Amanhã vamos assistir ao mais
estranho regresso às aulas de que temos memória, às aulas presenciais no ensino secundário,
algumas, e também às actividades de creche, não lhes devemos chamar aulas. As actividades de creche com vista para uma normalidade adiada e as aulas do secundário com vista para um exame já a seguir.
As razões para que tal aconteça
são múltiplas e de diferente natureza, económicas, sociais, psicológicas,
educativas e, no caso particular do ensino secundário a existência de um modelo
de acesso ao ensino superior que assenta fundamentalmente nos exames finais.
Sobre estas razões não vou repetir o que tenho afirmado.
Os receios são muitos, quer de
alunos, quer de professores e pais. Não sendo um dos muitos milhares de
especialistas em saúde pública que se conheceram nos últimos tempos e não sendo
completamente conclusivo o conhecimento disponível sobre todos os aspectos da
pandemia, os receios são obviamente compreensíveis. Por outro lado parece cada
mais claro que um tratamento eficaz ou uma vacina não surgirão tão depressa
pelo que controlando até ao possível comportamentos e riscos teremos de ir
aprendendo a conviver com o “bicho” e retomar gradualmente boa parte das nossas
rotinas.
Como também já aqui escrevi, amanhã
não irá acontecer “creche”, as regras de funcionamento estabelecidas não são
compatíveis com tudo o que está contido na intencionalidade educativa do espaço
creche. Irá acontecer alguma “creche” o que sera positivo e algum tomar conta das crianças o melhor
possível. As crianças são resilientes desenvolverão comportamentos de adaptação
à estranheza da máscara, à falta de proximidade, à falta de trocas e partilhas,
etc., ainda que … não seja a “creche” que conhecem e precisam.
No ensino secundário, apesar das
medidas de protecção e funcionamento, irão acontecer “aulas”. Uma sala da escola, um professor, um grupo de
alunos ainda que mais pequeno, actividades escolares e … temos uma aula com
exame ao fundo.
Assim e ainda com a grande maioria dos alunos,
incluindo provavelmente as crianças até aos 3 anos, ainda em casa, com a “escola”
à distância e com a distância a aumentar para muitos alunos, e televista, mas menos
televista que no início, serão assim os dias educativos a partir de amanhã.
Apesar da complexidade da
situação, das dificuldades e receios, do continuar da discussão sobre se
deveria ou não ser assim, confio na competência e no esforço, motivação e compromisso que ainda resiste nos
profissionais das creches e das escolas, educadores, professores, técnicos,
auxiliares e direcções para cumprir a sua enorme tarefa e insubstituível
tarefa, contribuir para levar crianças e jovens ao futuro.
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