AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 30 de março de 2008

PORTUGAL DOS PEQUENINOS

Notas soltas (onde é que eu ouvi isto) ou as escolhas (esta também já ouvi) do escriba sobre o Portugal dos Pequeninos.
Com o ar mais sério do mundo, o Action Man do PSD diz que há uma crise de autoridade que gera os problemas nas escolas. Certo. O Sr. Jerónimo Sousa diz que a preocupação do Presidente com o mesmo assunto e que o leva a chamar a Belém o Procurador-geral é insuficiente para resolver o problema. E eu a achar que sim. O Dr. António Borges, destacado militante do PSD, acha que o Dr. Menezes à frente do partido é um lapso. Isto também deve ser crise de autoridade. O mesmo Dr. Borges afirma que o Estado cancelou negócios com o seu Banco devido a críticas suas ao Governo. O Ministro Pinho diz que não tem ideia de que isso tenha acontecido. Certo. O Dr. Jaime Gama, essa figura frenética da democracia portuguesa que ainda há algum tempo comparou Alberto João a Bokassa, obviamente devido à finura do seu trato e ao altíssimo nível da sua praxis democrática, aproveitou uma ida à Madeira para elogiar a “obra ímpar” desse “modelo de democrata” que é o … Alberto João.
E a gente cá vive. Mas às vezes reconfortamos a alma. Ver o rosto do Engenheiro com as lágrimas quase, quase a saltar ao entregar mais um computador a um jovem deficiente, é daquelas cenas que … … desculpem, preciso de mais um lenço. Quase me fez esquecer a forma incompetente como muitos meninos com deficiência são tratados pela política deste ME.

À ATENÇÃO DO INTER DE MILÃO

A história da Terrorista do Telemóvel está a chegar ao fim e o fim-de-semana foi marcado pela ida de José Mourinho para o Inter, ao que consta por um salário anual a rondar os 10 milhões (sim 10 milhões) de euros. Como acho obsceno e acredito nas virtudes da concorrência como regulador do mercado, proponho-me desempenhar as mesmas funções por bastante menos dinheiro. No sentido de me tornar uma hipótese credível aqui deixo à atenção dos responsáveis do Inter algumas notas programáticas que mostram a minha profundíssima competência para a função (esta já é à Mourinho).
Modelo Táctico – A grande estratégia assenta na procura da bola quando está com o adversário e a sua manutenção quando em nosso poder, assumindo naturalmente como objectivo “numero uno” marcar mais um golo que o adversário. Como filosofia de jogo implantaria um losango basculante nos movimentos verticais. Recorreria à pressão alta, à ocupação distendida dos espaços e à criação de linhas de passe. Os movimentos ofensivos assentariam em estratégias de envolvimento pelas laterais com movimentações cruzadas no último terço do terreno. Os lances de bola parada ocupam um espaço fundamental no meu modelo de jogo embora continue sem perceber muito bem como é que com a bola parada se marcam golos.
Equipa – O grupo de trabalho será constituído por unidades de excelente compleição física, inteligentes, com boa visão periférica tecnicamente evoluídos embora com margem de progresso, bons leitores de jogo, com inteligência táctica e com elevados níveis de motivação.
Enquanto treinador do Inter não exigirei o tratamento de “speziale uno”, ganharei naturalmente o scudetto, proponho-me dar algumas lições gratuitas aos outros treinadores e apenas vestirei roupa de griffe italiana. Procurarei ainda que, pelo menos uma vez por semana, os telejornais abram com declarações minhas.
Podem contactar-me por este mail embora não possa obviamente garantir que ainda esteja disponível.

sexta-feira, 28 de março de 2008

ALÉM DO PILHÃO

Segundo o Público em 2007 bateu-se o record de pilhas recolhidas nos pilhões, 19 milhões. É obra. Embora ainda tenhamos que progredir a marca merece registo pelo impacto ambiental que representa. Esta preocupação com o ambiente constitui-se como caução do futuro e, por isso, parece-me importante que estas práticas, recolha dos materiais inúteis, já fora de prazo ou com defeito e a sua posterior reciclagem se generalizem. Nesse sentido aqui deixo algumas sugestões.
Politicão – recipiente destinado à recolha de políticos inúteis, incompetentes, fora de prazo e eticamente desqualificados;
Alunão – recipiente para recolha de alunos com demasiadas negativas, problemas de comportamento e portadores de telemóveis;
Autarquilhão – recolha de autarcas corruptos e incompetentes;
Professorão – recipiente destinado à recolha dos professores que chumbarem na avaliação promovida pelo ME;
Paisão – recipiente destinado à recolha de pais incompetentes, negligentes e que deixam os filhos levar telemóvel para a escola.
A lista não ficaria por aqui, o ambiente agradece e … I think to myself what a wonderful world.

A BIRRA

Era uma vez um miúdo, o Francisco, com três anos e pouco. Vivia com o pai Daniel, a mãe Maria, a irmã Joana e a avó Jacinta, muito velha e que às vezes inventava histórias esquisitas. Como muitas famílias naquela terra, saíam muito cedo de casa e voltavam já tarde. O Francisco para a o Jardim de Infância, a Joana para a escola e tempos livres, o pai e a mãe para o trabalho e a avó para o centro de dia dos reformados. Quando chegavam a casa, o pai Daniel lia o jornal na sala, a mãe Maria dava banho ao Francisco e fazia o jantar, a irmã Joana fazia os trabalhos de casa e a avó dormia sentada no sofá e, no meio do sono, inventava histórias. Para despachar o Francisco davam-lhe jantar primeiro e depois ele entretinha-se a brincar, só, enquanto o resto da família jantava a olhar para a televisão por causa de uma telenovela.
Um certo dia, o Francisco resolveu fazer uma birra das grandes para comer a sopa do jantar. A mãe Maria depois de cantar todas as cantigas que sabia, desesperou e chamou o pai Daniel que para entreter o Francisco fazia macaquices, veio também a irmã Joana que trouxe a playstation dela para o Francisco ver. Até a avó Jacinta se levantou do sofá e contava histórias antigas. E começaram a ser assim muito animadas as horas de jantar do Francisco, todos os dias.
Só ele sabia que com a birra conseguia que a família estivesse junta à volta dele.

quinta-feira, 27 de março de 2008

O FALADOR E O RESERVADO

Era uma vez dois homens que viajavam num comboio. Como sempre acontece, um era mais falador e o outro mais reservado. Logo que a viajem se iniciou o Falador começou a falar da terra donde vinha. É linda, limpa e bem tratada pelas pessoas. Os miúdos brincam na rua e nos parques quando saem da escola e os velhos olham por eles. Sempre que alguém precisa de alguma coisa, os vizinhos ajudam. As pessoas trabalham, praticamente todas porque quase não há desemprego, os salários são razoáveis o que contribui para a sua qualidade de vida. Quando as pessoas estão doentes obtêm consultas e tratamentos com alguma facilidade. A terra tem teatro, cinema e o museu e biblioteca estão abertos aos fins-de-semana e sempre com gente. As pessoas que governam a terra preocupam-se com o bem-estar dos habitantes. Quando surge alguma dificuldade perguntam opinião às pessoas para poderem considerar os seus interesses … … … e o Falador sempre, sempre, a falar da terra donde vinha.
Entretanto o comboio entrou na última estação e o Reservado pensou para consigo, “Acho que tenho de o acordar, adormeceu logo que a viagem começou".

