AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

NÃO ENTENDO. O BURRO SOU EU

Volto a estar de acordo com Scolari, por mais esta vez. O burro sou eu. Para não variar, a propósito da Greve Geral da Administração Pública, verificámos uma ligeiríssima diferença entre a informação sobre a adesão dos funcionários prestada pelo Governo e a que foi adiantada pelos Sindicatos. Com efeito, o Senhor Secretário de Estado referiu que apenas 21.81% (que precisão!) dos funcionários aderiram à greve, enquanto os Sindicatos apresentaram um valor ligeiramente acima, 80 %. É certo que a diferença é mínima, mas ainda assim gostava de perceber como a mesma realidade pode merecer leituras tão elásticas. No entanto, acho que não sou mesmo capaz de entender.

Já agora, também preciso da vossa ajuda para entender como é que a Câmara de Felgueiras já desembolsou 200 000 euros (sim, 200 000) para custear a defesa jurídica da D. Fátima, incluindo o advogado brasileiro que a ajudou a lidar com as agruras da estadia em terras de Santa Cruz onde passou largos meses fugida à justiça, dizem as más-línguas, e a aprofundar as relações com o país irmão, digo eu. Mas o burro sou eu.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

AS ESPADAS E OS ESPADINS NÃO

Estou decepcionado. Fiquei a saber que foi proibido aos militares o uso e a posse de espadas e espadins(!) fora do seu estrito uso no âmbito das suas funções. Não quero acreditar. Nem a reserva moral e ética da República, as suas nobilíssimas Forças Armadas, podem ter em casa a espada e o espadim. Erguei-vos militares, as espadas e os espadins fazem parte da farda e da cultura, não são uma qualquer G3, que se substitui quando envelhece. A espada e o espadim não envelhecem.
Eu, ainda numa de romantismo incorrigível, confesso que esperava um outro movimento de solidariedade e apoio encabeçado por novos Robin Hood. Imaginava-os de espada e espadim em riste, a ajudarem-nos no combate à tirania fiscal dos Príncipe João que nos governam e dos sheriffs de Nottingham, acolitados pelos novos Gisbornes, que enxameiam muitas das nossas autarquias como no condado de Felgueiras ou no de Marco de Canaveses. O nosso rei Ricardo, chamado Sebastião, se ainda não voltou, ao ver o estado a que isto chegou, dá meia volta e some-se de vez no nevoeiro. Militares não abdiquem da espada e do espadim. A Pátria chama-vos.
PS – Não faço a mínima ideia do que será um espadim mas o nome é giro.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A DEMOCRACIA CONSTIPOU-SE

Como é sabido, existem muitíssimas queixas sobre o funcionamento do Sistema Nacional de Saúde. Tal situação não pode deixar de afectar a qualidade de vida dos cidadãos, designadamente no que à saúde respeita. Se acrescentarmos o tempo frio o risco de complicações aumenta e aconselha-se a vacinação sobretudo aos mais velhos e aqui está o problema. A democracia em Portugal é uma jovem com pouco mais de trinta anos, logo não se vacina e depois … pumba, constipa-se facilmente.
O PCP quando escolhe os seus candidatos para lugares políticos sujeitos a eleição, obriga-os à assumpção escrita de um compromisso no sentido de manter sempre o seu lugar à disposição do partido. Nesta conformidade um deputado, que eu pensava da nação, é do partido, ou seja, o partido é dono do deputado. Bonito. Por outro lado, quando os candidatos subscrevem a tal declaração, presume-se que entendam estar a aceitar um compromisso por sua escolha. Pois é. A deputada Luísa Mesquita não acha que deva cumprir o que, parece, ter assumido livremente, o PCP entende que ela deve sair conforme previsto na declaração assinada, instala-se a birra, zangam-se as comadres e temos mais um edificante episódio da nossa vida política. E depois admiram-se com os níveis de abstenção. O pessoal maior está farto de uma política menor.

CUIDADO, O NATAL ESTÁ A CHEGAR

O meu compridíssimo dia de 3ª feira quase sempre inviabiliza a passagem por este espaço. Mas cá estamos. Na 2ª feira o Público titulava, “Os brinquedos mais procurados são os que as crianças viram nos ecrãs”. Claro. O Natal está aí e, portanto, está aberta a época de caça. A publicidade nos “ecrãs” vai direccionar-se em força para os putos estimulando o consumo a que os pais dificilmente resistem. Será ingénuo pensar que quem produz e promove produtos para crianças e quem gere os “ecrãs”, assuma uma preocupação com o equilíbrio entre o natural interesse dos putos por brinquedos e a natural vontade dos pais de proporcionarem prendas aos filhos, sobretudo numa época, o Natal, que está transformada num centro comercial decorado a vermelho e com barbas e num tempo em que cada vez mais “só se é o que se tem” e “ter mais é ser mais”. No entanto, acredito que podemos fazer alguma coisa junto dos pais e dos putos para tentar atenuar os efeitos deste cenário. As escolas poderiam ter um trabalho interessante debatendo com os miúdos, de todas as idades e de forma adequada, o papel da publicidade nas escolhas e nos gostos deles promovendo uma atitude mais consciente e crítica destes processos. Poderia também ser interessante conversar com os pais sobre o papel dos “presentes” nas relações familiares, isto é, mais prendas não é igual a gostar mais, sobre o papel da publicidade e a forma de lidar com a pressão desencadeada pelos filhos depois de verem “os ecrãs”. Pode não ser claro, mas a minha ideia não é estragar o Natal, é ter um Natal por medida em vez de um Natal pronto a consumir.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A PEC, POLÍTICA EDUCATIVA EM CURSO, DE NOVO

