AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

RANKINGS ESCOLARES E TRANSPARÊNCIA


Ainda uma nota sobre os rankings escolares.
Como escrevi há uns dias apesar de continuar com dificuldade em defender a sua bondade não tenho uma atitude fundamentalista face à sua construção, sobretudo considerando a evolução que se tem verificado nos últimos anos, quer na disponibilização de informação por parte do ME para além dos “meros” resultados da avaliação externa, quer na forma como essa informação é tratada e divulgada por diferentes entidades.
Tenho também a dúvida expressa por Gil Nata e Tiago Neve do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da U. do Porto (Público) que num texto no Público de sábado passado. “Assim, passados 20 anos, a pergunta impõe-se onde estão as evidências de que a publicação dos rankings tenha contribuído para a melhoria do sistema educativo?”
Na defesa dos rankings recorre-se regularmente à importância da transparência pelo que importa o conhecimento que permitem.
A questão da transparência referida no contexto dos rankings escolares parece-me um equívoco.
Não tenho a mínima dúvida em defender que a informação relativa aos resultados escolares e sobre os processos educativos nas diferentes escolas e agrupamentos incluindo as características sociodemográficas deve ser divulgada dentro do quadro legal da protecção de dados, como é óbvio. Estes dados são certamente úteis para estudo e análises de natureza diferenciada.
Os rankings, nas suas diferentes tipologias, são “apenas” mais uma forma de trabalhar a informação disponibilizada criando ordenações e hierarquias que, do meu ponto de vista, terão uma utilidade limitada e servem para alimentar mais equívocos e assimetrias.
Dito de uma forma mais simples, disponibilizar informação robusta sobre a educação e o trabalho e resultados é transparência e importa que aconteça, usar essa informação para criar listas ordenadas, independentemente da sua pertinência ou qualidade relativa não tem rigorosamente a ver com transparência, é outra questão que, naturalmente, merece discussão mas não com a argumentação da transparência.
Até à próxima época, lá para final de Janeiro de 2020.

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