BOAS E MÁS NOTÍCIAS

Comecemos pelas boas notícias. O grupo parlamentar do PS vai apresentar uma proposta legislativa que pretende alterar o quadro legal do processo de divórcio. Entre outras alterações, é proposto o encurtamento de prazos, o desaparecimento da figura de “violação culposa” e institui-se o regime conjunto das responsabilidades parentais, excepto quando o interesse dos filhos o exija. Vamos no bom caminho. Face ao bom resultado na redução do défice, o Governo decidiu baixar o IVA em 1% passando para 20%. Embora seja preciso tempo para aferirmos do real impacto da medida no bolso dos cidadãos (não só nas empresas) é de saudar a decisão, a que certamente as eleições não serão estranhas. Só não percebo é a estranheza, faz parte das práticas políticas de todos os governos. Ou ando distraído ou a FENPROF, pela primeira vez desde há muito tempo, apresentou publicamente um conjunto de propostas que estão para lá das questões profissionais dos professores. É certo que é uma estrutura de natureza sindical mas, a reflexão dos problemas da educação para além do professor, neste caso o problema da indisciplina e violência na escola, é certamente um contributo para o reforço da imagem pública dos professores e das suas organizações. Um dia destes conversaremos sobre as propostas.
As más notícias. O Provedor de Justiça insiste, de novo, na discriminação de cidadão com deficiência ou doença grave citando o acesso ao crédito à habitação ou a contratação de seguros. Refere mesmo que nem a CGD, tutelada pelo Estado, cumpre a legislação. Está mal. Finalmente, nem naquele tempo que os pais muito desejavam, o sono dos filhos para tranquilidade de ambos, podemos estar descansados. Então não é que até os pijamas das criancinhas podem ser perigosos. Já nada é seguro.

quarta-feira, 26 de março de 2008

O Dr. LEMOS EXPLICA

O Dr. Lemos, naquele seu entendimento, já um clássico, de que a realidade está enganada e ele, obviamente, está certo, conclui, em declarações à TSF também referidas no Público, (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1323601) que os problemas sentidos nas escolas vêm de fora e que as escolas têm meios para resolver os problemas. Claro. Aliás, as escolas só experimentam dificuldades para, num exercício de masoquismo, testarem as suas competências e meios. Às vezes corre um bocadinho mal mas, lá está, é porque as escolas, os professores, são incompetentes, porque têm, naturalmente, condições para resolver as situações e está na sua mão. E os destinos da educação também estão nas mãos do Dr. Lemos. Não merecíamos.

O HOMEM QUE PERDEU A PACIÊNCIA

Era uma vez um Homem que estava sentado num banco de jardim. Já não era novo e parecia com um ar triste e abatido. Era o único banco à sombra e nele se sentou uma Pessoa que se foi inquietando com a tristeza suspirada pelo Homem. Já preocupado interpelou-o com um neutro “Que tal vai a vida?”. O Homem, como se apenas esperasse por um pretexto, falou, do fundo, “Perdi-a, tantas vezes que esteve quase, agora perdi-a. Tanto que me ajudou, sempre comigo, no bonito e no feio, no leve e no pesado, na tristeza e na alegria e agora perdi-a. Veio comigo desde sempre, sempre ao meu lado, sempre um amparo que não falhava. Quando as coisas pareciam mal, lá vinha ela e o mundo já me parecia melhor. Uma vez, que ela quase se foi, foi um desespero. Mas ela voltou. Tínhamos as nossas zangas, mas sabe como é, quando somos mesmo amigos as zangas também passam. E agora, perdi-a definitivamente. Não sei como vou viver sem ela”.
A Pessoa já solidária, “E como se chamava a sua companheira perdida?”.
Paciência, disse o Homem.

terça-feira, 25 de março de 2008

SÁBIOS DE PUTOS SÁBIOS

Era uma vez, estavam dois miúdos num parque, um desses sítios que algumas terras têm para os mais pequenos brincarem. Não havia muita gente. Os miúdos, às tantas, rebolavam no chão um bocado engalfinhados.
Passou um médico e pensou que eles talvez se magoassem porque aquelas brincadeiras podem ser perigosas.
Passou um antropólogo e pensou como ainda provavelmente se realizam lutas simbólicas por territórios, apesar das mudanças culturais.
Passou um pai e pensou como era possível que as crianças estivessem ali sozinhas nos dias que correm.
Passou um professor e pensou como seria mais útil que estivessem a ler algo de interessante.
Passou um sociólogo e pensou como desde cedo se procura hierarquizar as relações sociais.
Passou um psicólogo e pensou como começa a ser tão frequente o bullying.
Passou um padre e pensou como os padrões morais que regem os comportamentos se alteram e a violência se instala.
Passou outro miúdo e perguntou “Estão a brincar a quê?”. Responderam os outros, “Às lutas, também queres brincar?”, “Quero”.
E ficaram três miúdos a rebolarem-se no chão um bocado engalfinhados. E felizes.

ÉS O QUE TENS

Retomo um assunto que aqui já tenho abordado mas que hoje volta também a ser referido pela imprensa. Durante o último ano, o crédito malparado, dívidas não satisfeitas, aumentou 15,6%. Este valor verifica-se na área do crédito ao consumo e é bem superior ao que se verifica na área do crédito à habitação.
Mais do que um problema económico também importante, estamos sobretudo perante uma questão de valores. Estes tempos são demasiado permeáveis à ideia de “somos o que temos” ou, de outra maneira, “para ser tenho que ter”. Este entendimento começa cedo, as crianças querem o brinquedo que todos têm, os adolescentes querem a roupa que todos usam e o telemóvel que todos têm e os adultos querem aquele plasma, aquele gps, aquelas férias, aquela roupa, aquele carro, aquele casamento dos filhos (agora dificultado com a cobrança de impostos), aquela mobília, etc. Curiosamente, de forma genérica, todos achamos que não somos exactamente assim, mas o SER de muitas pessoas está excessivamente dependente deste TER, tudo e já. Num país de baixo rendimento salarial a consequência óbvia é o recurso ao crédito e à mínima dificuldade sobrevém o incumprimento.
Creio que seria importante que, de mansinho, tentássemos, quando possível, se possível, contrariar este trajecto que, seguramente, irá deixar muitas famílias em situações muito delicadas.

segunda-feira, 24 de março de 2008

O VENDEDOR

Era uma vez uma terra. Daquelas que já foram grandes, agora têm pouca gente e parecem condenadas ao fechamento. Uns chamam-lhe desertificação, outros dizem que é o futuro. Quem lá mora, ainda, gosta mais da terra mas tem medo. Como todas as terras, aquela também era visitada por vendedores que substituíam as lojas que já fecharam e as lojas que nunca abriram. Com o tempo, também os vendedores foram deixando de vir. Apenas se mantinha um que, sem falhar, todas as semanas aparecia num carrinha velha que apitava à entrada da terra. As pessoas ouviam a carrinha, juntavam-se no largo, falavam com o vendedor, conversavam entre si, não pareciam comprar nada e voltavam tranquilamente à sua vida quando a carrinha partia. Apenas se ouviam alguns comentários que diziam “Enquanto este vendedor vier, a terra nunca se acaba”. E era sempre assim. A um estranho, a situação pareceria invulgar.
Um estranho não poderia saber que aquele vendedor vendia sonhos. Bonitos e tão baratos que pareciam dados.