O JN refere-se hoje aos preocupantes níveis de insucesso escolar verificados no Ensino Básico, designadamente no 3º ciclo. Sublinha que, considerando os últimos dados conhecidos, correspondentes a 2004/2005, o insucesso é superior ao verificado em 1995/1996, isto é, passou de 18.4 para 19.7. Estes dados, aos quais já aqui me tinha referido, são especialmente preocupantes pois estamos a falar de um período dentro da escolaridade obrigatória e com implicações severas no trajecto futuro destes alunos para quem as Novas Oportunidades poderão não chegar. Preocupa-me ainda que a PEC, política educativa em curso, não pareça direccionada para o combate eficaz a este quadro. Apesar de alguns não gostarem, é verdade que o insucesso é socialmente selectivo, que as escolas recebem populações muito diversas, que a gestão das escolas é um factor determinante na sua qualidade e onde não se mexe significativamente há décadas, que tanto quanto remediar com novas oportunidades é preciso não falhar as “velhas oportunidades”, que os anos de transição de ciclo são especialmente vulneráveis, que a reprovação não pode ser apenas um acto administrativo mas uma decisão de natureza pedagógica, etc, etc.
É urgente ajustar os modelos de organização curricular e pedagógica dos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico diminuindo o número insustentável de disciplinas, facilitando a articulação vertical e retomando o espírito da Lei de Bases de Área Curricular. É urgente definir de forma séria, diferenciada por escola, dispositivos de apoio às dificuldades dos alunos, designadamente aos que não podem “comprar” apoios exteriores à escola e que são a maioria. É urgente reformar o modelo de gestão das escolas/agrupamentos, condição imprescindível a uma verdadeira autonomia, responsável por recursos, programas e resultados e que esta autonomia seja regra no sistema e não excepção “contratualizada”. É urgente a definição de Observatórios de Qualidade nas escolas que agilizem a avaliação e ajustamento de processos e resultados. É urgente…

OS MIÚDOS DO DR. PORTAS, O PAULO

O Portugal dos pequeninos, por vezes, diverte. Então quando os meninos do Dr. Portas, o Paulo, abrem a boca é humor do sério. Depois do inenarrável João Almeida que dirigiu a Juventude Centrista e já está nos seniores com assinalável sucesso a avaliar pela qualidade das suas ideias e a excelência do seu desempenho político, agora temos outro menino, o Pedro Moutinho que dirige, bem, a JC. O rapaz é um génio de análise política, que se cuide o Professor, o Marcelo. Então o Pedrinho consegue vislumbrar que entre os responsáveis e operacionais dos inqualificáveis desmandos da esquerda no Verão Quente de 1975, se encontrava Bernardino Soares, o líder parlamentar do PCP que há altura teria 4 (quatro anos). Miúdo precoce este. De tal forma que cedinho chegou aos seniores do partido e por lá continua. Mas já lhe chegou, logo aos 28 anos ter afirmado, num genial rasgo de lucidez política, “tenho dúvidas que a Coreia do Norte não seja uma democracia”. Isto ainda vá que não vá. Mas incendiar sedes partidárias aos 4 anos?
Ó Dr. Portas, explique lá aos putos que pensar e saber alguma coisinha de história, faz bem e poupa a asneira.

domingo, 25 de novembro de 2007

NOTAS DE FIM-DE-SEMANA, O ENCANTO E O DESENCANTO

Algumas notas de um fim-de-semana que começou no meu Alentejo, passou por Lisboa e está a acabar junto de uma lareira algures no deserto, a Margem Sul, exactamente onde começa o além Tejo.
Ontem tive o privilégio do encanto. Encantei-me com uma conversa falada pelo Professor Manuel Patrício em torno da “sua” escola cultural e que eu chamo de ESCOLA porque, se não acolher e promover as culturas, não é … escola. Ouvir o Professor Manuel Patrício faz-me sentir melhor com o mundo, perceber que, às vezes, a existência é, só por si, a mestria. Na mesma circunstância apareceu um apaixonado lúcido, o Mário Augusto, jornalista especializado em cinema, que partilhou com o grupo algumas ideias a propósito da presença do tema “educação” na produção fílmica. Como todos os apaixonados lúcidos, fala da sua paixão com o secreto desejo de que a gente também se apaixone. E a gente apaixona-se. Tudo junto, um encantamento.
Nota menos positiva, de desencanto. A solidão é a segunda maior preocupação dos velhos depois dos problemas económicos. Se minimizar os problemas materiais pode transcender a capacidade individual de cada um de nós, a forma como (des)tratamos e isolamos os velhos é uma questão de cultura e aí, somos todos responsáveis.

