Era uma vez um homem, chamava-se
Frio. Nada acontecia à sua beira que lhe causasse uma pontinha de emoção. A sua
cara mantinha-se completamente impassível perante o acontecimento mais
dramático, como no meio da mais contagiante alegria. Permanecia impávido.
Era, naturalmente, uma pessoa com
poucos amigos, ninguém aprecia alguém que não se emociona, nunca. Vivia só,
dificilmente alguém partilharia a vida com uma pessoa inexpressiva.
Um dia, o Frio estava no parque a
ler o jornal e um miúdo pediu-lhe para o ajudar a arranjar a corrente da
bicicleta que tinha saltado. Meio a medo e impassível como sempre, o Frio
ajudou o miúdo, que em seguida o desafiou para jogar à bola com os amigos dele
porque faltava um para fazer equipas certas. O Frio aceitou, de mansinho primeiro,
de forma mais empenhada depois. Acabou por se envolver no jogo com os miúdos,
de uma forma como nunca se tinha envolvido em nada na sua vida.
Passado algum tempo, no sítio
onde estava juntou-se uma poça de água. O Frio tinha finalmente descongelado.
E curioso como tantas vezes os
miúdos mostram um enorme poder anticongelante.
Muito gosto em conhecer o seu espaço em forma de comentário, Zé Morgado. E obrigada pela "História do Homem Frio", que gostei bastante de ler. Despretensiosa como só as histórias com muito significado sabem ser.
ResponderEliminarObrigado, passe os olhos por outras histórias no Atenta Inquietude.
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