CASAMENTO E IMPOSTOS NO PORTUGAL DOS PEQUENINOS

Acabou-se. Portugal deixou definitivamente de fazer parte do grupo de países com níveis significativos de evasão e fraude fiscal. É certo que ainda temos situações que quase passaram despercebidas ao Governador do Banco de Portugal, como as contas offshore do BCP e outras habilidades de gestão em que a banca é especialista. Mas essas situações devem-se sobretudo à miopia e a um estado de crónica anemia na actividade de regulação que se espera do Governador e são praticamente irrelevantes. Verdadeiramente significativo, arrasador da economia e factor inultrapassável de compromisso da retoma é evasão fiscal no negócio casamenteiro. Vai daí, a máquina fiscal (adoro esta designação) escreve aos recém-casados e quer saber tudo. Quantos convidados, é importante a separação entre adultos e crianças, que ofertas, onde foi o copo-d’água (antes fosse um copo de água), quem forneceu, que custo, como é que os noivos foram para o casamento, teve música ou não, quanto custou, quem pagou, etc. Desculpem, já me esquecia das flores e das fotografias e, claro, do vestido, sim, é preciso saber quem pagou o vestido, e como. Não vi referência ao custo do senhor padre, em casamentos religiosos, nem às actividades dos recém-casados nos dias a seguir o que também me parecia importante, pois de todo labor o estado deve cobrar imposto. De registar que todas as despesas referenciadas e pagas devem ser acompanhadas do respectivo comprovativo de pagamento.
Feliz o País que chega a este patamar de preocupações. Pode eventualmente acontecer que, como reacção, as pessoas deixem de se casar e o fisco, que penaliza os contribuintes casados, veja as contas furadas. Pode acontecer que o Papa alerte para o forte risco de diminuição dos casamentos. Pode acontecer que voltemos aos casamentos caseiros com a negativa consequência neste cluster de negócios. Pode acontecer uma pressão acrescida sobre a ASAE na fiscalização da qualidade dos casamentos feitos clandestinamente, em más condições, de baixa qualidade e, portanto, de previsível fracasso. Deve ser legal, deve ser importante, mas também é uma boa peça na perseguição ao contribuinte. Esta gente não se enxerga.

domingo, 23 de março de 2008

10 NOTAS SOBRE O INCIDENTE DO TELEMÓVEL

Permitir que um telemóvel toque na sala de aula é indisciplina, Insultar, humilhar, confrontar fisicamente uma professora é um comportamento pré-delinquente ou delinquente. Andou mal a Ministra ao falar de indisciplina.
A indisciplina escolar é matéria de competência da escola e matéria de responsabilidade de toda a comunidade, incluindo os pais, naturalmente, e todas as figuras com relevância social, por exemplo, não se riam, políticos e jogadores de futebol.
A pré-delinquência e delinquência entre crianças e jovens são um problema da comunidade de que a escola é PARTE da solução mas não A solução.
O Estatuto do Aluno, qualquer que seja, é um regulador, melhor ou pior, mas nunca A solução e, pela mesma razão, nunca A causa.
Todas as figuras sociais a que se colam traços de autoridade, por exemplo, pais, professores, médicos, polícias, idosos, etc. viram alterada a representação social sobre esses traços. Dito de outra maneira, o facto de ser velho, polícia, professor ou médico, já não basta, só por si, para inibir comportamentos de desrespeito.
Do anterior resulta que, falar da restauração da autoridade dos professores, tal como era percebida há décadas, é uma impossibilidade porque os tempos mudaram e não voltam para trás. Pela mesma razão não se fala em restaurar a relação pais – filhos nos termos em que se processava antigamente.
Um professor ganha tanta mais autoridade quanto mais competente se sentir. A grande questão da avaliação dos professores deveria ser entendida como ferramenta do seu desenvolvimento profissional. É também importante reajustar a formação de professores. As escolas de formação de professores não podem “ensinar” só o que sabem ensinar, mas o que é necessário ser aprendido pelos novos professores.
Um professor ganha tanta mais autoridade quanto mais apoiado se sentir. O Ministério da Educação não pode desenvolver políticas que socialmente deixem o professor desapoiado. As escolas devem poder usar a sua autonomia para desenvolver dispositivos de apoio, por exemplo, a existência de outros técnicos e a utilização regular de dois professores em sala de aula. Não é necessário aumentar o número de professores, é imprescindível que os recursos sejam geridos de outra maneira.
Escolas organizadas, com cultura institucional sólida traduzida na adequação e consistência dos seus projectos educativos e com lideranças eficazes são mais organizadoras dos comportamentos de quem nelas habita, como qualquer outra organização.
A repetição ad nauseam do vídeo “A luta pelo telemóvel”, os discursos avulsos de responsabilização e a utilização do incidente para política de baixo nível é o pior serviço que se pode prestar à nossa educação cívica.

sexta-feira, 21 de março de 2008

DE ONTEM

(Foto de João Teixeira Lima)
Uma estação que imagino encerrada.
Um relógio que imagino parado.
Um comboio que imagino vazio.
Um jornal que imagino de ontem.
Uma vida que imagino vivida.
De ontem.

A MIÚDA DO TELEMÓVEL E O AUTARCA ACELERA

Volto ao que habitualmente afirmo perante casos desta natureza. Utilizando uma terminologia que vai com a época, existem cenas nas escolas que são infernais, mas as escolas não são o inferno que algumas vozes afirmam.
De qualquer forma e do meu ponto de vista, o episódio da luta pelo telemóvel que está a chocar o país e o facto do Vice-presidente da Câmara de Gaia ter sido apanhado a mais de 180 km/h e mostrar-se incomodado com a actuação da BT, são dados do mesmo problema. Podem decidir proibir, mais uma proibição, o telemóvel na escola. Até concordo, mas não resolve. Há anos que o limite de velocidade é de 120 Km e, o Dr. Marco António ultrapassava-o sabendo, certamente, que é proibido.
Enquanto não entendermos todos, mesmo todos, que a questão é de valores e gestão dos limites, resta-nos aguardar pelo próximo episódio e muita fé nos nossos brandos costumes, que, aliás, até estão cada vez menos brandos.
Mas estamos na Páscoa, época de redenção e esperança.
PS – Estou com curiosidade de saber o que acontece ao (ir)responsável que permitiu na RTP1 que as imagens do incidente na escola do Porto, fossem passadas no Telejornal das 20h sem protecção de anonimato. Detesto dizer isto, mas continuo a achar que tenho razão. São dados do mesmo problema.

quinta-feira, 20 de março de 2008

O PROFESSOR QUE CONTAVA HISTÓRIAS DE ADIVINHAR

Era uma vez um professor, bom, já não era bem um professor porque, sendo velho e tendo havido alguém que se esqueceu de o mandar embora, ainda vinha todos os dias para escola só para contar histórias aos miúdos, dizia ele. Não tinha família que por ele esperasse, esperava ele que os alunos viessem às histórias quando não tinham aulas a sério. E eles vinham. As histórias que contava eram estranhas, passavam-se sempre no futuro. Falavam de pessoas que os miúdos haveriam de conhecer, das coisas que haveriam de fazer, das terras onde haveriam de ir, das coisas que iriam aprender, de coisas difíceis que iriam encontrar, de coisas muito bonitas e, às vezes feias, que iriam acontecer, enfim, a partir do que eles já sabiam, mostrava-lhes o que ainda desconheciam. Era assim como se fossem histórias de adivinhar e os miúdos gostavam.
Eles só não sabiam que o professor velho, de vez em quando, em vez de ir para casa onde não tinha ninguém, ia num instante espreitar o futuro. Assim podia ajudá-los a chegar lá.