A BIRRA DO VASQUINHO COM O MIGUELITO

Alguém é capaz de me explicar o que é que eu tenho a ver com a birra entre dois putos betinhos, mal-educados, mimados e arrogantes. Porque é que eu pego num jornal sério, chamado “de referência” e tenho que levar com o Vasquinho (Pulido Valente) e com o Miguelito (Sousa Tavares). Não há saco. O Miguelito acha que vende mais livros, o Vasquinho acha que sabe mais, o Miguelito diz que fuma mais e por isso é mais personalizado, o Vasquinho diz que escreve melhor e que o Miguelito só diz asneiras, o Miguelito diz que o Vasquinho é invejoso, o Vasquinho acha que é mais intelectual e o Miguelito acha que é mais conhecido. Eu acho que se estes putos trocassem uns estalos isto passava. Mas por favor, poupem o pessoal a estas cenas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

DEIXEM O BRUNO JOGAR À BOLA

O Bruno tem oito anos, adora jogar futebol e, ao que parece, fá-lo muito bem, na sua terra em Braga. Os pais terão prometido o Bruno, isso, leram bem, prometeram o Bruno ao Sporting quando ele chegar aos doze anos. Entretanto aparece um contrato, sim leram bem, um contrato assinado pelo pai do Bruno no sentido de ele jogar pelo Benfica, coisa fácil porque são perto de 350 km e o puto já tem oito anos. Vai daí, o pai do Bruno diz que só assinou com o Benfica uma autorização para a participação num torneio e não um contrato duradouro. Resultado. O puto não joga em Braga, não joga no Benfica e, naturalmente, também não está a jogar no Sporting. Consta que anda triste.
Eu também fico triste. Os pais não são donos dos filhos. Os clubes não podem comprar miúdos. Este é um bom exemplo da cultura de interesse pelos putos que predomina num país que fica histérico por causa da Esmeralda e da Maddie, mas que, no fundo, todos os dias atropela os direitos dos mais pequenos. Deixem o Bruno jogar à bola.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

MAIS PORTUGAL DOS PEQUENINOS - SCOLARI E POLÍTICOS

Eu bem que gostava de falar menos vezes do Portugal dos pequeninos, mas não é possível. Para hoje duas referências breves.
Primeira. Era uma vez um país europeu pequeno e democrata em que se discutia na Assembleia da República o Orçamento de Estado para o ano seguinte. Nos termos institucionais o Governo apresentou, como é dever e direito, uma proposta, sublinho uma proposta, para discussão. Como seria de esperar, considerando as saudáveis diferenças em democracia, os partidos na oposição apresentaram variadíssimas propostas de alteração. Não cuido de saber, porque não consigo acompanhar, o mérito, ou a falta dele, de todas as propostas da oposição, o que eu não consigo perceber é como o partido que suporta o Governo desse país entende não aceitar nenhuma, sublinho nenhuma, das propostas. Genialidade governativa ou arrogância? De pequenino me diziam, “Perfeito só Deus”, e eu sou agnóstico. Depois acham estranho que nesse país a classe política, de forma geral, não tenha uma imagem de credibilidade.

Segunda. Excelência, Mestre, Salvador, Milagreiro, Grande Farol, Madre Teresa, Pai de Todos, Grande Irmão, Génio, Santo, Querido Líder, Mister, Senhor Luís Felipe Scolari, com toda a humildade e um pedido de desculpa por tanta ousadia, acho que o Senhor não tem razão. O senhor não é burro. De jeito maneira, como se diz no paraíso donde vem. O burro sou eu, repito, o burro sou eu. E sou burro, muito burro, porque de minino aprendi a gostar de futebol. Ainda não perdi esse gosto e, por isso, ando desde 2003 a levar com a sua arrogância e má educação. Deixe-me continuar a gostar de futebol, pegue nos seu adjuntos Murtosa & Madail e vá conquistar novas glórias por esse mundão de Deus, ou de Nossa Senhora do Caravaggio. Já não há saco, Mestre.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

À ATENÇÃO DOS CAVALEIROS DOS RANKINGS

Voltando à recorrente questão dos rankings, sugiro a consideração atenta das propostas subscritas hoje no Público por Joaquim Azevedo que, em minha opinião, se constituem um importante contributo para o tratamento sério e adequado dos dados publicitados pelo Ministério da Educação. Da forma sugerida pelo Professor Joaquim Azevedo, a elaboração de rankings pode contribuir para a análise e estudo do sistema educativo e, portanto, tornar-se uma, mais uma, ferramenta útil para a promoção da qualidade. Leia com atenção Dr. José Manuel Fernandes. Está pertinho, está no seu jornal.

PORTUGAL DOS PEQUENINOS - JUÍZES E FISCO

A Administração Fiscal deixou prescrever 78 436 processos no valor de 531 milhões de euros. Acresce que, em 134 750 processos de dívidas não existem bens passíveis de penhora, sendo que em muitos é utilizado o expediente do devedor passar a titularidade de bens para terceiros. Tudo junto, evaporam-se mil milhões de euros. E não acontece nada, ninguém é responsável por tanto desperdício e ineficácia.
O Tribunal da Relação de Coimbra clarificou decisão anterior relativa ao “caso Esmeralda”, levando a que a criança, parece, deva ser entregue ao pai, isto é, ao indivíduo que a fez, a 26 de Dezembro. Não será possível explicar a alguns juízes que administrar a lei não é aplicá-la? Se fosse uma mera aplicação um funcionário administrativo conhecedor dos códigos fá-lo-ia a contento. Será que alguns juízes não percebem que as leis se dirigem para as pessoas e para os seus direitos e não contra as pessoas e contra os seus direitos? Será que não é possível explicar a alguns juízes que o bem-estar e o, já cansa, SUPREMO INTERESSE DA CRIANÇA, podem não ser formatados e compatíveis com uma aplicação cega e administrativa da lei? Tenham vergonha.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

ACIDENTES COM CRIANÇAS E JOVENS

De acordo com um relatório apresentado em Bruxelas pela Aliança Europeia para a Segurança Infantil, Portugal apresenta o pior resultado dos 18 países analisados em matéria de prevenção de acidentes com crianças e jovens. Considerando os dados de 2001, poder-se-iam ter salvo 560 crianças e jovens das 731 que morreram acidentalmente (77%) se utilizássemos os padrões de segurança da Suécia.

