AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O JOGO DAS MENTIRAS

 Uma tarde destas, num dos poucos dias em que não tinham actividades de férias, o Manel e o primo, o João, aproveitavam para brincar que é uma coisa interessante para fazer nas férias quando dão tempo para isso aos miúdos. Estavam na casa do João e para variar do que tinham estado a fazer, o Manel, que gosta de ter ideias, lembrou-se de inventar um jogo. Cada um contava uma história pequena e o outro tinha que descobrir se era uma mentira ou uma história verdadeira.

Com a experiência e a imaginação dos oito anos o jogo foi ganhando animação e o Manel e o João esmeravam-se na criação dificultando o trabalho do outro, tornando extremamente equilibrado o resultado do jogo.

A certa altura entrou no cenário o Pai do João que, perante a animação e a estranheza da tarefa, quis perceber de que actividade se tratava.

Entusiasmados os miúdos explicaram e como é habitual nestas alturas o Pai quis entrar no jogo. Quase em coro o Manel e o João recusaram liminarmente e o Pai pediu-lhes uma explicação para a recusa.

O Manel, com um ar sério, disse que os adultos estão muito mais habituados a inventar mentiras que parecem verdades do que os miúdos. Assim o jogo não era equilibrado, não era justo.

O Pai do João ficou com a ideia de que tinha acabado de ouvir algo que não era propriamente um elogio.

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