PORTUGUESES EM FUGA PARA AS CARAÍBAS, BRASIS E ALGARVES

Parece que os portugueses se deslocaram em massa para as Caraíbas, Brasil e, claro, para os Algarves. Sabendo que a vida das famílias, de uma forma geral, não anda fácil, fico sem saber de que é que os portugueses fogem ou de que vão à procura. Quanto ao que procuram, falam de sol e praia. Sair de Portugal para procurar sol e praia não dá para acreditar. Assim sendo só podem mesmo ir a fugir.
Daqui do meu Alentejo e ao olhar para a imprensa percebo algumas coisas que podem dar vontade de zarpar. A RTP1 abre o seu noticiário com um vídeo devastador de um gravíssimo incidente numa sala de aula entre uma professora e uma aluna a quem tinha sido tirado o telemóvel. A cena foi filmada pelos colegas e posteriormente divulgada. Para cúmulo, o vídeo foi apresentado sem tratamento de imagem que impedisse a identificação dos intervenientes. Minutos depois o balbuciante José Alberto Carvalho gaguejou um atrapalhado pedido de desculpas. Os protestos face ao encerramento de serviços de saúde não param. Excertos do debate de ontem na Assembleia da República mostraram o elevado nível que habitualmente os caracteriza. Ouvi uma figura de opereta chamada Rui Gomes da Silva, do PSD, a perorar sem se perceber muito bem o que dizia mas a dizer mal do PS. Dois vice-presidentes da Câmara de Gaia foram apanhados a 183 Km/h. Ficaram aborrecidos com a BT.
Não fosse estar aqui no meu Alentejo e poder desligar a televisão ainda ia procurar um avião para as Caraíbas, ou para onde fosse.

quarta-feira, 19 de março de 2008

OS PORTUGUESES E O AMBIENTE

Depois de uma jornada que já vai longa, com paragem em Tomar e chegada ao meu Alentejo, já com o lume de chão aceso e uma valente chuvada a cair, lembrei-me de um estudo hoje divulgado, segundo o qual o ambiente é a segunda preocupação dos portugueses depois da segurança. É verdade, é uma sensação que a rua nos transmite, que o estudo valida e que solicita alguns comentários. Em primeiro lugar, parece-me razoável aglutinar as duas preocupações, pois a insegurança não deixa de ter a sua ligação com o mau ambiente que por aí vai. Por outro lado, tenho para mim que as preocupações ambientais dos portugueses não são com essas minudências do aquecimento global, a qualidade da água, a poluição ou outro pormenor qualquer. As preocupações centrar-se-ão mais no ambiente que o Menezes, o Bota, o Ribau e o Lopes estão a criar no PSD, no ambiente que a Ministra da Educação promove nas escolas, no ambiente excessivo de purificação da ASAE, no mau ambiente que o desemprego cria nas famílias, no mau ambiente que o fechamento compulsivo de serviços produz nos cidadãos, no mau ambiente que a história do casino cria no CDS-PP, no mau ambiente que vai no Glorioso Benfica, etc.
Se calhar pensavam que os portugueses são um povo subdesenvolvido sem preocupações ambientais. Tem e não são poucas.

PAI EM SEGREDO

Pai,

Trouxe esta prenda para ti lá da escola. Já a tenho há alguns dias porque este ano estamos de férias no Dia do Pai. Desculpa lá, mas é outra vez a mesma coisa dos outros anos. Desta vez até está mais bem-feita. A professora nova diz que nós somos descuidados, pediu à empregada para ir com a gente para o recreio e acabou ela as nossas prendas para o Dia do Pai. Não sei porquê mas temos sempre que fazer assim. Sabes uma coisa? Um dia a professora perguntou se os nossos pais brincavam com a gente. Eu disse que nós os dois não brincamos muito mas estamos sempre a falar. Ela riu-se e disse que isso também é brincar. Eu já sabia.
O que ela não sabe é que a gente fala muito mesmo que tu estejas nesse lugar muito alto, para onde a mãe diz que foste quando morreste. Mas isso é um segredo. Agora vou brincar e tu ficas a ver, as férias estão quase a acabar. Pai, depois lembra-me de te contar uma história muito engraçada que aconteceu à minha amiga Joana.

terça-feira, 18 de março de 2008

A TOLERÂNCIA DO GOVERNO

O Governo em geral e o Primeiro-ministro em particular são recorrentemente acusados de discursos e procedimentos da maior arrogância e intolerância. Como é evidente, estas acusações, caluniosas e injustas, não passam disso mesmo, calúnia e injustiça. É o que dizem os Drs. Vitalino Canas e Jorge Coelho, lúcidos e inteligentes analistas da obra governamental. Mas de facto, temos agora a prova da tolerância do Governo. O Primeiro-ministro despachou a existência de tolerância de ponto na tarde da próxima 5ª feira, véspera de feriado, para os funcionários da Administração. É bem-feita para calar os que estão sempre clamar contra a intolerância do Governo. Estou com curiosidade de conhecer as sempre imprescindíveis opiniões dos grandes líderes sindicais do sector, o eterno Bettancourt Picanço e a zangada Ana Avoila. Grande Engenheiro, assim é que é, atire-lhes com mais umas tolerâncias, mesmo que seja de ponto. E mais nada.

O MENINO QUE TINHA MEDO DE CRESCER

Era uma vez um miúdo, o Manel, que gostava muito de brincar. Tinha sete anos, já andava na escola e sentia-se um bocadinho zangado pois achava que tinha pouco tempo para brincar. Estava de manhã até à noite a fazer coisas na escola, coisas que não eram de brincar, chamavam-lhe actividades. Não percebeu bem porquê mas os adultos foram deixando de brincar com ele. O pai dizia, “Estás a crescer, tens de fazer os trabalhos”. A mãe dizia, “Prepara-te, quando fores grande a vida é a sério”. A professora dizia, “Não podes brincar, assim não progrides”. E toda a gente achava que ele não podia brincar porque “tinha que se preparar para a vida”. Bom, toda a gente não, o avô do Manel, que ele só via nas férias e no Natal, ainda brincava com ele e contava-lhe histórias de rir.
De mansinho o Manel começou a assustar-se com a ideia de crescer e já não brincar. Decidiu pois que não crescia. E continuou a fazer sempre o que os pequenos fazem, a falar o que os pequenos falam e até parecia que pensava o que os pequenos pensam. Ficou um menino estranho e triste. Toda a gente preocupada e sem entender. Uma vez, de visita ao avô puseram-se os dois a olhar para os bonecos e carros de cana que construíam nas férias. O avô falou, “Manel, toma bem conta destes bonecos e destes carros. Quando cresceres vais ensinar os miúdos pequenos a brincar com eles e a fazer outros”. O Manel estranhou e perguntou, “Mas quando crescer, ainda posso brincar e fazer brinquedos?”. Disse o avô, “Claro, é mesmo uma das coisas mais importantes que tens para fazer quando fores grande”.
O Manel perdeu naquele minuto o medo de crescer.