Considero que nesta matéria, tal como noutras, o nosso problema é mais de cultura do que falta de dispositivos legais que, quando existem, são encarados mais como indicativos do que imperativos. Precisamos fundamentalmente de construir uma cultura de protecção das crianças e jovens. Olhem para a forma como muitas crianças estão no parque infantil mais usado actualmente, o banco de trás do carro dos pais.

Ainda neste âmbito, registo o aparecimento de um telemóvel para crianças pequenas concebido com a nobilíssima intenção de lhes proporcionar segurança através do permanente contacto com os pais. Tem ainda a evidente vantagem de proporcionar comunicação hightech na família. Por estranha coincidência, este dispositivo chega ao mercado em cima do Natal. Um velho ditado diz que “de pequenino é que se lança o consumo”. Ele há coisas.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

BAIXA NATALIDADE. QUE FAZER? TALVEZ ...

A baixa taxa de natalidade é um problema bastante sério em Portugal. Mais um. Para renovar as gerações, torna-se necessária uma taxa de nascimentos de 2.1 filhos por cada mulher em idade fértil e a taxa actual é de 1.36. Manifestamente baixa.
Entre os factores contributivos para esta situação é frequente a referência a que o entendimento da maternidade e paternidade como grande desígnio dos casais está a ser substituído pelo investimento nas carreiras o que retarda e/ou impede a prole. Também sabemos que as mulheres portuguesas são as que, na Europa, mais estão no mercado de trabalho o que não é um facilitador da vida familiar. É também verdade que, em termos económicos e na conjuntura actual, a maternidade e paternidade têm custos elevadíssimos pese os, baixos e desajustados, incentivos já disponíveis. Tudo isto é real, mas creio que um factor a considerar também seriamente será o baixo nível de confiança no futuro e o fraco optimismo daí decorrente. De facto, nesta fase, seremos uma comunidade algo descrente, pessimista e sem confiança na melhoria a curto prazo. Precisamos de “dar a volta”. Então que fazer? Oiçam o Pedro Abrunhosa ... isso ... talvez ….

Mas por favor, depois, tratem bem os putos.

TERRA MOLHADA

Acho mais sinceros os dias de chuva. Nos dias que em chove ponho-me a pensar que não sou eu só que vivo arreliado. Depois, o cheiro da terra molhada é que me faz de novo animar.
(Almada Negreiros)

domingo, 18 de novembro de 2007

O PECADO DO DR. LEMOS, O VALTER

Na Comissão Parlamentar da Educação, durante a discussão do orçamento para o sector, uma das questões discutidas foi o apoio (falta dele) educativo a alunos com necessidades educativas especiais, designadamente, o facto de, em muitíssimas situações, os apoios serem providenciados por professores manifestamente não preparados. O inenarrável Dr. Lemos sustentou que este Governo criou um quadro de professores de educação especial e que, de facto, na falta de recursos foram colocados outros professores, “tal como aconteceu no passado”. Afirmou ainda não ter recebido uma única queixa sobre a situação. Já me tenho referido a esta questão neste espaço e, mais uma vez, a ela volto.
O número de lugares definido no quadro do Dr. Lemos foi muito abaixo do número de professores a desempenhar funções de apoio. Em consequência, muitos alunos ficaram sem apoio e foi necessário definir critérios apertados para definir que alunos o teriam pois teríamos menos professores. O Dr. Lemos implantou uma coisa terrorista e totalmente inadequada na educação, chamada Classificação Internacional de Funcionalidade com base na qual se decide quem tem apoio. Acresce que, em consequência da forma desajustada como foi criado o quadro e de alterações surrealistas na carreira, muitos professores especializados e altamente experientes em apoio educativo, viram-se obrigados a abandonar essa função sob pena de prejuízo profissional. O Dr. Lemos e o seu competente staff devem saber disto. Também devem saber que educadoras de infância com experiência e formação em intervenção precoce estão a apoiar escolas secundárias!!!, que professores sem experiência lectiva estão a apoiar!!! alunos com dificuldades, que professores do 2º e 3º ciclo a apoiar!!! alunos no 1º ciclo, etc, etc. A imprensa, recorrentemente, refere situações de alunos sem o apoio de que necessitam e que, face à mediatização, logo têm a promessa da solução. O Dr. Lemos diz que não conhece nada disto e, bem temos dado por isso, não tem estado emigrado.
Um governante, deseja-se, deve ser competente. Um governante, exige-se, deve ser sério.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

