Num tempo estranho e duro tropeço com uma notícia no Record que me deixou surpreendido e, simultaneamente, me levou numa viagem no tempo que, como sabem, é uma tentação frequente dos mais velhos.
Há poucos dias disputou-se em Zaragoza o Campeonato Mundial de Matraquilhos em que na final se defrontaram Portugal e Espanha que venceu. Desconhecia a existência desta modalidade enquanto tal e o desempenho notável de muitos praticantes neste campeonato que aqui se regista e felicita..
Por outro lado, andei muito para
trás no tempo, a entrada na adolescência quando jogar matraquilhos era uma
actividade muito comum para muitos de nós.
Não tínhamos telemóveis,
computadores e mesmo os brinquedos mais sofisticados estavam longe das bolsas
de muitos pais, incluindo os meus.
Os matraquilhos eram uma
tentação, mas também era preciso ter a moedinha. Muitas vezes fazíamos viagens
a pé de casa para Almada ou volta para poder jogar aos “matrecos”.
Lembro-me de em Almada jogar no
café Ver Cruz e ter a sorte de ter um parceiro, o Zé Miguel, cigano, que era
uma máquina a jogar à frente e eu desenrascava-me na defesa. Muitos lanches
tivemos à conta da habilidade ofensiva do Zé Miguel e, claro, da minha solidez
defensiva.
Também na minha terra, Feijó,
nome muito referido diariamente nas rádios de devido às filas de trânsito para
a ponte 25 de Abril que estão muitas vezes perto das pontes do Feijó, jogávamos
matraquilhos na Tasca do Manel.
Recordo ainda os matraquilhos
porque, ainda miúdo, conseguíamos tirar, por assim dizer, uma bola para,
imaginem, jogar hóquei em patins, modalidade em alta naquele tempo.
Claro que ninguém de nós tinha
patins nem sticks. Recorríamos a uns talos de couve com uma curva que pudesse
fazer de stick ou construíamos em madeira, solução mais frágil.
Eram tempos outros. Quando conto
estas histórias aos meus netos fico com a sensação de que estão a ouvir
(imaginar) ficção científica ao contrário.
De novo, as felicitações aos
intervenientes pelo desempenho no Campeonato Mundial.
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