segunda-feira, 17 de março de 2008

ESCOLAS ABERTAS NAS FÉRIAS

Iniciou-se hoje o período das férias escolares que decorrerá até 30 de Março. Com este período surge um sério problema aos pais. Que fazer com os meninos? Existe pouca oferta e é cara.
Sem nada pedir em troca aqui vai uma sugestão. Dá-se um novo ímpeto ao famoso programa Escola a Tempo Inteiro, tão do agrado da Ministra e do presidente da CONFAP e mantêm-se os alunos nas escolas. Os meninos pior não ficam. É certo que os professores, estando em interrupção lectiva, não assegurarão actividades o que até nem é mau em muitas situações. As Câmaras contratam, como é costume, mão-de-obra barata que garanta o entretenimento às criancinhas e com meia dúzia de tostões lá teremos mais uns números “bonitos” para as estatísticas tão caras ao ME. Já estou a ver a cara feliz do Dr. Lemos a anunciar que 98% das escolas do país já têm os meninos durante as férias e que o próximo objectivo da Política Educativa em Curso é a abertura das escolas ao fim-de-semana.
Pensem nisso, os putos já estão por tudo.

O VELHO QUE FICOU DONO DO TEMPO

Era uma vez um velho, muito velho, já para lá do tempo, mesmo dos velhos. Toda a gente lhe dizia que já não era o tempo dele e dele já não era o tempo.
O velho zangava-se com estas falas pois achava que lhe queriam roubar o tempo, tudo o que lhe restava. De tanto ouvir, já pensava seriamente em partir deste tempo. Enquanto emprestava tempo à ideia lembrou-se de, quando se despedia das pessoas, dizer “Até amanhã. Se eu quiser”. Estranhamente, começou a notar que a gente foi deixando de falar do tempo dele e até já havia quem lhe oferecesse tempo. Esperto como os velhos percebeu.
As pessoas julgavam que ele era Deus. Ainda hoje assim pensam e o velho ficou, finalmente, dono do tempo.

domingo, 16 de março de 2008

SUPREMA JUSTIÇA

Segunda nota de optimismo deste Domingo. O Supremo Tribunal de Justiça recusou aplicar a dois casos distintos de violação e abuso sexual de menor, a figura de crime continuado resultante da mudança no Código Penal e que tanta polémica deu. Foi entendimento do Tribunal a prática de vários crimes dirigidos à mesma pessoa e, em consequência, determinou o aumento das penas. Talvez o Ministro da Justiça perceba a necessidade de alteração do Código antes dos dois anos que considera necessário experimentar.

O SIMPLEX NA ACÇÃO POLÍTICA

Ai está o SIMPLEX na acção política. O Governo, para simplificar e optimizar a excelência da sua acção, encarregou o Dr. Jorge Coelho e o Dr. Vitalino Canas de preparar uma proposta que permita, mantendo um quadro de aparente democracia, eliminar as críticas, internas e externas. As críticas, sempre sem fundamento, só atrapalham e atrasam o ímpeto reformista, além da poluição sonora que cria um problema ambiental. Também inspirada pelo SIMPLEX, a Ministra da Educação introduziu a figura da avaliação simplificada dos professores, ou seja, as escolas farão o que puderem, como puderem, simplificando processos e dispositivos. Pode parecer uma política à deriva, finge que anda para a frente mas anda para trás, mas não, chama-se flexibilidade.
Convertido ao SIMPLEX também parece o Action Man Menezes do PSD. Primeiro, os militantes podem pagar quotas em dinheiro até às eleições. Agora, proporá a abolição das quotas. Parece assim mais simples a promoção do caciquismo, a sindicalização dos votos e a manutenção de quem já detém o poder no partido. Calúnias dos críticos do costume, sempre as críticas, pois o objectivo é … não percebi, perguntem ao Action Man.
Uma nota de optimismo moderado. O Presidente da República devolveu ao Governo o Decreto-lei que transfere para os municípios jurisdição sobre os terrenos da orla marítima que até aqui estava com as autoridades portuárias. Vamos a ver o que dá. Mas entre os Projectos PIN aprovados pelo Governo e as urbanizações sobre as falésias permitidas pelas Autarquias, venha o diabo e escolha.

sábado, 15 de março de 2008

NEM NO DIA DO CONSUMIDOR

Dia 15 de Março, Dia Mundial dos Direitos do Consumidor. Estive no meu Alentejo a consumir energia, isto é, a acabar a limpeza das oliveiras, a traçar a lenha grossa para a lareira e a queimar a lenha miúda. O mestre Marrafa queria que se fizesse picão com a queima da lenha miúda. Um dia destes explico-vos o que é o picão.
Como sou “noticiodependente” com a noite vieram os telejornais. E no dia do consumidor levei com uma “overdose” de auto-elogios do Primeiro-ministro no comício do PS que não teve nada a ver com a manifestação de sábado passado. Esta última semana tem sido assim. Não consegui acompanhar bem, mas fiquei com a ideia que o Governo, só em três anos, já tinha reformado tudo quanto havia a reformar e resolvido tudo quanto era problema, menos um. Não tinha sido capaz de arranjar uma oposição a sério, pois o Action Man Menezes e Menino Guerreiro Lopes não se organizam, gritava o Dr. Jorge Coelho, e os outros não contam. Acho que o Governo devia também reformar o PSD. Esta gente continua a não entender as dificuldades do dia-a-dia do cidadão consumidor.
Nota. Para alguns o que vou dizer não significa rigorosamente nada. Para outros, os mais velhos, pode soar estranho, mas estava a ver e ouvir excertos do discurso do Engenheiro e veio-me à memória o famoso discurso de Almada do então Primeiro-ministro Vasco Gonçalves, um modelo de discurso alucinado sobre a realidade.

sexta-feira, 14 de março de 2008

A MENINA QUE NUNCA TEVE UM BOM

Era uma vez uma menina chamada Maria. Tinha 11 anos e não era muito bonita. Há meninos que não são. A Maria também não era muito boa aluna, os colegas tinham sempre melhores notas que ela. E até se esforçava. Às vezes tinha dúvidas, os professores ajudavam, mas como era pouco tempo ainda ficava sem saber algumas coisas. Queria e tentava fazer os trabalhos de casa, mas o pai e a mãe não sabiam ajudar porque tinham andado na escola pouco tempo e o irmão era mais novo. A Maria era uma miúda triste. Um dia a directora de turma perguntou-lhe porque assim estava quase sempre. Escondida atrás de uns olhos grandes, esses sim, muito bonitos mas tristes disse baixinho: “Eu nunca tive um bom, nem sequer um bom pequeno. Gostava tanto de ter um”. Umas aulas depois a professora avisou, como sempre, que ia haver teste. A Maria, como sempre, ficou assustada. Depois de o fazer, achou que tinha corrido bem. Quando a professora devolveu os trabalhos a Maria viu escrito em letras gordas, bom, GRANDE. Os olhos que já eram grandes, ficaram maiores, até ela se sentia mais crescida. Os pais contaram aos vizinhos.A Maria, podia não ter sempre notas tão altas como outros colegas, mas já tinha tido um bom. Um bom grande, aquele bom grande. A professora também ficou grande. Amiga

