AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

DO PERFIL DOS ALUNOS PARA O SÉC. XXI

Ainda a propósito do “Perfil dos Alunos para o Séc. XXI””, documento que se encontra em discussão pública, algumas notas e pequenas dúvidas.
Entrei para o universo da educação há 57 anos, estávamos ainda no Séc. XX. Há 40 anos, ainda no Séc. XX assumi com a maior motivação uma carreira no mundo da educação que tem passado por instâncias diferenciadas e se mantém até hoje, já Séc. XXI.
Este caminho longo permite-me dizer que quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam saber utilizar diferentes textos e linguagens pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam saber aceder a informação e saber comunicar pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam aprender a relacionar-se, a interagir e a cooperar pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam aprender a raciocinar e a resolver problemas pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam desenvolver pensamento crítico e pensamento criativo pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam ser autónomos e com formação pessoal adequada pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam aprender a promover o seu bem-estar e saúde pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam desenvolver sensibilidade estética e artística pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam aceder ao saber técnico e domínio de tecnologias pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam ter consciência e domínio do corpo pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que de se deveriam desenvolver projectos interdisciplinares promovendo a articulação e integração de conteúdos de diferentes disciplinas pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que se deveria promover a educação para a cidadania e a formação cívica pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os testes não deveriam constituir a única forma de avaliação pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que deveriam ser valorizadas as diferentes disciplinas e equilibradas as suas cargas horárias pareceu-me bem.
Bom, o caminho tem sido o que conhecemos e chegados ao Séc. XXI cá estamos com uma nova formulação destas intenções. Mais uma vez … parece-me bem.
Tenho algumas pequenas dúvidas de que deixo alguns exemplos.
Tudo isto será desenvolvido com que calendário e metodologia de mudança?
Tudo isto será desenvolvido com que estabilidade e perspectiva de consistência no tempo?
Tudo isto será desenvolvido com que organização curricular, conteúdos e cargas horárias, por disciplina e globais?
Tudo isto será desenvolvido com que quadro de autonomia?
Tudo isto será desenvolvido com que dimensão das turmas e das escolas? Eu sei que nem todas são excessivamente grandes mas algumas são.
Tudo isto será desenvolvido com que ajustamento em práticas, capacidade e recursos de promover diferenciação para acomodar a diversidade dos alunos e promover um menor peso dos manuais no trabalho de alunos e professores?
Tudo isto será desenvolvido com que modelos e dispositivos de avaliação de alunos, professores e escolas?
Deixem lá ver, como diz o Velho Marrafa lá no Alentejo.

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