No meio do pó e da indignação
levantadas pelo anúncio do último pacote de austeridade por parte de Passos
Coelho, as análises e discursos centraram-se na insustentável mexida na TSU. A
contestação envolveu mesmo áreas da coligação, o CDS-PP, e muitíssimas figuras
do próprio PSD, para além, num estranho entendimento, de vozes representativas das
organizações empresariais e empregadoras e dos trabalhadores, duramente
atingidos nos seus rendimentos.
A pressão da rua e a realização
do Conselho de Estado, onde as teses do Governo parece terem merecido
acolhimento minoritário, a imprensa faz manchetes com o recuo de Passos Coelho
e o "funeral" da mexida na TSU da forma proposta pelo Governo.
Algumas vozes na oposição falam de vitória.
Talvez umas décadas de vida no
caldo político português me tenham criado uma incómoda desconfiança, da qual
não me orgulho, e uma reserva, eventualmente injusta, que obrigam a reflectir
nestes processos.
Será que Passos Coelho e a pequena
equipa que o apoiou na proposta sobre a TSU não anteciparam a reacção que a
inviabilizaria sob pena de desencadear uma situação política e social
potencialmente incontrolável? Tenho dificuldade em acreditar que tenham sido
"surpreendidos" com as reacções.
E se envolvido no restante pacote
de austeridade, esse sim, a ser imposto, a mexida na TSU apenas fosse um
instrumento de gestão política destinado, através de uma posição de recuo
posterior, a legitimar todo o restante pacote com a vantagem de tal recuo poder
ser envolvido num processo de "concertação social" e "diálogo"
com os parceiros sociais, num clima de "humildade" e
"sensatez"?
É rebuscado e delirante? É
injusto? Está errado?
Pode ser que sim, mas não
tenhamos dúvidas, a austeridade não foi revista em baixa, segue dentro de
momentos.
Política, dura, pura e emporcalhada.
ResponderEliminarsaudações