam. No entanto, como tantas vezes afirmo, os níveis de desenvolvimento de uma sociedade também se aferem pela forma como lida com os problemas de grupos sociais minoritários.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

TEMPOS VELHOS, TEMPOS NOVOS

 No dia 29 de Janeiro os Srs. Algoritmos do FB recordaram-me um texto “Tempos velhos, Tempo novos”, que no mesmo dia, mas em 2020, coloquei a propósito de se assinalar nessa data a passagem dos 75 anos da libertação de Auschwitz, que, inevitavelmente nos lembram tempos de terror, tempos de holocausto.

Curiosos, reli o que então escrevi e fiquei ainda mais inquieto, estamos em 2025 e tudo me parece actual. Escrevi assim.

Os tempos passados de Auschwitz não podem fazer esquecer estes tempos, sobretudo, numa época em que a intolerância, o racismo, o atropelo a direitos de minorias, a violência, o ódio, a exclusão, parem estar a crescer, estão muito perto de cada um de nós.

Acho que muitos de nós chegámos a acreditar que algumas páginas da história estariam viradas de vez e seriam história. Muitos de nós sentimo-nos perplexos porque são … o presente.

Sabemos que os comportamentos e discursos fortemente ligados à camada mais funda do nosso sistema de valores, crenças e convicções são de mudança demorada. Esta circunstância, torna ainda mais necessária a existência de dispositivos ao nível da formação e educação de crianças e jovens e de uma abordagem séria e persistente nos meios de comunicação social que assentem na promoção da tolerância e respeito pela diferença pelos direitos humanos.

Se olharmos para a mediocridade da generalidade das lideranças actuais mais evidente se torna que só uma aposta muito forte na educação, escolar e familiar, pode promover mudanças sustentadas neste quadro de valores.

É uma aposta que urge e tão importante como os conhecimentos curriculares.

 

Estou com os netos aqui no monte numa tarde de chuva, a semestralização da sua vida escolar assim o proporciona, tenho o neto grande, o Simão, aqui ao lado a jogar xadrez no computador enquanto não vamos para a oficina fazer projectos e é justamente isso que me inquieta. Que projectos estarão à espera do Simão e do Tomás? Tempos mesmo novos tomando “novas qualidades” como falava Camões ou tempos que na substância serão velhos no que é essencial, o bem-estar das pessoas, de todas as pessoas e na linha de Lampedusa, “é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma”.