NET E AZEITONAS

Estou a cumprir neste preciso momento mais um passo no meu choque tecnológico. Estou no meu Alentejo e com net no monte. Maravilha das capacidades de um brinquedo novo.
Mas hoje já tinha sofrido mais uma actualização. Como sempre nesta altura, fui entregar a azeitona no lagar da vila. Na entrada leio que "este lagar não aceita azeitona em sacos e caixas de madeira". Mau, levo 15 sacas de azeitona, ter de voltar com ela para o monte e transportá-la de novo aos baldinhos não me vai dar jeito nenhum. O encarregado do lagar, o Luís, diz que "é por causa dos gajos da CEE" que "cada ano inventam uma molenga" até "acabarem com isto tudo". Mas como não podemos fazer tudo o que a CEE quer, e como as minhas sacas não eram de adubo, mas de rações, lá pude deixar a azeitona de hoje e amanhã, com umas sacas novas, vai o resto, espero. Só para me vingar, os gajos da CEE que inventam estas molengas, nunca irão provar o azeite da minha terra. Usam margarina asséptica, de plástico e à prova de sabor. Não sabem o que perdem.

OS MENORES COM ATENÇÃO MAIOR

O Procurador-geral da República determinou a constituição de uma equipa especialmente dedicada à investigação de todas as denúncias de abusos e maus-tratos a crianças ocorridos em instituições públicas ou com tutela do Estado. Uma boa notícia. Apesar de tarde e de muitos casos ocorridos eventualmente evitáveis, os menores começam a ter atenção maior. Faltará ainda uma administração da justiça que seja célere, que se não deixe enredar em expedientes de natureza processual com intuito dilatório que protegem a culpa e não servem para provar a inocência. É preciso ainda que os juízes entendam definitivamente o que é o tão referido supremo interesse da criança, tantas vezes esquecido.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

MÉDICOS E PATOS

Rendo-me. Há coisas que não sou mesmo capaz de entender. Dois exemplos.
Primeiro. O Código Deontológico dos médicos define a prática de aborto como “falha grave”. Se entendermos o papel de um código deontológico, um médico que realize aborto cairá necessariamente num comportamento sancionável. Uma vez que a lei em vigor permite, dentro dos limites estabelecidos, a sua realização, cria-se uma situação estranha. Como este acto clínico precisa de acompanhamento médico, está a obrigar-se um profissional a cometer um “falha grave”. Como a lei também prevê a objecção de consciência, parecia então razoável que o Código Deontológico fosse ajustado a um novo quadro legal tal como é entendimento da Procuradoria-Geral da República. Mas não, o Bastonário da OM, Dr. Pedro Nunes, acha que em princípios e valores não se toca pelo que o Código não deve ser alterado e afirma que o médico que realizar um aborto não será sancionado. Não dá para entender. O Código proíbe algo que é legal, mas se alguém praticar, não acontece nada. Então para que raio serve um Código se não é para cumprir. Saberá certamente o Bastonário que a escravatura e o racismo, por exemplo, já foram “valores” e agora são crimes. É Senhor Bastonário, por estranho que lhe pareça, o mundo move-se.
Segundo. Foram importados patos de Inglaterra oriundos de locais onde foi detectado o vírus da gripe das aves. Também não entendo. Fomos importar patos de “patário” com risco de doença, quando temos em Portugal uma fortíssima reserva de “patos-bravos”. Não vale a pena importar patos de plástico quando os temos bravos. Estão acessíveis no país inteiro com predomínio das cidades e do litoral onde também reside a maioria das pessoas. São patos-bravos normalmente com um ar robusto e saudável e podem apanhar-se com armadilhas preparadas com notas de euro junto a Câmaras Municipais. No entanto, devem usar-se com parcimónia porque são ambientalmente devastadores. Expliquem-me a necessidade de importar patos. E logo de Inglaterra.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

UMA ESFOLADELA NOS JOELHOS SÓ FAZ É BEM

Numa discreta posição aparece no Público de hoje uma referência a um interessante comunicado da Royal Society for the Prevention of Accidents (RoSPA) de Inglaterra. Refere-se o comunicado a algo que, frequentemente, abordo em muitas conversas com pais e que consiste numa procupação fundamentalista com a segurança e riscos na vida dos miúdos que, por vezes, é excessivamente zelosa inibindo experiências e actividades contributivas para a capacidade de gestão de limites e riscos e para o aumento da autonomia dos miúdos, factor nuclear no seu desenvolvimento e educação. Diz o comunicado da RoSPA que as actividades disponibilizadas aos mais novos “devem ser tão seguras quanto necessário e não tão seguras quanto possível”. Refere ainda que a esfoladela ou o arranhão resultantes do jogo não têm que ser entendidas como experiências negativas, pelo contrário, ajudarão os miúdos a conhecerem riscos, limites e estratégias de protecção e superação de dificuldades ou incidentes. Num mundo, que à luz de uma quase paranóia securitária, que se pode entender mas não tem que se aceitar, procura o risco zero da gaiola dourada, parece importante que pais e educadores assumam uma atitude mais flexível e aberta e, sobretudo, que o façam com a convicção de que continuam a zelar pela segurança dos mais pequenos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A JUSTIÇA DE CARRO