UM PAÍS À BEIRA DO DIVÓRCIO

Segundo o INE, o divórcio em Portugal aumentou 89% entre 1995 e 2004. Trata-se de um número significativo e um indicador robusto sobre as mudanças que, de forma mais ou menos perceptível, vão ocorrendo no nosso quadro de valores.
Este dado reflecte apenas e naturalmente, os divórcios familiares. Seria interessante tentar pesquisar os números relativos ao divórcio dos portugueses:
Da ideia de que o futuro será melhor que o presente;
Da confiança nas instituições;
Da confiança nas lideranças que nos dirigem;
Da participação e envolvimento cívicos;
Da preocupação com o bem comum;
De nós próprios.
E de todas as outras coisas da nossa vida de que, sem querer e sem dar por isso, nos vamos afastando, divorciando, com a vertigem e a miragem de que vamos ter tudo quando temos nada, correndo o risco, numa perspectiva mais depressiva, de ficarmos condenados ao nada no meio de tudo.

quinta-feira, 13 de março de 2008

NOTÍCIAS DO PORTUGAL DOS PEQUENINOS, OS COVEIROS CORRUPTOS

Há algum tempo que não me referia ao Portugal dos Pequeninos. Esta história merece. Onze coveiros da Câmara de Lisboa estão acusados de corrupção por receberem dinheiro de empreiteiros, para quem angariavam trabalhos de arranjo e manutenção de sepulturas. Abordavam familiares de defuntos e sugeriam a realização desses trabalhos que intermediavam por 10 €
O negócio da corrupção em Portugal bateu no fundo. Os coveiros?! Por 10 €?! Arranjo das sepulturas?! Assim não vamos lá. A ASAE que nos acuda, esta corrupção não tem qualidade.
Na linha da construção de um país de empreendedores e com capacidade competitiva tão defendida pelos nossos governantes, os coveiros deveriam começar mais cedo e mais eficazmente. Em entendimento com as Agências Funerárias, deveriam promover boas campanhas publicitárias junto dos ainda vivos, oferecendo, a preços concorrenciais, excelente tratamento estético ao corpo, boas sepulturas e velórios bonitos, bem frequentados e com figurantes que assegurassem expressões de luto e perda, com catering e estacionamento incluído. Posteriormente e já com uma sólida base comercial é que entrariam os serviços de manutenção das sepulturas agenciados com os empreiteiros. Como fizeram não vão lá, já não é aceitável num país da União Europeia em 2008. Proponho que, no âmbito do Programa Novas Oportunidades os coveiros tenham acesso a Formação Profissional, capazes de os projectarem para melhores e mais rentáveis níveis de corrupção.

O ACTION MAN DO PSD

O homem avisou, não lhe ligaram, agora parecem admirados. O Dr. Menezes disse há tempos que, quando fosse Primeiro-ministro, desmantelava o Estado em seis meses e, por isso, enquanto espera que o Engenheiro caia da cadeira, vai treinando com o PSD. O Action Man pensou em dividir a história do partido em duas eras, AM e DM (antes de Menezes e depois de Menezes) e naquela febril actividade que caracteriza os homens que fazem o mundo avançar, começa pelo tunning ao partido, laranja já foi (era AM), azul já é (era DM) e muda-se a simbologia. Depois dos símbolos os processos. Pagamento de quotas em dinheiro vivo é que é (DM) porque isso de controlar a origem e o pagador são coisas do passado (AM) e não permitem que as bases participem, dando votos a quem lhes pagar as quotas no dia das eleições, por exemplo. Depois dos símbolos e dos processos, as pessoas. Primeiro, o Action Man faz-se acompanhar de figuras de opereta como o Ribau, um rapaz que num discurso explicava como se deve fazer para namorar uma “gaja boa como o milho” ou o Mendes Bota conhecido entertainer e organizador de jantares. Depois tenta enrolar o menino guerreiro, o Dr. Santana Lopes dando-lhe a liderança parlamentar comprando a sua lealdade. Não percebe que na primeira curva o menino guerreiro lhe oferecerá uns lindos patins. Para completar a obra começa o que o Pacheco Pereira chamou de purga. Figuras que discutam, contestem ou, simplesmente, pensem é para ir andando na era DM. Vai o António Capucho e mais o Pacheco. Vai o Rui Rio e mais o Aguiar Branco. E assim sucessivamente. Agora digam que o Action Man não treina o desmantelamento, por isso ... foge Portugal que o Menezes anda atrás de ti.

quarta-feira, 12 de março de 2008

O TEMPO

(Foto de Peter m)
Esperem por mim,
vem lá o tempo.
Não quero ficar só,
quando o tempo chegar.
Tenho medo do tempo,
Não sei o que traz dentro.

O DR. CANAS, UM POLÍTICO EMIGRADO

Não há volta a dar e devo-vos desculpas. Oiço o Dr. Vitalino Canas, o porta-voz do dono, perdão do PS e fico perplexo, sem saber se rir do humor negro, se corar de vergonha, se chorar de tristeza. O homem, ao referir-se aos três anos de Governo do Dono, acha que todos os objectivos a que o Governo e o Partido se propuseram foram alcançados e entende ser uma “perda de tempo” referir algo que tenha corrido menos bem. Mas esta figura viverá em Portugal? Quando abre os olhos verá um bocadinho mais que o retrato do Engenheiro ou a sua própria imagem? Que ouvirá para além das intervenções do Engenheiro?
Alguns pormenores, certamente perda de tempo. O Dr. Canas achará que não mas existem milhares de cidadãos sem médico de família. O Dr. Canas achará que não mas a justiça em Portugal é uma … injustiça e lenta. O Dr. Canas achará que não mas o desemprego aumentou. O Dr. Canas achará que não mas em Portugal o fosso entre os mais ricos e os mais pobres é vergonhosamente alto. O Dr. Canas achará que não mas os níveis de confiança dos portugueses baixaram. O Dr. Canas achará que não mas temos significativas bolsas de exclusão. O Dr. Canas achará que não mas as famílias estão dramaticamente endividadas, etc. O Dr. Canas é um pobre que o Dono manda ser feliz.
Mais uma pequenina nota. Repararam na imagem deprimente ontem passada na comunicação social em que um cidadão com deficiência motora envolvido num julgamento no Tribunal de Abrantes, foi ouvido na rua pelo juiz, advogados e testemunhas, porque com a cadeira de rodas não pode aceder ao edifício do tribunal. O cidadão ria-se, talvez do hábito, agradecendo estar bom tempo e lamentou a situação, eu tive vergonha. Outra perda de tempo este pormenor não é Dr. Canas?

terça-feira, 11 de março de 2008

SANTANA LOPES, O PENSADOR

Mesmo quando as coisas não andam de forma a que nos sintamos animados e optimistas, aparece algo que nos põe bem dispostos com a vida.
Em comemoração dos dois anos de vida de uma entidade chamada “Clube dos Pensadores” o menino guerreiro, o Dr. Santana Lopes, foi lá pensar. Acho logo extraordinário a existência de uma coisa chamada clube de pensadores, designação nada provinciana e deslumbrada. Depois, o Dr. Lopes a pensar o país. Ele esquece-se que o país que já lhe disse que não queria ser pensado por ele. Mas um menino guerreiro tem que ser persistente e sabem o que ele pensou para o país? “O país não está de tanga, está de fio dental”. De um nível e rigor inultrapassáveis para não falar do fino recorte literário. Ditosa pátria que tais pensadores tem.
Juro que não é má vontade, até me divirto.

