domingo, 17 de agosto de 2025

DA SÉRIE "METE-ME ESPÉCIE"

 Esta é daquelas notícias que me “mete espécie” para recorrer a um dos mais bonitos e utilizados enunciados da nossa língua.

Neste ano de avaliação digital nos exames do 9.º ano o ME decidiu criar um dispositivo de regulação no processo de classificação.  Quando a classificação final da disciplina, após a realização da prova, é inferior à classificação interna final ou a nota obtida na prova é muito superior à classificação interna do aluno, a prova é reavaliada.

Assim, de acordo com os dados disponibilizados pelo ME foram reavaliadas 13.690 provas e mais de metade, 7420, teve a sua nota alterada, subindo ou descendo. Por disciplinas, das 5488 provas de Português reavaliadas, em 3162 a classificação subiu e em 1317 desceu. Considerando a Matemática foram revistas 7708 provas e 1447 alunos tiveram um aumento da nota e em 1127 baixou a classificação.

Na verdade, este significativo volume de alterações, para além de “meter espécie, levanta dúvidas quanto às razões que esperemos vir a conhecer. Algumas hipóteses podem ser consideradas.

A Associação dos Professores de Português refere o facto de ser o primeiro ano de provas digitais e a literacia digital dos alunos pode “contaminar” o desempenho. A Associação dos Professores de Matemática refere a importância do dispositivo de regulação criado pelo ME com vista a melhorar o processo de avaliação, mas não refere a eventual razão para tantos casos de alteração da nota.

Dada a importância crítica da fiabilidade do dispositivo de avaliação externa, ficamos a aguardar alguma explicação por parte do IAVE considerando aspectos como o processo de digitalização, as metodologias ou a eficiência da logística da classificação.

No entanto e “cá para mim”, nos tempos que correm “acho” que “anda aqui mãozinha” dos Srs. Algoritmos que, por alguma deriva ideológica, decidiram criar “ruído” num processo que, como é reconhecido, tinha todas as condições para correr bem, com eficiência e competência.

Deixem lá ver, como por cá no Alentejo dizemos.

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