Hoje, em alguns serviços noticiosos referia-se a aquisição por parte do Ministério da Justiça de cinco carros de gama alta, em ajuste directo e sem a requerida autorização do Ministério das Finanças. As referências continham alguma crítica à operação considerando sobretudo a época de contenção que se atravessa. O país não pára de me surpreender e a injustiça destas críticas é enorme. Entendo, pelo contrário, que finalmente o Ministério da Justiça ficou sensível aos problemas que, recorrentemente, são inventariados no sistema português. Vejamos.
Aquisição por ajuste directo e sem a exigida autorização prévia das Finanças. Então e o Simplex? E o combate à burocracia? Está certo. Há que agilizar processos.
Cinco carros de gama alta com potência significativa. Então a tão falada lentidão da Justiça? 140 cavalos têm uma enorme capacidade de aceleração. Com um bocadinho de sorte chegaremos ao grande desígnio “sentença na hora”.
Equipamentos extra. Então e a degradação do parque da Justiça? E a falta condições de trabalho? Está certo.
Computador de bordo. Hoje em dia e como tanto se reclama há que informatizar procedimentos.
Sistema de navegação Plus. Óptimo. Então não se afirma tantas vezes que a Justiça anda sem rumo? Um sistema de navegação parece-me imprescindível.
Alarme. Então não é fundamental que se algo não está bem soem avisos que permitam prevenir danos? Parece-me óbvio.
Sistema de ajuda ao parqueamento. Ao que se ouve, um dos grandes problemas da justiça parece ser a arrumação de processos. Um sistema de ajuda à arrumação é genial.
Finalmente um Ministro da Justiça com vontade de mudar. É um incompreendido.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

UM BOM NEGÓCIO, EMPRESAS DE CORRECÇÃO

No JN de hoje apareceu uma referência a uma área de negócio que me pareceu francamente interessante. Constituiu-se, ao que parece com sucesso, uma empresa de prestação de serviços visando a utilização correcta da Língua Portuguesa. Genial. Com a capacidade empreendedora dos portugueses estou a imaginar a rápida definição de um “cluster” da correcção. Existem excelentes perspectivas e numa breve reflexão sobre mercados potenciais ocorreram-me algumas hipóteses para “empresas na hora”.
Utilização correcta do Código de Estrada e do automóvel, tentando, por exemplo, evitar a circulação superior a 180 Km/h e o atropelamento de peões nas respectivas passadeiras;
Uso correcto das “beatas” e lixo menor, promovendo a adequada utilização dos respectivos recipientes e sacos, em vez de uma desordenada decoração dos espaços públicos;
Uso correcto da produção salivar, muita da qual se estatela nos passeios ou sai pelas janelas dos automóveis num enorme desperdício de biomassa;
Utilização correcta da canina capacidade de fazer merda, uma vez que os passeios e sapatos não precisam de adubo;
Utilização correcta dos já referidos passeios, pois são demasiado estreitos para acomodar carros e peões o que acaba por deixar alguns, poucos, condutores com problemas de consciência;
Utilização correcta do dedo do meio, evitando que muitas pessoas o usem como único recurso argumentativo;
Utilização correcta dos velhos, capitalizando saberes e experiência;
Utilização correcta dos putos, ajudando-os a crescer e a ser gente e não mais do que isso.

domingo, 11 de novembro de 2007

DE REGRESSO

O regresso depois de quatro dias no meu Alentejo. Lindo como sempre, mas preocupado com a água que tarda em chegar. Algum frio também seria bem-vindo. Deu para começar a preparar alguma terra para favas e ervilhas, desmoitar algumas oliveiras para facilitar a apanha da azeitona que bem precisava de chuva e frio para evitar a gafa. Permitiu também distanciar-me um pouco, só um pouco, do Portugal dos pequeninos. Tendo a leitura da imprensa em atraso, uma revista rápida foi estimulante.
O Papa terá repreendido os bispos portugueses por mau desempenho da igreja cá no burgo. A Ministra da Educação terá prometido um programa de apoio ao sucesso profissional dos bispos integrado no Novas Oportunidades. Devido às agruras da fortuna a D. Fátima (de Felgueiras) terá perdido todo o seu vasto património, sendo a Câmara que assegura os custos da defesa da senhora nessa vergonha nacional chamada “processo Fátima Felgueiras”. Ainda se analisa o jogo entre o menino guerreiro e o engenheiro que, parece, acabou com uma cabazada das antigas para o lado do engenheiro. Dizem que se esqueceram do OGE, mas ninguém consegue fazer tudo bem, ou brincam ao “sou melhor que tu” ou discutem coisas sérias, se ambos quisessem e soubessem. Um deputado do PSD na Madeira defende a independência do Arquipélago. Se me prometer que não volto a levar com o Alberto João e quadrilha tem o meu voto. Numa sala de aula onde se brincava aos políticos, um puto muita reguila chamado Chávez que nunca se cala e diz e faz, muita asneira, foi mandado calar por um betinho chamado Juan Carlos porque tava a chamar nomes a um amigo do betinho, o Aznar. Uns estalos no recreio (não, não é bullying) e isto resolvia-se.
Finalmente, e acabando na escola, uma professora do 1º ciclo na Guarda foi afastada das aulas por alegada violência e humilhação aos alunos. Compreende-se, tanto os professores se sentem maltratados pela PEC (Política Educativa em Curso) que, por uma vez, só desta vez, a mal tratada passou a mal tratante. Teve azar, os putos queixaram-se. A tradição já não é o que era. Parece que a senhora professora foi colocada a dar apoio educativo. Apoio educativo? Por parte de alguém que, alegadamente, bate e humilha os putos? E pode?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