ESPERA

(Foto de Pedro n s Ramos)
À espera do nada,
que tarda nunca, penso,
na lembrança do pouco,
que tantas vezes foi tanto. Resta,
o sonho que se esquece,
sempre. Tive.
Paciência de mais,
vida de menos.
À espera do nada,
que tarda nunca.

segunda-feira, 10 de março de 2008

UM DISCRETO PROVEDOR

Procuro ser um cidadão razoavelmente atento ao que se vai passando no burgo e, por regra, tento acompanhar a maior parte da imprensa de circulação nacional. Certamente por ignorância de que, numa atitude ao encontro da época pascal, me penitencio, desconhecia a existência da figura do Provedor do Trabalho Temporário. Curiosamente esta função é desempenhada pelo Dr. Vitalino Canas, porta-voz do PS e primeiro escudo e atirador face a qualquer crítica ao Governo e ao Engenheiro. Sabemos todos que o trabalho temporário é algo que afecta milhares e milhares de portugueses pela insegurança decorrente da precariedade nas relações laborais. Neste contexto e existindo um provedor do Trabalho Temporário, esperaria um discurso presente, assertivo na defesa da segurança e dos direitos das pessoas. Nunca tinha ouvido qualquer intervenção do senhor sobre esta matéria. Qual não é o pois o meu espanto quando oiço na Antena 1 o boy que tem esse Job, o Dr Canas, dizer que “desconfia” que existe muito trabalho temporário fora da lei e das estatísticas e que vai estar disponível um manual sobre o Trabalho Temporário, certamente de leitura obrigatória nos cursos do Programa Novas Oportunidades. É notável. Um Provedor desconfia? Um provedor não desconfia, age dentro das suas competências. Mesmo que incomode o dono.

O CAMINHO

(Foto de Pedro Moreira)
- Para onde?
- Para lá.
- Por onde?
- Saberás.
- Só?
- Com a gente.
- Onde começo?
- Aqui.
- Quando?
- Agora.
- Como?
- Sendo.
- O quê?
- Grande.
- Depressa?
- De pé.
- Até lá.

domingo, 9 de março de 2008

UM NÃO TEXTO

Hoje não vou escrever um texto para o atentainquietude.
Por isso não vou falar da irrelevante, nas palavras da Ministra, manifestação que terá mobilizado perto de dois terços dos professores portugueses e da necessidade de separar política educativa de políticas laborais.
Por isso não falo do caldeirão em ebulição em que a escola está transformada e dos efeitos nos alunos, poucos, apenas perto de um milhão e meio.
Por isso não falo da alucinada reacção do Ministro Santos Silva em Viseu, com um argumentário que já não ouvia há muitos anos, com afirmações que num país a sério exigiriam, no mínimo, desculpas e não um disparatado “fiz uma leitura pessoal da história”.
Por isso não me refiro à desorientação, populismo e hipocrisia com que a generalidade dos políticos, sobretudo os que, durante mais ou menos tempo, já exerceram funções governativas, se refere aos problemas que afectam a maioria dos portugueses.
Amanhã talvez encontre algo de interessante que dê corpo a um textinho. Espero.

sábado, 8 de março de 2008

UM DIA NO FEMININO

A história tem páginas curiosas. Hoje escreve-se uma delas. Numa sociedade em que o género ainda é factor de discriminação negativa, no Dia Internacional da Mulher, 100 000 docentes, na sua maioria mulheres, protestam contra a política dirigida por uma mulher. Entre as razões para o protesto figuram “tratamento indigno”, “medidas ofensivas e desrespeitadoras”, “humilhação”, etc. Segundo os relatos, muitas destas mulheres protestam na rua pela primeira vez. Será que os tempos estão mesmo a mudar? Já o velho Dylan dizia que sim.

sexta-feira, 7 de março de 2008

BEM HAJA SENHORES DA PSP

Desde ontem a comunicação social não deixa de referir reacções à alegada visita de agentes da PSP a escolas de Ourém e a orientações recebidas no sentido de se saber o provável número de professores que participarão na manifestação de amanhã e a forma como se deslocarão. A generalidade das referências é de natureza negativa criticando fortemente a iniciativa. Não percebo porquê. Uma polícia que cumpre a sua missão cívica de forma eficaz deve preocupar-se com a segurança do cidadão. É pois perfeitamente natural que se queira saber quantas pessoas se deslocam e como o fazem. Acho até que deveriam saber quem são as pessoas que vêm à manifestação. Saber se precisam de serviços de babysitter para as crianças quando ambos os progenitores se manifestam, se haverá estacionamento para todos, se não se verificam congestionamentos de trânsito que comprometam a pontualidade dos participantes, se acautelaram a deslocação realizando um seguro de viagem, quais são as palavras de ordem a utilizar para aferir da sua qualidade linguística bem como avaliar a qualidade gráfica de cartazes, tarjas ou bandeiras, etc, etc.
Se bem repararem quando se realizam as grandes peregrinações a Fátima, e porque obviamente mobilizam mais pessoas, a PSP percorre sempre todas as paróquias do país no sentido de obter o mesmo tipo de informações sobre os peregrinos. Provavelmente não damos por isso porque as pessoas da fé são mais discretas e não referem na imprensa os enternecedores cuidados da PSP ou de quem a tutela.
Finalmente, é também é verdade que os professores são gente que, de tanto lidar com os alunos, podem não se portar bem e é preciso que a autoridade esteja atenta. Por isto tudo, bem haja PSP.

quinta-feira, 6 de março de 2008

GORDINHOS, MALTRATADOS E A PÉ

Segundo o relatório da Amnistia Internacional, em Portugal teremos 4 vítimas por dia de crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, o que inclui violação e abuso de crianças, jovens ou dependentes. As vítimas, maioritariamente femininas, são frequentemente menores e isto acontece num país onde, a toda a hora, se fala do supremo interesse da criança.
Dados recentes, informam-nos que somos, depois da Itália, o país da Europa com a maior taxa de obesidade infantil, que já se constitui como um sério problema de saúde pública. Há dias, vi um extremoso papá proporcionar ao querido filho, de cerca de 9/10 anos, um excelente e saboroso pequeno-almoço composto de uma latinha de coca-cola e três salgados.
Estudos da Agência Europeia do Ambiente dizem que Portugal é o país da Europa em que menos se anda a pé ou de bicicleta, certamente, porque o nosso nível de riqueza não permitirá hábitos assim tão poucochinhos.
Poderá parecer que estas coisas estão desligadas mas creio que tudo depende da qualidade da nossa educação, do que chega ao miúdo, na escola, em casa e na comunidade. Bem podem os professores, com alguma razão, protestar contra as políticas que lhes são dirigidas, mas o contrato ético que cada comunidade estabelece com cada criança que nasce, não pode deixar de ser cumprido. Ficamos sem futuro.
PS – finalmente parece haver vontade de introduzir algum imprescindível bom senso na imprescindível acção da ASAE.

