domingo, 23 de setembro de 2012

A AUSTERIDADE NÃO FOI REVISTA EM BAIXA, SEGUE DENTRO DE MOMENTOS

No meio do pó e da indignação levantadas pelo anúncio do último pacote de austeridade por parte de Passos Coelho, as análises e discursos centraram-se na insustentável mexida na TSU. A contestação envolveu mesmo áreas da coligação, o CDS-PP, e muitíssimas figuras do próprio PSD, para além, num estranho entendimento, de vozes representativas das organizações empresariais e empregadoras e dos trabalhadores, duramente atingidos nos seus rendimentos.
A pressão da rua e a realização do Conselho de Estado, onde as teses do Governo parece terem merecido acolhimento minoritário, a imprensa faz manchetes com o recuo de Passos Coelho e o "funeral" da mexida na TSU da forma proposta pelo Governo. Algumas vozes na oposição falam de vitória.
Talvez umas décadas de vida no caldo político português me tenham criado uma incómoda desconfiança, da qual não me orgulho, e uma reserva, eventualmente injusta, que obrigam a reflectir nestes processos.
Será que Passos Coelho e a pequena equipa que o apoiou na proposta sobre a TSU não anteciparam a reacção que a inviabilizaria sob pena de desencadear uma situação política e social potencialmente incontrolável? Tenho dificuldade em acreditar que tenham sido "surpreendidos" com as reacções.
E se envolvido no restante pacote de austeridade, esse sim, a ser imposto, a mexida na TSU apenas fosse um instrumento de gestão política destinado, através de uma posição de recuo posterior, a legitimar todo o restante pacote com a vantagem de tal recuo poder ser envolvido num processo de "concertação social" e "diálogo" com os parceiros sociais, num clima de "humildade" e "sensatez"?
É rebuscado e delirante? É injusto? Está errado?
Pode ser que sim, mas não tenhamos dúvidas, a austeridade não foi revista em baixa, segue dentro de momentos.

1 comentário:

anónimo paz disse...

Política, dura, pura e emporcalhada.


saudações