VÁRIAS LÍNGUAS FAZEM BEM ÀS CRIANÇAS

O investigador português na área da Neuropsicologia da Linguagem, Alberto Sousa, baseado em estudos desenvolvidos, vem mostrar as vantagens potenciais da utilização simultânea de várias línguas no processo de iniciação das crianças ao domínio da leitura e da escrita. Este trabalho vem ao encontro de outras investigações nacionais e internacionais que evidenciam resultados no mesmo sentido.
A partir deste conhecimento, alguns professores vão ter que encontrar outra justificação para antecipar dificuldades de aprendizagem a crianças pela exclusiva razão de utilizarem duas línguas, sobretudo quando uma delas é um crioulo.
Talvez se chegue à conclusão que, por exemplo, o inglês e português “fazem bem” e o português e o crioulo “fazem mal”. O problema é que, neste mundo, até as línguas têm estatuto e o crioulo não estará muito bem colocado.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

SANTANA FUTEBOL CLUBE CONTRA SÓCRATES FUTEBOL CLUBE

Mais uma vez a perplexidade. Acabei da assistir na RTP ao lançamento do grande derbi de amanhã no Estádio AR (Assembleia da República) entre Santana Lopes Futebol Clube e Sócrates Futebol Clube. Os analistas convergem. Face aos resultados dos jogos já disputados entre ambos os clubes em épocas anteriores, não é clara a tendência. É certo que não ouvi as maiores sumidades, os grandes futebolólogos Rui Santos, Gabriel Alves, Fernando Seara, Dias da Cunha e Guilherme Aguiar, mas parece que temos um grande jogo em perspectiva. De acordo com os especialistas, ambos evidenciam um futebol agressivo e viril, uma táctica de ataque permanente assente no losango, alternando com o 4-3-3 e com uma boa ocupação dos espaços no último terço do terreno. São também razoáveis nos lances de bola parada, com boa leitura de jogo e sólida cultura táctica sobretudo na utilização do fora de jogo. Revelam também alguma tendência para as “fitas” não sendo, por vezes, bons exemplos de “fair-play”. Especialistas em pressão alta, são fortes no futebol aéreo e também apresentam bom jogo de pés, Santana mais nas fintas e passe curto e Sócrates mais no jogo corrido e na resistência. É desejado por todos um bom desempenho da equipa de arbitragem chefiada por Jaime Gama que vem dos Açores. Enfim, o estádio terá as bancadas esgotadas e estão reunidas as condições para mais uma grande e equilibrada partida do futebol nacional. Assim, prognósticos… só no fim do jogo.

Só depois é que percebi que estavam a falar do início da discussão do Orçamento de Estado na Assembleia da República. Ele há coisas.

NÃO FAZ SENTIDO

Numa apressada revista da agenda, registei algumas notas do nosso quotidiano que, às tantas, me interrogaram sobre o seu sentido. Não encontrei resposta, ou seja, não fazem sentido. Ajudem-me a encontrá-lo.
A proposta de Orçamento Geral do Estado para 2008 prevê uma verba de 61.6 milhões de euros para viagens e alojamentos o que representa 18.8% de aumento relativamente a 2007. Considerando que, contrariamente ao afirmado há algum tempo, a retoma ainda não chegou, continuam tempos de contenção e já não teremos o peso da presidência da UE, isto faz sentido?
Um estudo do Instituto da Droga e Toxicodependência, revela que cerca de 40% dos toxicodependentes que consomem há mais de 10 anos, nunca fizeram tratamento. Os custos sociais e económicos deste tipo de exclusão são enormes. Em 2007 faz sentido apresentar esta ineficácia?
Segundo a Lusa, o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, ofereceu à cidade da Beira, Moçambique, um camião de recolha de lixo com 25 anos de uso e considerado sem préstimo pelos responsáveis da cidade moçambicana. Em situações de carência a disponibilidade para coleccionar antiguidades será pouca. Faz sentido esta oferta?
Em Portugal, a venda de automóveis de luxo subiu 7.5% enquanto a média da subida na UE, como sabem constituída por países bem mais pobres que nós, foi de cerca de 2%. Faz sentido?
Uma funcionária seriamente dependente, ao que parece de forma clinicamente comprovada, teve de regressar ao trabalho com ajuda de familiares devido à recusa de reforma por invalidez por parte, adivinhem, da Caixa Geral de Aposentações. Só a intervenção do Ministro das Finanças terá desencadeado a reapreciação da situação. Faz sentido?

domingo, 4 de novembro de 2007

ALUNOS SEM APOIO, OS EFEITOS DA PEC - POLÍTICA EDUCATIVA EM CURSO

Mais uma das frequentes notícias referindo a situação de alunos com algum tipo de dificuldades, designadamente necessidades educativas especiais, que a PEC – Política Educativa em Curso deixa sem apoio. Desta vez em Viseu, seis crianças com problemas severos estão impossibilitadas de frequentar a escola devido, parece, à inexistência de funcionários de apoio às situações de dependência que as afectam. Curiosamente este episódio coincide com uma ruidosa semana em que a Ministra justificou alguns discutíveis conteúdos do Estatuto do Aluno com a defesa intransigente dos princípios da Escola Inclusiva. Inclusiva? Tenham vergonha.