quarta-feira, 5 de março de 2008

PARTIDOCRACIA

Segundo uma sondagem do Correio da Manhã e Aximage, 62.6% dos portugueses acham que o actual sistema partidário não tem reforma. Considerando o nosso habitual cenário político o número até me parece simpático. Se a questão colocada “Pessoalmente, concorda ou discorda da opinião de que o nosso sistema partidário já deu o que tinha a dar”, se a referisse políticos em vez de partidos, creio que a apreciação seria bem mais negativa. De qualquer forma, a sondagem fornece um bom indicador de como o cidadão está cansado e descrente da partidocracia em que se transformou a nossa vida política. A intervenção cívica fora do enquadramento partidário é difícil, não é estimulada e os partidos, genericamente, são organizações fechadas, envolvidos na luta por poderes, pessoais ou institucionais, em que se debatem pessoas e não ideias, projectos e o bem comum. Em termos práticos, os partidos, sobretudo os do chamado “arco do poder”, são basicamente um aparelho e um sindicato de interesses que administra a concessão de favores ou lugares a troco de fidelidades e cumplicidades.
Não será por acaso que as diferentes organizações profissionais promotoras da manifestação de professores a realizar sábado próximo, estão a afirmar repetidamente a rejeição da presença dos partidos nessa iniciativa.
O grande problema, e aqui estou pessimista, é que não vislumbro a possibilidade de mudanças breves neste quadro.

O CAMPO DE TÉNIS, A PISCINA E A MARQUISE

Foi publicado um novo Regime Jurídico da Urbanização e Edificação. Entre outros aspectos, o novo diploma agiliza e redefine as exigências relativas à necessidade de autorização camarária para intervenções nos edifícios. Sendo de saudar esta simplificação processual, fiquei muito decepcionado com uma questão. Um cidadão para construir uma piscina ou um campo de ténis na sua propriedade não precisa de licença camarária porque são equipamentos lúdicos e ainda bem que assim é. No entanto, um outro cidadão, fortemente endividado, sempre com a Euribor e o Spread a ameaçarem o orçamento familiar, quer fechar a varanda do seu T 3 sacrificadamente adquirido e precisa de autorização. Está mal. Por várias razões. Em primeiro lugar a questão estética. Os alumínios em cores e formas variadas ficam lindamente em qualquer antiga ou moderna fachada urbana. Depois por questões de economia, ou seja, o cidadão do T 3 precisa de ganhar um espaço em casa onde coloque o divã para a sogra, ou um quartinho para o filho mais velho dormir sozinho ou ainda uma sala com uma televisão e um sofá onde, de forma lúdica, veja descansado o Glorioso e para isto tem que ter uma autorização. Não está certo. Finalmente por uma questão de justiça uma vez que o cidadão que tem tempo livre pode, sem dar cavaco, construir a piscina ou o campo de ténis e o cidadão que quase não tem tempo para descansar, precisa de autorização para acrescentar meia dúzia de metros quadrados cobertos à sua humilde casinha. Parece-vos bem?

terça-feira, 4 de março de 2008

O ENCANTO PELOS NÚMEROS

Certamente por coincidência, numa altura em que se verifica forte contestação a alguns aspectos da PEC (Política Educativa em Curso), a máquina do Ministério da Educação tem publicado alguns dados sobre o desempenho do Sistema Educativo. Entendo que uma correcta análise da realidade e um adequado processo de decisão exigem a recolha e estudo do universo de dados que melhor a suportem sendo a estatística uma ferramenta imprescindível a esse trabalho.
Mas cuidado, a estatística não é a realidade. O relatório da Inspecção-geral de Educação hoje publicado e os números relativos ao sucesso escolar divulgados há uns dias mostram indicadores favoráveis. Óptimo, no entanto, não devem ser vistos de forma encantada e deslumbrada. As escolas mais pequenas (menos de 10 alunos) estão quase todas fechadas. A que preço em algumas situações? Aulas dadas em más condições, transportes não adequados, alternativas com pior qualidade, etc. As actividades de enriquecimento curricular e prolongamento do horário chegaram a 96% das escolas do 1º ciclo. E a qualidade dessa actividades? E a inexistência de recursos humanos com formação ajustada para esse trabalho? E os efeitos potenciais da presença na escola mais de 8h por dia para muitas crianças? Aumento significativo do ensino profissional. E que se sabe da qualidade dessa formação tal como se coloca no famoso Programa Novas Oportunidades. Abaixamento muito significativo do insucesso no ensino secundário. Talvez seja interessante relacioná-lo também com o desaparecimento de alguns exames, produtores de insucesso.
O encanto pelos números é perigoso. Tanto quanto os produtos, interessam os processos.

segunda-feira, 3 de março de 2008

A ESPANHA, AS FRALDAS E A POLÍTICA À PORTUGUESA

Uma primeira nota de preocupação. No último ano aumentou mais de 40% o número de portugueses que residem em Espanha. Mau, vão deixar-me cá sozinho. Não é que não possa entender este desejo ou necessidade de mudar de ares (e não só por que os ares até nem são dos piores), mas se não nascem mais crianças, se os velhos vivem mais tempo e os do meio se vão embora quem é que irá para o Programa Novas Oportunidades receber computadores e encher a estatística?
Segunda nota. As fraldas descartáveis representam um sério problema ambiental pois uma criança nos dois ou três primeiros anos de vida usará cerca de 5000, uma tonelada, e as fraldas em aterro demoram cerca de 500 anos a degradar-se restando a incineração ou, hipótese mais recente, a reciclagem própria. A situação, já grave, piorará quando alguém se lembrar de, também em nome do ambiente, sugerir a utilização de fraldas a quem, e há muita gente, faz mais merda do que devia.
Por falar em política, como ontem antecipei, o grande porta-voz do dono, o Dr. Vitalino Canas, já veio capitalizar politicamente o apoio que o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais deu à PEC (Política Educativa em Curso). Vou estar atento para, daqui a algum tempo, assistir ao último capítulo deste relacionamento.
E não vou para Espanha.

domingo, 2 de março de 2008

TERNURAS

Foi bonito. Em Gondomar, a Senhora Ministra da Educação e a sua obra foram fortemente elogiadas pelo inenarrável Major Valentim Loureiro e pelo eterno Dr. Albino Almeida, o Presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais. Não sei o que terá pensado a Senhor Ministra, mas nos tempos que correm uma palavrinha de apoio será sempre bem-vinda embora a única que lhe interesse verdadeiramente seja a do Engenheiro. Ainda assim, é de uma ternura enorme ver, que me lembre pela primeira vez, um presidente da Confap apoiar na generalidade as políticas educativas de um governo, logo deste que parece mais obcecado com números e estatísticas que com a qualidade da educação e o bem-estar dos alunos, de todos os alunos. Estranho? É a política estúpido. Quanto ao apoio do Major, juro que não é preconceito, mas é, pelo menos, embaraçante e, além disso, foi de bom gosto, com referência a árbitros e tudo.
De verdadeiramente importante é o continuado nível de insucesso e abandono escolar ainda existente no país ainda que com ligeiro abrandamento. No ano que passou e considerando a escolaridade obrigatória, a taxa foi de 10% e o abaixamento de 0.6%, cerca de 5 000 alunos face aos 108 500 ainda em situação de insucesso e abandono. Isto é uma tragédia.