Hoje realiza-se uma reunião de elementos de associações ligadas aos Centros de Vida Independente com a secretária de Estado da Acção Social e Inclusão, Clara Marques pelo que foi desconvocada uma manifestação em frente da Assembleia da República.
Está em causa o aumento dos recursos disponíveis para os Centros de Apoio à Vida Independente e dos apoios que permitam acesso aos Assistente Pessoais para quem se exige carreira e remuneração ajustada.
Retomo umas notas que muitas
vezes aqui tenho deixado, recordando o que escrevi em 5 de Maio, o Dia Europeu
da Vida Independente, em que se realizaram manifestações em oito cidades
portuguesas com o objectivo de "chamar a atenção para um conjunto de
questões que continuam por resolver no que diz respeito aos direitos das
pessoas com deficiêncial".
Na verdade, tantas vezes digo e
repito, a vida de muitas pessoas com deficiência é uma constante e infindável prova de obstáculos, muitas vezes intransponíveis, que ampliam de forma
inaceitável a limitação na mobilidade que a sua condição, só por si, pode
implicar. No entanto, muitos dos obstáculos não têm apenas a ver com barreiras
físicas, remetem para a falta de senso, incompetência ou negligência com que
gente responsável(?) lida com estas questões.
Muitos destes obstáculos estão
associados ao que as comunidades e as suas lideranças, políticas por exemplo,
entendem ser os direitos, o bem comum e o bem-estar das pessoas, de todas as
pessoas.
Como é evidente, existem muitas
outras áreas de dificuldades colocadas às pessoas com deficiência,
designadamente apoios sociais, educação, qualificação profissional e emprego,
habitação, em que a vulnerabilidade e os riscos de exclusão e pobreza são elevados
traduzido em taxas de desemprego entre pessoas com deficiência muitíssimo
superiores à verificada com a população sem deficiência.
Umas questões críticas também
consideradas prende-se comos apoios à vida independente, designadamente o apoio
para as pessoas tenham acesso a assistente pessoal, "A vida independente,
para ser possível, é preciso ter o direito à habitação, é preciso ter acesso à
habitação, aos transportes, à educação inclusiva, ao trabalho, mas há uma
ferramenta que é fundamental, que é a assistência pessoal". Alguns
milhares de pessoas aguardam o acesso a assistente pessoal.
Como tantas vezes tenho afirmado e escrito durante décadas, a inclusão assenta em cinco dimensões fundamentais, Ser (pessoa com
direitos), Estar (na comunidade a que se pertence da mesma forma que estão
todas as outras pessoas), Participar (envolver-se activamente da forma possível
nas actividades comuns), Aprender (tendo sempre por referência os currículos
gerais) e Pertencer (sentir-se e ser reconhecido como membro da comunidade). A
estas cinco dimensões acrescem dois princípios inalienáveis, autodeterminação e
autonomia e independência.
As pessoas com deficiência não
precisam de tolerância, não precisam de privilégios, não precisam de caridade,
precisam só de ter os seus direitos considerados. Os direitos não são de
geometria variável cumprindo-se apenas quando é possível ou numa lógica de
serviços mínimos que mascara a realidade.
Este é o caderno de encargos que
nos convoca a todos.
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