Inicia-se amanhã o processo de candidatura ao ensino superior. Como sempre tenho feito nesta altura deixo umas notas sobre esta questão.
O processo que agora se inicia
envolve uma primeira decisão que estará tomada e me parece de sublinhar, aceder
a formação de nível superior. É uma decisão importante e positiva.
Contrariamente ao que tantas vezes se ouve, não somos “um país de doutores”, antes
pelo contrário, no contexto europeu ainda é necessário elevar a média de
cidadãos com formação superior.
Coloca-se então a escolha do
curso e as dúvidas que podem envolver essa decisão embora muitos dos que se vão candidatar já tenham
definido a sua opção.
Para esta escolha a questão mais
colocada pode ser assim enunciada, os jovens deverão seguir a sua motivação e
interesses ou a escolha deve obedecer ao conhecimento do mercado de trabalho,
isto é, nível de empregabilidade, estatuto salarial e saídas profissionais tão
abordadas pela imprensa nesta altura?
Para muitos de nós,
provavelmente, a resposta será fácil, seja num sentido ou no outro. Alguns
dirão que cada jovem deve, obviamente, seguir o seu desejo, o seu gosto, só
assim se realizará. Ideia romântica e sem noção da realidade que corre o sério
risco de desembocar no desemprego, dirão outros, para os quais a escolha deve
ser racional, pragmática, realista, o jovem deve procurar uma formação que lhe
garanta, tanto quanto possível, saída profissional e para isso deve "estudar"
o mercado e assim proceder à escolha. Os primeiros acharão que este
entendimento pode levar a um risco de frustração e desencanto que podem
instalar-se em quem "faz o que não gosta".
Na verdade, não será fácil a
escolha para muitos jovens a que acresce, frequentemente, a pressão familiar ou
de outras pessoas para a "escolha acertada".
Dito isto, sou dos que entendem
que cada um de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o
permitirem, a sua narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também
nos ensina que é preciso estar atento aos contextos e às condições que os
influenciam, sabendo ainda a volatilidade e rapidez com que hoje em dia a vida
acontece e a rápida variabilidade dos mercados de trabalho.
Nesta perspectiva, parece-me
importante que um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode
representar nas actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, a faça
assente na motivação ou no projecto de vida que gostava de construir e, então,
informar-se sobre as opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade
a que pode aceder para se qualificar. A plataforma Infocursos, entre várias
outras fontes, pode ser uma ajuda.
Finalmente, do meu ponto de
vista, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em situações de maior
constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto fulcral.
Na verdade, o que frequentemente
me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua
formação superior, assumindo logo aqui uma atitude pouco
"profissional", cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. A
formação académica é mais do que um título que se cola ao nome, é um
imprescindível conjunto de saberes e competências que sustentam um projecto de
vida pessoal e profissional com melhores perspectivas de sucesso.
Mesmo em áreas de mais baixa
empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus
exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e
preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar
nesse "longínquo" mercado de trabalho.
Dito de outra maneira, maus
profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou
mais fechado.
Boa sorte e boa viagem para todos
os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
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