Depois da confirmação por parte do Governo
brasileiro do adiamento da obrigatoriedade do Acordo Ortográfico para 2016, surge
agora a tomada de posição da Sociedade Portuguesa de Autores no sentido de
manter a norma ortográfica antiga e uma carta aberta ao Ministro Nuno Crato
pedindo a revogação do AO com base num conjunto de argumentos absolutamente
pertinentes.
Felizmente, a questão do Acordo Ortográfico
permanece viva e enquanto assim for continuarei a afirmar a minha discordância.
Gostava de acreditar que esta decisão do Brasil fosse um contributo para que se
pudesse reconsiderar este processo incompreensível e para muita gente
insustentável.
Neste quadro, enquanto a questão não estiver
definitivamente encerrada retomo, e retomarei, a minha breve e não técnica
reflexão sobre o que me parece estar em causa e expresso teimosamente o meu
profundo desacordo com o Acordo. Embora já o tenha feito várias vezes, entendo
que a defesa da Língua Portuguesa, nas suas várias e importantes variações, o
justifica.
Do que tenho lido e ouvido, nada me tem
convencido da sua bondade ou necessidade. Entendo que as línguas são estruturas
vivas, em mutação e isso é importante. Neste cenário, é clara a necessidade de
ajustamentos, por exemplo, a introdução de palavras novas ou mudanças na grafia
de outras o que não me parece sustentação suficiente para o que o Acordo
Ortográfico estabelece como norma. Já estou cansado do argumento da
“pharmácia”quando se pode verificar que em todos os países, e são muitos, em
que o termo tem a mesma raiz, a grafia é com “ph” e nada de muito grave
acontece. A introdução ou mudança na grafia tem acontecido em todas as
latitudes e não tem sido necessário um Acordo com os conteúdos bizarros,
alguns, que este contém.
Por outro lado, a grande razão, a afirmação da
língua portuguesa no mundo, também não me convence pois não me parece que o
inglês e o castelhano que têm algumas diferenças ortográficas nos diferentes
países em que são língua oficial, experimentem particulares dificuldades na sua
afirmação, seja lá isso o que for. De facto não tenho conhecimento da
perturbação e do drama com origem nas diferenças entre o inglês escrito e
falado na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas isto dever-se-á, certamente, a
ignorância minha e à pequenez irrelevante daquelas comunidades anglófonas. O
mesmo se passa entre a comunidade dos países com o castelhano como língua oficial.
Por outro lado, a opinião dos especialistas não é
consensual, longe disso, temos regularmente exemplos disso mesmo, e eu sou dos
que entendem que em todas as matérias é importante conhecer a opinião de quem
sabe. Aliás, é interessante analisar a natureza da argumentação dos
especialistas favoráveis ao Acordo. Algumas vezes assenta, sobretudo, no porque
sim, porque é novo. É pobre.
Neste quadro e como sou teimoso vou continuar a
escrever em desacordo até que o teclado me corrija. Nessa altura desinstalo o
corrector que venha com o acordo e vou correr o risco de regressar à primária,
ou seja, ver os meus textos com riscos vermelhos por baixo de algumas palavras,
os erros.
Não é grave, errar é humano.
No entanto, como toda gente, não gosto de errar,
pelo que preferia continuar a escrever desacordadamente.
Nas minhas mensagens acrescento sempre: - Eu e o meu computador continuamos a gostar muito do acordo ortográfico anterior. Faça como nós, use-o!
ResponderEliminarCaro Zé Morgado,
ResponderEliminarComo primeiro subscritor da carta, agradeço a referência à mesma.
E ainda a coloco aqui:
http://fr.scribd.com/doc/119430003/Carta-a-Min-Educ-Nova
e a possibilidade de subscrição, que, se se chegarem às 4 000, serão convertidas em petição, já não ao Ministro mas à AR, tendo por base o texto da carta. Agora que foi constituído Grupo de Trabalho para o acompanhamento da aplicação do AO, o tempo é de assestar todas as armas até ao abate do monstro.
https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dG13TnlWRk10UXd0cDJvZTViS0picWc6MQ#gid=0
Encorajo-o a subscrever, e a divulgar!
Bem-haja
Rui M. Duarte