No Público encontra-se uma notícia daquelas que fala dos problemas minoritários que afectam as minorias que, como sabemos, quase sempre tem uma voz muito baixa. Quando chega à imprensa pode ser que fique um pouquinho mais elevada.
Um adolescente, o Ruben, de 16 anos com uma
Perturbação do Espectro do Autismo, com o 9.º ano terminado e que a escola e
família consideram não ser adequado o prosseguimento numa escola regular tem uma
vaga para frequentar o Estabelecimento de Educação Especial da Associação
Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo – APPDA de Lisboa.
A Direcção-Geral dos
Estabelecimentos Escolares (Dgest) não autorizou a matrícula porque não estaria
garantida a questão do transporte. A família desespera porque o aluno sempre
beneficiou de transporte do Município e para continuar precisa de um
comprovativo de matrícula que … a Dgest
não autoriza. A mãe informou estar disponível para assegurar o transporte, mas
desde o início do ano que o Ruben está em casa. E não acontece nada.
A vida de muitas pessoas com
deficiência é uma constante e infindável prova de obstáculos, muitas vezes
intransponíveis, em variadíssimas áreas como mobilidade e acessibilidade,
educação, emprego, saúde e apoio social, em que a vulnerabilidade e o risco de
exclusão são enormes. Assim sendo, exige-se a quem decide uma ponderação
criteriosa de prioridades que proteja os cidadãos dos riscos de exclusão, em
particular os que se encontram em situações mais vulneráveis. Como
frequentemente afirmo, os direitos não são de geometria variável cumprindo-se
apenas quando é possível.
Reafirmo que não esqueço o que de positivo se faz, mas conheço tantas práticas e tantos discursos que alimentam exclusão e são desenvolvidas e enunciados ... em nome da inclusão. Sempre recordo o Mestre Almada Negreiros na "Cena do Ódio" quando falava da "Pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões".
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