Embora não esqueça outras realidades, não é possível, por cá
estamos num tempo em que boa parte das histórias que envolvam miúdos se
passam em casa.
Permitam-me a partilha de uma história que tornou os meus
dias de confinamento bastante mais leves, se assim posso dizer.
O contacto com os meus netos, como com toda a gente, é assente
no WathsApp ou no Facetime entre outras ferramentas, não sei se já ouviram
falar nestas coisas.
O meu neto Grande, o Simão, é um miúdo muito dado ao que ele
chama de “projectos” que vai inventando, realizando e reformulando com o Lego
ou com “trabalhos manuais”, também na sua linguagem.
Todos os dias, conforme a lida dele, a escola em casa, ou a
minha, dar escola na casa dos meus alunos e alunas, passamos algum tempo com
projectos e em trabalhos manuais, sendo a minha intervenção em modo virtual,
como agora se usa.
Um destes dias o Simão com uns cartões velhos, plástico, tesoura, colas
e mais uns artefactos envolve-se empenhadamente em mais um projecto e eu, com
às vezes acontece, vou assistindo em silêncio à sua tarefa, também nos
entendemos sem falar.
Alguns minutos depois.
Simão, isso que estás a fazer é o quê?
É um troféu.
Um troféu?! E por que razão estás a fazer um troféu?
É para te dar.
A mim! Porquê?
Porque tu és um bom Avô, ensinas-me muitas coisas.
A sério? Fico contente, tu e o Tomás também são uns bons
netos e gosto de vos ensinar coisas. Também aprendo coisas contigo, no Lego não
sou muito bom e aprendo com os teus projectos.
Pois é.
E o que tem o troféu, o que são essas coisas?
Tem este lápis porque me ensinas fazer desenhos, tem esta
roda porque me ensinaste a andar de bicicleta e tem esta coisa redonda porque
me ensinaste a jogar à bola.
Muito obrigado, Simão. Agora guardas o troféu e quando o
bicho se for embora podes dar-mo.
Não é preciso Avô, quando o meu pai for à tua casa levar
coisas leva o troféu.
Já chegou e eu sou um homem de sorte, recebi um lindo troféu
E são também assim os dias do confinamento.
E são também assim os dias do confinamento.
3 comentários:
Uma delicia!
Abraço
Alexandre
Fantástico!
São tão bons esses troféus!
Beijinhos cá do seu Alentejo.
Olá Alexandre e Helena, é a magia da avozice. Obrigado.
Enviar um comentário