Ainda a propósito do novo Estatuto do Aluno, consta que de Belém se sentiu alguma inquietação com este normativo e que essa inquietação vinha da parte do Prof. David Justino, um dos assessores da Presidência para assuntos de educação. Para quem não se lembre, o Prof. David Justino foi “só” o Ministro da Educação no XV Governo e o responsável pelo Estatuto do Aluno que está em vigor., reconhecidamente inadequado e, por isso, a carecer de revisão. É assim, os PQT – Políticos Que Temos, habituam-nos a esta ligeireza de comportamento e o povo perguntará, “então esteve lá porque é que não fez?”

sábado, 3 de novembro de 2007

UM PAÍS À ESPERA

Segundo o Público, existem cerca de 380 000 cidadãos portugueses em lista de espera para uma primeira consulta. É grave, mas nada de novo, no que ao português viver respeita.
Desde 1143 que se espera um País.
Desde o Séc. XVI que se espera um salvador, ao que parece, chamado Sebastião.
Hoje toda gente espera um milagre.
Alguns, muitos, políticos esperam que o povo se distraia.
Quando chove muito espera-se um subsídio.
Quando faz calor… espera-se um subsídio.
Os putos ficam sempre à espera.
Os velhos já nem esperam.
Espera-se que o dinheiro da EU não se acabe.
Espera-se que alguém faça alguma coisa.
Espera-se que o Estado tudo resolva.
Espera-se que o Estado não trate de tudo.
Espera-se por uma justiça que tarda em justificar o nome.
Nem sei bem de quê mas… estou à espera.
O povo entretanto desespera.
PS - Os benfiquistas, como eu, continuam à espera de um título.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A NÃO ENTREVISTA À MINISTRA

A entrevista da Ministra da Educação na RTP esta noite foi um bom exemplo do mau jornalismo no que respeita a matérias específicas. A Dra. Judite Sousa que me parece boa jornalista e entrevistadora em matérias generalistas, mas obviamente desconhecedora do universo da educação, transformou os títulos da opinião publicada e os soundbytes do Dr. Portas, o Paulo, em perguntas à Ministra. Naturalmente que os soundbytes e a opinião publicada, na maioria das vezes, correspondem mais aos interesses da política mesquinha do Portugal dos pequeninos que à análise séria da política educativa numa perspectiva de defesa da qualidade da educação. Mas a quase inexistência de jornalismo especializado leva a isto mesmo.
Assim, a Ministra esteve bem na fácil desmontagem da ignorância e demagogia populista do tipo “não acha que se deve demitir?” ou “ficou incomodada com o Procurador-geral da República?”, e nós ficámos sem ouvir a Ministra sobre aspectos como, a qualidade na formação de professores, os potenciais efeitos da avaliação dos professores e das mudanças no seu Estatuto bem como o entendimento do Provedor de Justiça sobre injustiças contempladas, as mudanças nos apoios educativos que, com os critérios de elegibilidade definidos pelo Ministério, deixam sem apoio milhares de alunos, como incrementar o envolvimento e participação dos pais na vida da escola com um quadro normativo e uma organização do trabalho pouco facilitadores, a gestão dos agrupamentos/escolas, etc, etc. ou seja, o essencial.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

ANDAM DANADOS PRÁ BRINCADEIRA

Muitos jovens andam dados à brincadeira, ou como alguns preferem, a excessos próprios da juventude. Como é sabido, os meninos pequenos brincam cada vez menos uns com os outros, pois vivem no banco de trás do carro ou pulam freneticamente de actividade em actividade para ficarem “óptimos” e “excelentes” e na escola onde passam horas infindas também não brincam porque, ao que dizem, A ESCOLA NÃO É PARA BRINCAR, É PARA TRABALHAR. Por outro lado, muitos pais também não encontram tempo e/ou disponibilidade para brincar com os filhos e arranjam como baby-sitter um ecrã qualquer onde, frequentemente, se mostram umas brincadeiras muito interessantes como matar pessoas, simular atropelamentos, fazer funcionar um gang, etc. tudo altamente estimulante e inspirador.
Entretanto, os meninos vão crescendo e como já gerem o seu tempo começam a brincar utilizando todo a experiência riquíssima que foram acumulando. É vê-los a atar pessoas “fracas” a grades de janelas e como às vezes as coisas correm mal, até o brinquedo morre. É vê-los preparar carros de forma a poderem fazer na rua as corridas que durante anos ensaiaram nos ecrãs. É vê-los a bater em pessoas mais fracas e diferentes porque em grupo são muito fortes e atentos à diferença. É vê-los a inventar, usar e abusar de umas bebidas preparadas em copos pequeninos (fazem menos mal) a que chamam “shots” e que é muito giro bebê-los às dezenas, até porque "essa cena dos sumos é pa meninos". É vê-los junto a uns jardins-de-infância chamados discotecas a brincarem “à porrada” para aquecer a noite. É vê-los a brincar (recuperando e velho Monopoly) aos empresários com dinheiro a sério e esperar, como alguns, que quando correr mal o papá pague.

São uns curtidos, danados para a brincadeira. Mas olhem, são jovens, deixem-nos brincar em grandes porque em pequeninos não tiveram oportunidade e a vida não está para coisas sérias.