O texto de Paulo Prudêncio no Público, “A escola, os certificados e o monstro burocrático” merece leitura atenta. Talvez se possa considerar uma reflexão sobre um outro lado da escola quase que unicamente acessível aos profissionais que nela diariamente prestam funções, o peso do excesso de burocracia. Tal excesso é esbanjador de esforços, empenho e competências dos professores sem ganhos significativos para a qualidade dos processos educativos escolares.
A sua leitura fez recordar-me de como
em múltiplos contactos e conversas com professores são recorrentes as
referências à burocracia que continua a inquinar o trabalho de toda a gente. O
recurso exaustivo às novas tecnologias, através de múltiplas plataformas parece
ter-se integrado no problema e não representa um contributo sólido para
agilização de processos e eficiência
Já há algum tempo aqui escrevi
como seria desejável que o trabalho a desenvolver, os conteúdos envolvidos, os
dispositivos em utilização, a organização de tempos e rotinas, etc., tivessem
como preocupação a simplificação. Professores, técnicos. alunos e famílias
ganhariam. Esta simplificação deveria incluir a avaliação e registos. Seria
positivo que, tanto quanto possível, se aliviasse a pressão “grelhadora” a que
habitualmente escolas e professores estão sujeitos.
Não é por registar, muito,
registar tudo, aliás, nunca se regista tudo pelo que não vale a pena insistir,
que o trabalho melhora e o desperdício é grande.
Como é evidente, este apelo à
simplificação não tem a ver com menos rigor, qualidade, intencionalidade
educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes
pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e recursos, alunos,
professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme que todos têm que
realizar e estão a realizar.
Sempre que falo desta questão
recordo-me do Mestre João dos Santos, quando dizia, cito de memória pelo privilégio
de ainda o ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de
forma simples, é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos
produtivo e muito mais desgastante.
Talvez valesse a pena tentarmos
esta via de mais simplificação. As circunstâncias já são suficientemente
complicadas.
REINO DE BABEL – O KEBAB DOCENTE
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