AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 23 de fevereiro de 2019

“E SE LHE DISSEREM QUE OS RECREIOS MAIS AMIGOS DA CRIANÇA SÃO AQUELES MENOS PROTEGIDOS?”


A Teresa Campos tem um trabalho na Visão online com o sugestivo título “E se lhe disserem que os recreios mais amigos da criança são aqueles menos protegidos?”
A peça desenvolve a ideia que tantas vezes aqui e na intervenção profissional tenho defendido, os estilos de vida e os espaços que muitas crianças frequentam são pouco amigáveis do seu desenvolvimento e em diferentes dimensões. Já muitos especialistas falam, por exemplo, de iliteracia motora nas crianças por falta de experiências promotoras de desenvolvimento e competências nesta área. Nas crianças com necessidades especiais esta situação é ampliada pelas representações, expectativas e e receios decorrentes da sua condição o que também inibe a participação em experiências essenciais para promoção de competências.
A jornalista tem a gentileza de citar uma das minhas recorrentes afirmações, “educar é ajudar alguém a tomar conta de si próprio e isso aprende-se fazendo. Se as crianças nunca fazem ...”. A peça acentua a pouca utilização de equipamentos e espaços exteriores, a superprotecção das crianças quando estão nestas circunstâncias que inibe a experimentação, o teste de competências e limites e, naturalmente, o desenvolvimento da sua autonomia. Sabemos que existem riscos, devem ser controlados, mas as crianças precisam de se exercitar também na gestão desses riscos.
Como também defende Mário Cordeiro também na Visão, em papel, “As crianças vivem com excesso de vigilância”.
Como ainda há pouco tempo aqui escrevi, só miúdos autónomos, autodeterminados, informados e orientados sobre os riscos e as escolhas serão mais capazes de dizer não ao que se espera que digam não e escolher de forma ajustada o que fazer e como fazer ou pensar em diferentes situações do seu quotidiano. Este entendimento sublinha a importância de em todo processo de educação, logo de muito pequeno, em casa e na escola, se estimular a autonomia dos miúdos.
Creio que este entendimento está pouco presente em muito do que fazemos em matéria de educação familiar ou escolar e para todos os miúdos.
Todos beneficiariam, miúdos e adultos.

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